Categoria Policia  Noticia Atualizada em 26-04-2008

Saiba como vai ser a reconstituição da morte de Isabella
Pai e madrasta, suspeitos do crime, têm de comparecer, mas não precisam participar
Saiba como vai ser a reconstituição da morte de Isabella
Foto: Lucas Lacaz/Agência O Globo

A reconstituição da morte da menina Isabella Nardoni, que será realizada a partir das 9h deste domingo (27), é fundamental para o andamento das investigações sobre o caso. O trabalho tem previsão de duração de 10 horas e mexeu com a rotina e a movimentação na Rua Santa Leocádia, onde fica o Edifício London, na Vila Mazzei, Zona Norte de São Paulo.

Isabella morreu no dia 29 de março após ser espancada, asfixiada e jogada do 6º andar do edifício, onde moravam o pai e a madrasta dela, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, suspeitos do crime.

O principal objetivo da reconstituição é reproduzir passo a passo a versão apresentada pelo casal, desde a chegada ao prédio até o momento em que Isabella foi socorrida pelo Resgate. Serão confrontados os resultados dos exames periciais com as declarações de testemunhas e indiciados. Além disso, será cronometrada toda a seqüência narrada pelo pai e pela madrasta.

Segundo a polícia, a maior parte dos acontecimentos deve ocorrer dentro prédio e do apartamento, que fica no 6º andar. Em apenas dois momentos os a ação deve acontecer no lado externo. Um deles será no jardim, onde o corpo da menina caiu após ser jogado da janela, e o outro será em um prédio vizinho.

Participações
Alexandre Nardoni e Anna Carolina não vão participar da seqüência de fatos que terminaram na morte da menina, segundo informou o avô da menina, Antonio Nardoni. De acordo com a polícia, pessoas com mesmo tipo físico dos dois vão interpretar o casal.

Antonio e a filha, Cristiane, devem participar. Assim como a mãe de Isabella, Ana Carolina de Oliveira, dois vizinhos, o porteiro do prédio, os funcionários do resgate e a mulher do subsíndico. Todos serão ouvidos separadamente.

O pai e a madrasta da menina não são obrigados a participar da reconstituição, mas por lei, têm de comparecer. Eles podem ser orientados pela defesa a manter o silêncio e não fazer nada que possa incriminá-los.

A polícia quer saber se haveria tempo hábil para uma terceira pessoa ter cometido o crime sem ser visto por Alexandre ou Anna Carolina. A perícia revelou que entre o desligamento do aparelho GPS do Ford Ka do casal e a primeira ligação para os bombeiros se passaram 13 minutos e 46 segundos.

Moradores do Edifício London e de imóveis vizinhos contarão o que viram o ouviram naquela noite. O porteiro do prédio, primeiro a ver o corpo de Isabella estendido no gramado, e os homens do Resgate darão detalhes sobre a posição em que a menina foi encontrada e o socorro à vítima.

Esquema de segurança
Assim como na ocasião em que os dois suspeitos do crime foram prestar depoimento no 9º Distrito Policial, onde as investigações são concentradas, foi montado um esquema de segurança para garantir o trabalho dos peritos, a circulação dos moradores e a movimentação da imprensa. Os acessos à rua serão bloqueados e apenas moradores, jornalistas e policiais poderão entrar.

Cerca de 100 policiais estarão envolvidos no trabalho. A polícia já estuda desde o meio da semana a organização do local, e começou a montar a estrutura e realizar os bloqueios necessários as 23h30 do sábado (26). A calçada do prédio e parte da rua em frente dele serão áreas restritas apenas aos policiais e aos carros que precisarem entrar ou sair das garagens.

Serão montados dois bloqueios na rua do prédio, um 60 metros à direita do edifício e outro 60 metros à esquerda. Nesses locais, ficarão policiais que controlarão a passagem dos carros e pedestres. Apenas serão autorizados a passar os jornalistas, moradores e visitantes das residências locais, que serão acompanhados por policiais ao seu destino. A idéia é evitar o acúmulo de pessoas, o que pode gerar confusão e barulho, atrapalhando o trabalho dos peritos.

O espaço aéreo acima do edifício ficará fechado em um raio de 1,5 km, conforme autorização judicial. Isso porque o barulho dos helicópteros pode comprometer a reconstituição quando forem comparadas as versões de testemunhas que afirmam ter ouvido gritos na noite do crime.

Moradores
No prédio que fica em frente ao Edifício London, os moradores foram proibidos de permitir a entrada de jornalistas em seus apartamentos. A medida foi tomada pelo condomínio para evitar o assédio da imprensa durante as investigações sobre a morte da menina.

Uma circular pregada no elevador informa aos moradores que eles correm o risco de serem processados pelo condomínio se algum jornalista conseguir autorização. A informação foi passada por um morador que prefere não se identificar.

Já no Edifício London, moradores deixaram o prédio para evitar os transtornos que serão provocados pela reconstituição da morte da menina. "Muitos moradores já até viajaram. Poucos vão ficar no domingo", afirmou na quinta-feira (24) o delegado operacional da Zona Norte, César Camargo.

Perícia
A perícia é uma parte muito importante do inquérito para a reconstituição, pois dá direções aos peritos para que possam estimar como ocorreu o crime. A coleta de provas e a análise do local são fundamentais na hora de esclarecer a autoria de um crime. Uma gota, um fio de cabelo ou uma única célula servem como vestígios e podem apontar o autor de um crime aparentemente sem provas.

No caso Richtofen, a perícia foi decisiva para chegar aos culpados pelo assassinato do casal Marísia e Manfred: a filha, Suzane, o namorado, Daniel, e o irmão dele. "Cada vez que eles tentavam enganar a perícia, eles davam uma prova a mais de que eram pessoas muito ligadas às vítimas", explica o perito Ricardo Salada, que foi o primeiro a chegar à casa da família Richtofen depois do crime.

"A perícia é um trabalho delicado, que exige, antes de tudo, a preservação da cena do crime. Sua finalidade, tanto criminalística quanto médico-legal, é fornecer os elementos para aqueles que têm a competência legal pra indiciar, denunciar e sentenciar. O perito não condena nem absolve ninguém, só fornece elementos para quem pode fazê-lo", conclui o coordenador da Polícia Técnico-Científica de São Paulo, Celso Perioni.

Saiba como vai ser a reconstituição da morte de Isabella. Pai e madrasta, suspeitos do crime, têm de comparecer, mas não precisam participar.

Fonte:

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Por:  Felipe Campos    |      Imprimir