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Harry: Ir ao Afeganistão é 'chance de ser uma pessoa normal'

Em entrevista concedida antes de ir à guerra, príncipe falou sobre sua missão
Harry: Ir ao Afeganistão é 'chance de ser uma pessoa normal'

Foto: AFP

A própria rainha da Inglaterra, Elizabeth II, contou a seu neto, o príncipe Harry, terceiro na linha de sucessão ao trono britânico, que ele iria para o Afeganistão em uma missão militar. Depois de se sentir frustrado por não poder atuar militarmente no Iraque, no primeiro semestre de 2007, quando o governo britânico achou que ele colocaria a vida de outros soldados em risco, o príncipe Harry disse que ir ao Afeganistão é "uma das melhores chances de ser uma pessoa normal".

O jornal britânico "The Times" publicou nesta quinta-feira (28) uma longa entrevista concedida por Harry pouco antes de ser enviado em missão militar ao Afeganistão, onde está atualmente. A entrevista e a notícia da missão do príncipe, terceiro na linha de sucessão ao trono britânico, foram mantidas em sigilo após a assinatura de um "acordo de silêncio" de toda a mídia inglesa, e só foi publicada depois que o site norte-americano Drudge Report furou o embargo e informou que Harry está no Afeganistão.

Harry disse que se sentiu um pouco empolgado, quando soube que poderia ir ao Afeganistão. "Finalmente terei a chance de atuar como soldado, como eu queria desde que me juntei ao Exército."

Quando deu a entrevista, ele disse que ainda era incerto o que ele faria no país. "Qualquer pessoa que vá ao Afeganistão atualmente é para atuar em diversas funções. Você tem um trabalho para fazer lá, mas, quando chega, acaba sendo puxado para ajudar outras pessoas", disse. "Essencialmente eu trabalharei no controle aéreo, ligado à Força Aérea Britânica. Uma função diferente da que eu pensava em realizar dentro do Exército."

Em um momento mais descontraído da entrevista, um dos repórteres brincou e lembrou alguns escândalos envolvendo o príncipe com uma pergunta irônica: "Você sabe que lá não tem nenhuma boate?" "Eu sei. Ouvi falar", respondeu Harry.

Controle aéreo
De volta a um tom sério, Harry comparou a nova função com a para que havia sido treinado anteriormente. Ele seria líder de tropas que atuam no front, com veículos de reconhecimento. "É parecido, mas numa escala maior", disse. "Estarei assessorando as pessoas com poder de decisão sobre como usar o "ar" (referência à Força Aérea). Mas tenho certeza de que eles não aceitarão meus conselhos", brincou.

Segundo Harry, a maioria dos seus amigos não sabia que ele iria para o Afeganistão. "Foi uma decisão minha de manter sigilo sobre isso. Contei apenas para as pessoas que sinto que precisavam saber."

Ele contou à rainha? "Na verdade, foi ela que me contou", disse. "Ela disse que eu iria para o Afeganistão e que era assim que tinha que ser. Conversamos muito sobre isso desde abril, quando deveria ter acontecido, e ela era a favor da minha ida."

Segundo ele, a rainha entende bastante das questões militares. "O conhecimento dela sobre o Exército é surpreendente para uma avó", disse.

Frustração

Harry contou que ficou frustrado quando não pôde ir ao Iraque, e chegou a pensar em desistir de viajar pelo Exército, mas que resolveu continuar tentando por haver a possibilidade de ir ao Afeganistão.

"Adoro o Exército. Qualquer pessoa que diga que não gosta do Exército está louca" você pode passar uma semana odiando e na semana seguinte ser a melhor coisa do mundo e o melhor emprego que se pode desejar."

Perguntado se em algum momento desejou que não fosse um príncipe, Harry disse que sim. "Na verdade eu já desejei isso muitas vezes. Eu e William já dissemos diversas vezes que perdemos muitas oportunidades por sermos príncipes, mas sabemos que temos outras oportunidades por sermos quem somos"

"Acho que usar o mesmo uniforme que os outros soldados no Afeganistão vai me dar uma das melhores chances de ser uma pessoa normal. Espero ser tratado como qualquer outro soldado. Isso é extremamente importante para mim."

Missão de risco
O Reino Unido se negou a autorizar a viagem de Harry ao Iraque alegando que ele traria riscos não apenas para si, mas para outros soldados. "O Afeganistão não vai ser completamente livre de riscos, mas eu não entrei no exército pensando que nunca participaria de operações militares", disse.

"Eu nunca gostaria de pôr a vida de outras pessoas em perigo por elas terem que sentar ao lado de um ímã para atrair balas. Havia informações de que não só a minha vida estaria em risco, mas a de todas as pessoas que servissem comigo", disse.

Ir ao Afeganistão é 'chance de ser uma pessoa normal', disse Harry
Em entrevista concedida antes de ir à guerra, príncipe falou sobre sua missão.
Ele disse que foi sua avó, a rainha, que falou para ele sobre sua ida ao país.

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Por: Alexandre Costa Pereira | Imprimir