Tanque do Exército libanês abre caminho por barricada do Hezbollah, em estrada que liga Beirute ao aeroporto internacional do país
Foto: Hussein Malla / AP Homens mascarados ergueram barricadas em várias avenidas de Beirute, no Líbano, nesta quarta-feira de manhã, em apoio a uma greve geral convocada por sindicatos trabalhistas para exigir melhores salários.
A greve ganhou a adesão da oposição, liderada pelo Hezbollah, e teme-se um confronto entre governistas e militantes da oposição.
Várias estradas no país e ruas da capital Beirute foram bloqueadas com blocos de concreto, montes de terra ou carros, impedindo o tráfego de veículos.
Militantes também queimaram pneus em alguns pontos da capital e interior do país.
Tropas do Exército e forças de segurança estão posicionados em alerta máximo, com prédios do governo cercados com tanques e tropas, e o acesso vetado a veículos.
Militantes também bloquearam a estrada que leva ao aeroporto de Beirute, levando ao cancelamento de 32 vôos. O porto também foi afetado, com a avenida de acesso bloqueada com pneus queimados.
Embora os protestos tenham sido anunciados como pacíficos por sindicalistas e líderes da oposição, já houve incidentes registrados desde cedo, com vitrines de lojas destruídas em algumas ruas.
Homens usando balaclava jogaram uma granada contra soldados do Exército, deixando dois militares e duas pessoas feridas.
No início da semana, o comando das forças de segurança libanesas anunciou que montaria uma grande operação para assegurar que os protestos não se transformem em violência, mantendo a lei e a ordem civil.
Em janeiro do ano passado, protestos semelhantes levaram à morte de seis pessoas, com dezenas de feridos, como resultado de confrontos entre militantes dos dois lados políticos.
Renúncia
A greve tinha sido anunciada havia várias semanas, mas ganhou força depois que o general cristão Michel Aoun, aliado do Hezbollah, conclamou a oposição para aderir ao movimento e exigir a renúncia do primeiro-ministro Fouad Siniora.
De acordo com o Hezbollah e outras lideranças, os protestos não têm data definida para terminar, podendo paralisar ao país e a economia como forma de derrubar o governo.
O Líbano vive uma crise política há mais de um ano e está sem presidente desde novembro do ano passado.
As facções políticas não conseguem chegar a um acordo para eleger um novo mandatário do país, aumentando o medo de um confronto entre facções rivais, o que poderia levar a uma guerra civil.
Os protestos da oposição são vistos como uma nova tentativa de derrubar o governo bloquendo a economia do país.
No final de 2006, manifestantes montaram um acampamentos em volta do prédio do governo para exigir a renúncia de Siniora. O acampamento continua até hoje e paralisou o centro de Beirute, mas sem conseguir, no entanto, seu objetivo.
Colisão
Segundo analistas, com a economia cada vez pior e as classes mais baixas mais descontentes, a oposição ganhou novo impulso para tentar derrubar o governo.
Há o temor de que os protestos levem os blocos governistas e oposição a um rota de colisão, já que as demonstrações serão realizadas em bairros onde o governo tem forte apoio popular e base partidária.
Há duas semanas, a pressão sobre o Hezbollah aumentou devido a acusações do governo de que estaria monitorando o aeroporto com câmeras de vigilância. O governo retirou do posto o chefe de segurança do aeroporto, acusado de ter ligações com o grupo xiita.
Políticos governistas também acusaram o Hezbollah de ter uma rede privada de telecomunicações que estaria sendo usada pelas forças de inteligência sírias.
O Hezbollah confirmou que teria tal rede, mas disse que seria parte de sua estrutura de "segurança" e que não toleraria interferências do governo na sua rede de comunicações.
Greve geral aumenta tensão no Líbano
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