Categoria Geral  Noticia Atualizada em 27-02-2008

Unicamp transforma RNA em nova arma .
T�cnica que usa mol�cula-irm� do DNA reduziu infec��o do parasita da doen�a em cobaias.
Unicamp transforma RNA em nova arma .
Foto: Reprodu��o

Uma das t�cnicas mais recentes e promissoras da biologia molecular pode dar um golpe certeiro numa velho problema de sa�de p�blica: a esquistossomose. Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp) usaram a interfer�ncia de RNA, uma forma simples e r�pida de "desligar" genes, para atacar o parasita da doen�a em estudos com camundongos.

O resultado, embora preliminar, � animador: a t�cnica conseguiu diminuir em quase 30% a infec��o pelo verme Schistosoma mansoni nos roedores. "As coisas andam muito rapidamente nessa �rea. � uma nova classe de drogas que agora podemos aplicar ao problema, e existem muitos caminhos para tentar melhorar esse desempenho", disse ao G1 Tiago Campos Pereira, pesquisador do Departamento de Gen�tica M�dica da Unicamp e um dos autores do estudo. O trabalho deve ser publicado numa edi��o futura da revista cient�fica "Experimental Parasitology".

"A vantagem [de lidar com a interfer�ncia de RNA] � que estamos lidando com drogas cujo mecanismo de a��o � conhecido, e que podem ser projetadas de forma racional. N�o estamos mais trabalhando �s cegas, por tentativa e erro, como muitas vezes acontecia com as drogas convencionais", acrescenta Iscia Lopes-Cendes, pesquisadora da Unicamp que tamb�m assina o estudo.

RNA intrometido
A interfer�ncia de RNA tem se mostrado t�o promissora que seus descobridores, os americanos Andrew Fire e Craig Mello, ganharam o Nobel de medicina em 2006. Como o nome deixa claro, ela envolve a mol�cula de RNA, prima menos famosa -- mas n�o menos importante -- do DNA. O papel mais conhecido do RNA � transmitir para as c�lulas as instru��es contidas no DNA, correspondentes � constru��o das prote�nas necess�rias ao organismo.

Cada prote�na corresponde a uma seq��ncia espec�fica de "letras" de DNA e RNA. Ora, o que a interfer�ncia de RNA faz � usar um peda�o dessas "palavras" prot�icas para impedir que elas continuem a ser transcritas do DNA para o RNA. Dessa forma, a prote�na n�o � produzida e o gene correspondente a ela fica, na pr�tica, "desligado".

Os pesquisadores aplicaram esse conceito � esquistossomose, com o objetivo de "desligar" um gene essencial � sa�de do verme S. mansoni. "Escolhemos a esquistossomose porque, entre outras coisas, havia um modelo animal da doen�a dispon�vel aqui", explica Lopes-Cendes. Outro dos autores do trabalho, Luiz Augusto Magalh�es, professor em�rito da Unicamp, estuda a infec��o parasit�ria h� d�cadas -- per�odo no qual ela nunca deixou de ser um flagelo da sa�de em pa�ses pobres. Calcula-se que 200 milh�es de pessoas sofram da doen�a no Brasil.

Como alvo inicial, os pesquisadores escolheram um gene que permite ao parasita "roubar" subst�ncias essenciais do sangue do hospedeiro. Sem a a��o da prote�na codificada por esse gene, o esquistossomo n�o consegue produzir seu pr�prio DNA. Para os testes, a equipe infectou camundongos com 100 larvas de S. mansoni e, 70 dias ap�s a infec��o, injetaram nos bichos os RNAs de interfer�ncia projetados para bloquear a a��o do gene. Outros animais n�o foram tratados, para servir de controle.

Vit�ria parcial
Mais tarde, os roedores foram sacrifica dos para que fosse poss�vel contar o n�mero de vermes adultos em seu organismo. Assim, a equipe verificou que os camundongos que foram tratados com os RNAs sofreram uma infec��o 30% menos severa que a de seus companheiros do grupo de controle.

"A gente deve testar outras mol�culas para melhorar esse desempenho. Tamb�m � interessante pensar na elabora��o de coquet�is -- quatro ou cinco genes diferentes sendo usados como alvo. Desse jeito, diminui o risco do aparecimento de resist�ncia �s subst�ncias entre os vermes", conta Pereira.

"Existem alguns pequenos ajustes com a mol�cula j� usada que podem melhorar o desempenho dela", avalia Lopes-Cendes. A dosagem usada, por exemplo, � bastante baixa, e pode ser aumentada com razo�vel grau de seguran�a. Algumas mudan�as na formula��o tamb�m podem aumentar o tempo de circula��o dos RNAs de interfer�ncia no organismo e, portanto, potencializar sua atividade.

"� importante acharmos essas alternativas porque os medicamentos dispon�veis hoje para tratar a esquistossomose n�o s�o 100% eficazes e t�m efeitos colaterais. Al�m disso, seu mecanismo de a��o n�o � bem conhecido, e j� existem vermes resistentes a eles", resume a pesquisadora da Unicamp.

Unicamp transforma RNA em nova arma .
T�cnica que usa mol�cula-irm� do DNA reduziu infec��o do parasita da doen�a em cobaias.


Fonte:

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Por:  Felipe Campos    |      Imprimir