Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 09-05-2008

O ILEGAL E O IMORAL
Muitos defensores da Cannabis costumam alegar que ela � um produto totalmente natural, nada mais que uma esp�cie da nossa flora
O ILEGAL E O IMORAL

O Brasil assistiu a algo similar quatro d�cadas atr�s: para aben�oar o golpe militar de 1964 como rem�dio contra a amea�a comunista, os setores mais conservadores do catolicismo organizaram a "Marcha da Fam�lia, com Deus, pela Liberdade". Agora, l� vem novamente uma marcha em defesa dos valores morais, mas desta vez para combater outra marcha, essa em defesa da libera��o da maconha. Pela primeira vez, pessoas em quase todas as capitais do Brasil se organizaram para manifesta��es de protestos contra a proibi��o do com�rcio da erva cannabis sativa.

Antes de tudo � preciso destacar que as marchas pela maconha foram quase totalmente reprimidas por serem propaganda de algo que o Estado brasileiro (ainda) considera crime, isto �, o com�rcio da maconha, e n�o por terem conte�do moral question�vel. O Estado n�o tem moral, mas apenas instrumentos de repress�o da ilegalidade. S� que est� provado que nem tudo que � ilegal num momento da hist�ria � conden�vel definitivamente. Lula j� foi preso, considerado um baderneiro por pregar coisas que hoje defende como presidente; e o pior: � hoje aplaudido pela mesma classe de industriais que antes o mandou prender.

Para entender os chamados conservadores, � preciso ler a preocupa��o que est� para al�m de suas frases preconceituosas e muitas vezes cheias de tabus, fal�cias e desconhecimentos de causa. O grande problema que os conservadores v�em na maconha � o estilo de vida de seus usu�rios defensores, de fato nada exemplar. Pra come�ar, a maconha � a moeda de troco do grande sistema mercadol�gico das drogas il�citas em geral, que financia o chamado crime organizado e � o que garante que ele seja mesmo organizado. O uso da maconha, a partir do seu pr�prio efeito, sempre esteve diretamente relacionado a um estilo alternativo de organiza��o social. O tema da "sociedade alternativa", cantada pelo grande Raul Seixas, prop�e relativizar a moral sexual, os valores familiares, o progresso escolar e as institui��es em geral.
Alguns dir�o que s� se pode falar de um tal estilo espec�fico de vida entre os usu�rios da maconha porque eles ainda est�o confinados � ilegalidade, que faz com que surjam os guetos e o tr�fico ilegal. Mas pa�ses que liberaram a comercializa��o da maconha j� t�m projetos de lei propondo um retrocesso, pois est� mais do que provado que a erva quase inevitavelmente provoca depend�ncia e apelo a efeitos progressivamente mais fortes, encontrados em drogas mais pesadas.

Muitos defensores da Cannabis costumam alegar que ela � um produto totalmente natural, nada mais que uma esp�cie da nossa flora. A l�gica nos leva a supor que, ao levar esse argumento a s�rio, esses defensores j� estejam alterados pelos efeitos da mesma erva, porque a id�ia � t�o coerente quanto afirmar que a planta Dieffenbachia merece ser colocada na salada das escolas p�blicas, por ser planta tanto quanto o alface.

(Em tempo: a planta Dieffenbachia � conhecida popularmente como "comigo-ningu�m-pode".)

    Fonte: O Autor
 
Por:  Juliano Ribeiro Almeida    |      Imprimir