Categoria Politica  Noticia Atualizada em 25-03-2008

Pentágono pede atraso na redução de tropas no Iraque
Atualmente, existem 155 mil soldados americanos no Iraque.A perspectiva de pausa na retirada de tropas poderia reacender sentimentos antiguerra
Pentágono pede atraso na redução de tropas no Iraque
Foto: AFP/AFP

Comandantes militares de alta patente apresentaram ao governo Bush propostas para adiar os planos de maiores reduções de tropas no Iraque pelo menos até o fim do verão, segundo declaração de autoridades militares e administrativas na última sexta-feira (21). Ao mesmo tempo, declararam as autoridades, as propostas limitariam novos envios de tropas por períodos de 12 meses, em vez dos atuais 15 meses.

O Secretário de Defesa, Robert M. Gates, se reuniu pelo segundo dia consecutivo a portas fechadas com altos oficiais do Pentágono para esboçar as recomendações a serem apresentadas ao Presidente Bush na próxima quarta-feira. Bush irá debater as propostas com o comandante sênior no Iraque, o general David H. Petraeus, numa videoconferência na segunda-feira para decidir sobre mais retiradas antes de partir no dia primeiro de abril para uma viagem à Ucrânia, Romênia e Croácia, declararam as autoridades.

Em setembro passado, enfrentando pressões dos democratas e até de alguns republicanos no Congresso, Bush anunciou que iria retirar cinco brigadas de combate e dois batalhões de fuzileiros navais até julho. As reduções, que ainda não estão completas, iriam efetivamente fazer com que o número de tropas no Iraque voltasse para aproximadamente 140 mil, um nível ligeiramente superior do que aquele que havia no país antes de Bush ordenar o aumento de tropas que ficou conhecido como "o reforço".

O porta-voz de Gates, Geoff Morrell, afirmou que quatro outras brigadas, cada uma com mais de três mil soldados, ainda tinham que deixar o Iraque, fazendo com que fosse difícil avaliar o efeito e a segurança da redução de tropas ordenada no último outono. Atualmente, existem 155 mil soldados americanos no Iraque, uma diminuição em relação ao número máximo alcançado no último outono, de 170 mil.

"Uma pausa de certa duração é válida para que se calcule o impacto de uma rápida retirada das últimas quatro brigadas de reforço", afirmou Morrell. "Então, largar essas quatro brigadas nos próximos quatro meses irá requerer uma avaliação do impacto disso." Ele não quis discutir em detalhes as propostas que Gates tem ouvido nas reuniões dos últimos dias.

Petraeus e outros oficiais deixaram claro que querem mais tempo para avaliar o que acontecerá depois que as retiradas terminarem, deixando 15 brigadas de combate no Iraque. Em seus comentários públicos na última quarta-feira, dia do quinto aniversário do início da guerra, Bush deixou claro que não apressaria as reduções.

Discussão
O debate sobre o número de soldados no Iraque tem causado discordância entre os comandantes mais experientes. O Almirante William J. Fallon, líder do comando central, que supervisiona as operações no Iraque e no Afeganistão, argumentou publicamente a favor de retiradas de tropas contínuas no Iraque após uma breve pausa.

Isso fez com que ele ficasse em posição contrária à de Petraeus. Fallon renunciou ao seu cargo na semana passada, afirmando que a percepção de diferenças em relação a Bush se tornou uma perturbação para ele. Sua renúncia levantou acusações de que a Casa Branca havia punido uma visão dissidente sobre manter ou não um maior número de tropas no Iraque.

Uma autoridade governamental afirmou que autoridades seniores no Pentágono e em Bagdá chegaram a um consenso sobre atrasar novas discussões sobre as reduções. Uma razão para isso, segundo as autoridades, é que talvez seja possível para o exército reduzir o tempo de serviço no Iraque em três meses, ou seja, para 12 meses, até julho.

A duração do tempo de serviço, que começou em abril, tem sido impopular com soldados e oficias e terminar com esse período tem sido um dos objetivos declarados de Gates. A autoridade fez suas declarações com a condição de permanecer no anonimato para discutir as deliberações de política interna antes da decisão de Bush.

A perspectiva de uma pausa na retirada de tropas, especialmente uma de longa duração, poderia reacender os sentimentos antiguerra em Capitol Hill, que diminuíram desde setembro, quando Petraeus depôs pela última vez no Congresso. Os democratas até agora foram incapazes de forçar modificações na política do governo. Eles ultimamente mudaram seu foco para custos da guerra, o que poderia encontrar ressonância positiva numa época de problemas econômicos nos EUA.

O senador Jack Reed, D-R.I., afirmou que seria um erro não continuar com uma "cuidadosa e deliberada" redução de tropas. "Você tem que sinalizar para o exército e para os Fuzileiros Navais que esse vai e vem de tropas entrando e saindo do Iraque vai acabar", afirmou ele em entrevista telefônica.

Reed, um ex-oficial de infantaria e membro do Comitê de Forças Armadas, também declarou que uma longa pausa pressionaria os líderes iraquianos a dar passos maiores no sentido de aperfeiçoar a segurança e a governabilidade do país.

Tradução: Luiz Marcondes

Pentágono pede atraso na redução de tropas no Iraque
Atualmente, existem 155 mil soldados americanos no Iraque.
A perspectiva de pausa na retirada de tropas poderia reacender sentimentos antiguerra.


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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir