Craques brasileiras driblam preconceito com dedicação e brilham no esporte mundial
Foto: http://globoesporte.globo.com Vítima de um atropelamento em 2000, Cláudia Cícero ficou quase um ano sem andar. Após perder a perna direita no acidente, descobriu os benefícios do esporte, que ignorava até então. Em apenas um ano e meio no remo adaptado, se tornou a melhor do mundo e recordista da modalidade. Em 2007, merecidamente, recebeu o prêmio de atleta paraolímpica do ano no Brasil. Primeira representante do país na modalidade, ela fez da determinação sua arma contra o preconceito e as dificuldades.
- Sou a única mulher na categoria no país e é preciso muita determinação para alcançar esses resultados. Treino forte e tenho certeza que vou voltar de Pequim com mais um recorde e a medalha de ouro. Levo comigo uma frase que ouvi de uma treinadora: "Um pouco de coragem vale mais do que muita sorte". Assim a gente segue lutando - afirma.
Quando perguntada sobre seu maior exemplo feminino, Cláudia não titubeia ao apontar Roseana Ferreira dos Santos, a Rosinha. Com uma lesão semelhante í sua, a pernambucana de 36 anos pratica arremesso de peso e lançamento de disco há dez anos e garante que, ao contrário do que se possa pensar, se sente mais feliz após o atropelamento que mudou sua vida aos 18.
Não tenho dúvidas em afirmar que sou muito mais feliz com uma perna do que com as duas
Rosinha, atleta do arremesso de peso e lançamento de disco
- Quando o esporte apareceu na minha vida tudo mudou. Passei a ter expectativa de vida, pude dar uma condição melhor para minha mãe e realizar o sonho de dar uma casa a ela. O esporte me fez viver coisas que nunca tinha imaginado viver. Minha mãe sempre pedia para eu não repetir isso, porque choca os outros, mas não tenho dúvidas em afirmar que sou muito mais feliz com uma perna do que com as duas.
Além de ser um espelho para Cláudia, Rosinha quer ser um exemplo para todas as mulheres. No dia dedicado í elas, dá uma aula de dedicação e força de vontade.
- A gente sabe do preconceito que encara por ser negra, deficiente, nordestina... mas sigo firme, forte e guerreira. Espero que outras mulheres se espelhem em mim e não desistam nunca de seus objetivos. A gente perde um membro e tem duas escolhas: ou encara com garra e determinação ou fica em casa esperando o tempo passar para morrer. Alguém ainda tem dúvida de qual caminho seguir?
Também nordestina, a cearense Edênia Nogueira Garcia tem 20 anos e está na natação desde os 12. Diferentemente de Cláudia e Rosinha, começou a praticar esportes para controlar a polineuropatia sensitiva motora, doença progressiva que dificulta o movimento dos membros superiores e inferiores. Depois de quatro medalhas no Parapan-Americano e uma nas Paraolimpíadas, acredita que todas as atletas do Brasil, paraolímpicas ou não, precisam se unir cada vez mais para o desenvolvimento do esporte feminino no país.
- Acredito que tudo que é positivo deve ser seguido como exemplo. Em Atenas a Joana Maranhão ficou próximo de uma medalha, e a tendência é que esta conquista aconteça em breve. O momento é de nos unirmos cada vez mais para melhorar o esporte feminino brasileiro
A gente perde um membro e tem duas escolhas: ou encara com garra e determinação ou fica em casa esperando o tempo passar para morrer. Alguém ainda tem dúvida de qual caminho seguir?
Atletas paraolímpicas, exemplo para o Brasil
Craques brasileiras driblam preconceito com dedicação e brilham no esporte mundial
Fonte: Cahê Mota e Simone Evangelista http://globoesporte.globo.com
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