Categoria Geral  Noticia Atualizada em 15-04-2008

Fotografo para influenciar mentes, diz vencedor do Pulitzer
Foto de cinegrafista morto em Mianmar ganhou o maior pr�mio de jornalismo dos EUA
Fotografo para influenciar mentes, diz vencedor do Pulitzer
Foto: Adress Latif / Reuters

O rep�rter fotogr�fico Adrees Latif sacou sua c�mera e disparou. No ch�o estava o cinegrafista japon�s Kenji Nagai, que com uma pequena c�mera registrava a repress�o de tropas birmanesas aos protestos em Yangun, Mianmar, pa�s asi�tico que est� entre os mais fechados do mundo.

Nagai morreria mais tarde. Mas a cena, que durou cerca de "dois segundos", segundo seu autor, ganhou a primeira p�gina de mais de 60 jornais pelo mundo em setembro de 2007.

"Para muitas pessoas, ver esta foto publicada mundo afora pode ter tido alguma influ�ncia e este � o meu maior pr�mio. � por isso que eu quis ser rep�rter fotogr�fico. Para tentar influenciar mentes por meio de fotografias", disse ao G1 o rep�rter da ag�ncia Reuters, vencedor do Pulitzer, pr�mio mais cobi�ado do jornalismo dos Estados Unidos, na categoria "Fotografia de �ltima Hora".

Aos 34 anos, Latif, que nasceu no Paquist�o e viveu na Ar�bia Saudita antes de migrar aos 7 anos com a fam�lia para o estado norte-americano do Texas, acredita que a experi�ncia de vida o fez "um jornalista melhor".

Acostumado a registrar conflitos por toda �sia a partir de Bancoc, na Tail�ndia, onde vive atualmente, ele disse que jamais esquecer� o tiro fatal no colega em Mianmar. "Sempre penso nele e na sua fam�lia".

Confira a seguir trechos da entrevista ao G1.

G1 - Onde voc� estava quando recebeu a not�cia de que era vencedor do Pulitzer? Voc� j� tinha esta expectativa ou foi uma completa surpresa?

Adrees Latif - Eu estava em Pokhara, Nepal, cobrindo as atuais elei��es. Era por volta de 1h30 ou 2h da manh� no hor�rio local. Eu estava dormindo. Minha amiga e colega de profiss�o Paula Bronstein, da [ag�ncia] Getty Images, me ligou para contar a novidade. Confiei no que ela disse, mas mal podia acreditar. Liguei para minha mulher depois para confirmar e dividir a alegria. Esperava no m�ximo estar entre os finalistas.

G1 - Consegue lembrar exatamente o momento em que fez a foto? Voc� percebeu que tinha uma imagem hist�rica em sua c�mera ou nem sequer teve tempo para pensar nisso?

Adrees Latif - Eu lembro todo o momento em c�mera lenta. Tudo durou uns dois segundos (eu posso dizer por um programa de fotos que permite ver o instante em que a foto foi feita), mas na minha cabe�a tudo se passa bem devagar. Eu n�o vi a foto at� o momento em que sa� da ponte de onde tinha fotografado a cena. Depois que a vi, eu percebi sim que tinha uma importante imagem e me senti respons�vel em divulg�-la logo.

G1 - Numa entrevista recente, seu pai disse que ele o encorajou a inscrever a foto para a sele��o do Pulitzer. Voc� n�o tinha pensado nisso? Considera seu pai em parte respons�vel pelo pr�mio?

Adrees Latif - Meu pai me disse que eu ia ganhar um grande pr�mio depois de ter visto a foto publicada na primeira p�gina do "New York Times" no dia 28 de setembro de 2007. Eu o considero grande respons�vel pelo pr�mio porque n�s somos imigrantes do Paquist�o nos Estados Unidos. Ele trabalhou muito a vida inteira para manter uma fam�lia de cinco filhos, para mudar do Paquist�o para a Ar�bia Saudita, e depois para os Estados Unidos, para nos dar uma boa educa��o. Ele deixou sua antiga vida para tr�s para que n�s pud�ssemos ter um futuro melhor. Este pr�mio tamb�m honra seus esfor�os. Eu o divido com ele, minha m�e, minha mulher e toda nossa fam�lia.

G1 - Voc� conhecia o fot�grafo japon�s Kenji Nagai? Voc� hesitou entre fotografar a cena ou procurar ajuda naquela situa��o?

Adrees Latif - Eu n�o conhecia Kenji Nagai pessoalmente. Eu encontrei a irm�o dele e sua fam�lia recentemente no Jap�o. Fotografar ou ajudar?

Eu na verdade n�o sabia que ele havia sido atingido. Primeiro, pensei que ele tinha desmaiado. Quando eu deixei a �rea e vi minhas fotos, percebi que ele tinha sido baleado. Voltei para ver se seu corpo estava l�, mas n�o pude v�-lo naquele momento. Tentei chegar perto, mas havia muitos soldados e policiais em toda parte. Tive que sair do local para minha pr�pria seguran�a.

G1 - Voc� acredita que sua foto chamou a aten��o para a situa��o em Miamar? Uma fotografia pode fazer a diferen�a?

Adrees Latif - A foto foi publicada no dia seguinte no mundo inteiro. Foi capa de mais de 65 jornais na Am�rica do Norte, Am�rica do Sul, Europa, Oriente M�dio, �sia e Austr�lia. Para muitas pessoas, ver esta foto publicada mundo afora pode ter tido alguma influ�ncia e este � o meu maior pr�mio. � por isso que eu quis ser rep�rter fotogr�fico. Para tentar influenciar mentes por meio de fotografias.

G1 - Voc� nasceu no Paquist�o, mas vive desde os 7 anos nos Estados Unidos. Considera que esta experi�ncia tenha influenciado sua vis�o como rep�rter fotogr�fico?

Adrees Latif - Eu sou um imigrante. Nasci no Paquist�o, vivi na Ar�bia Saudita, mudei para os Estados Unidos aos 7 anos. Acho que esta experi�ncia me fez um jornalista melhor. Quando eu cubro conflitos e vejo sofrimento, eu compreendo melhor, eu sinto mais. Se voc� consegue se relacionar melhor com os problemas de outros povos, � claro que isso o faz reportar melhor estes assuntos.

G1 - Voc� est� baseado em Bancoc (Tail�ndia) e est� sempre cobrindo assuntos em que h� riscos reais, como a turbulenta elei��o no Nepal. O tiro fatal em Miamar foi a cena mais impressionante que j� presenciou?

Adrees Latif - H� muitos destes momentos que guardo comigo. Mas fotografar um colega jornalista sendo atingido em servi�o - e o que eu senti naquela hora � jamais vou esquecer. Sempre penso nele e na sua fam�lia.

G1 - O que dizer para jovens rep�rteres fotogr�ficos que querem seguir a carreira? Qual o limite entre conseguir uma boa imagem e a pr�pria seguran�a?

Adrees Latif - Um verdadeiro jornalista possui um profundo desejo [pelo of�cio] e ao mesmo tempo senso de responsabilidade por sua profiss�o. Se voc� tem este desejo, siga em frente e nunca desista ou se deixe desencorajar.

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Foto de cinegrafista morto em Mianmar ganhou o maior pr�mio de jornalismo dos EUA.
Para Adrees Latif, saber que imagem pode ter influenciado pessoas foi "maior pr�mio".

Fonte:

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir