Categoria Geral  Noticia Atualizada em 16-03-2008

Homem finge estar morto por 13 anos para dar golpe no seguro
Jos� Limarino foi preso por assassinar um mec�nico e forjar a pr�pria morte
Homem finge estar morto por 13 anos para dar golpe no seguro

Jos� Montes Limarino foi preso por homic�dio. A pris�o colocou fim a uma farsa que durou 13 anos: ele trabalhava no setor de cobran�as de uma empresa e vivia tranquilamente com a fam�lia em Campinas. Em 1995, quando tinha 34 anos, ele morava em Tabo�o da Serra, na Grande S�o Paulo. No dia 25 de fevereiro daquele ano, a pol�cia encontrou o carro dele queimado. Dentro, havia um corpo e a identidade de Jos� Limarino.

"Tudo levava a crer que se tratava do pr�prio dono do autom�vel", disse o promotor de Justi�a Romeu Galiano J�nior.

Mas um detalhe chamou a aten��o do Minist�rio P�blico. "O encontro de um RG, com a foto bem leg�vel, em um carro totalmente queimado levava a policia a crer que algu�m tinha interesse na identifica��o daquele corpo", afirmou o promotor de Justi�a Romeu Galiano J�nior.

No dia do crime, Maria do Carmo Evangelista procurou a pol�cia para registrar o desaparecimento de outra pessoa: o marido Ismael Evangelista, um mec�nico praticamente da mesma idade, altura e peso de Jos� Limarino. Dona Maria n�o se esquece da �ltima vez que viu o marido.

"Ele falou: �Neguinha� � ele me chamava de Neguinha � �Neguinha, eu vou trabalhar. � noite eu trago dinheiro para n�s comprarmos as coisas�", conta Maria do Carmo Evangelista, mulher de Ismael.



Investiga��es
Como Ismael n�o voltou pra casa, a pol�cia ficou com um quebra-cabe�a nas m�os: duas pessoas desaparecidas e um �nico corpo no local do crime. Mas uma descoberta foi fundamental para a investiga��o: Jos� Limarino tinha dois seguros: um de vida e outro do carro. Um m�s antes, todas as parcelas foram quitadas. Na �poca, o valor do seguro chegava a R$ 20 mil. Hoje daria 65 mil.

Tudo indicava que Jos� Limarino tinha assassinado uma pessoa com as mesmas caracter�sticas f�sicas para simular a pr�pria morte, mas eram s� ind�cios. Certeza mesmo o Minist�rio Publico n�o tinha.

"Os �rg�os oficiais de per�cia nos informavam que n�o havia tecnologia pro exame de DNA que se necessitava nesse caso, em raz�o da idade da ossada e das condi��es de conserva��o", conta o promotor de Justi�a Romeu Galiano J�nior.

Durante 13 anos, a fam�lia do mec�nico Ismael teve que conviver com a d�vida.

"A gente pensa: Ser�? Se viajou e n�o volta. Mas na mesma hora eu pensava: ele n�o ia fazer isso", disse Maria do Carmo Evangelista, mulher de Ismael.

"Meu sonho era de ver ele chegando, enfim, �Cheguei, o pai chegou�, sabe, de receber aquele abra�o, aquele carinho", conta Mariana Evangelista, filha de Ismael.

Sem conseguir identificar a v�tima, o Minist�rio P�blico resolveu preservar os ossos e esperar pelo avan�o da tecnologia. S� recentemente, um laborat�rio de gen�tica, em Paul�nia, interior de S�o Paulo, deu a resposta definitiva: o corpo � mesmo do mec�nico Ismael. Limarino foi preso por homic�dio.

"Conclui-se sem a menor sombra de d�vidas que o cad�ver encontrado queimado dentro daquele ve�culo era de uma pessoa inocente", afirmou o promotor de Justi�a Romeu Galiano J�nior.

"� gratificante voc� fazer o trabalho dentro do laborat�rio, onde � tudo impessoal, e depois no fim voc� v� o resultado disso, positivo, na vida aplicada para a popula��o", comentou o geneticista Welber Oliveira Bragan�a.



Crime

Depois do assassinato, Jos� Limarino se escondeu em Mato Grosso. Nos �ltimos anos, viveu no interior de S�o Paulo, sempre mudando de endere�o e mantendo contato com a mulher e a filha.

Para o delegado de Campinas, ele confessou que planejou o crime porque passava por problemas financeiros. Mas o dinheiro do seguro nunca foi pago. O banco esperava o fim da investiga��o.

"Pensei em matar. E fui junto para matar. J� tinha gasolina dentro do carro tamb�m. Tudo premeditado. Pretendia fazer alguma coisa com o seguro", reconhece Jos� Limarino.

Ele alega que teve a ajuda de um comparsa. Mas, para o Minist�rio P�blico, o acusado agiu sozinho. Jos� Limarino acreditava que o caso j� tinha ca�do no esquecimento. Tanto que usava o nome verdadeiro. Chegou a renovar a carteira de motorista e at� tirou uma nova carteira de identidade. Agora que tudo foi esclarecido, ele pode pegar at� 30 anos de pris�o.

"Aquele velho ditado: aqui se faz aqui se paga", comenta Jos� Limarino.

E finalmente, depois de 13 anos de espera, a fam�lia de Dona Maria vai receber autoriza��o para fazer o vel�rio e o sepultamento do mec�nico Ismael Evangelista.

"Agora vou fazer o enterro direitinho, colocar l� ele pra ele descansar em paz, porque por todo esse tempo ele n�o descansou, nem n�s tamb�m", diz Maria do Carmo Evangelista, mulher de Ismael.

Homem finge estar morto por 13 anos para dar golpe no seguro. Jos� Limarino foi preso por assassinar um mec�nico e forjar a pr�pria morte.

Fonte:

Acesse o G1

 
Por:  Felipe Campos    |      Imprimir