Reprodu��o de v�deo da TV estatal de Mianmar mostra distribui��o de alimentos; nomes de generais foram colocados nas caixas
Foto: AP Colabora��o para a Folha Online
A Junta Militar de Mianmar distribuiu neste s�bado os alimentos e objetos de primeira necessidade enviados por organiza��es internacionais, mas embalou as caixas com adesivos com os nomes dos principais generais no poder.
Os militares, que comandam o pa�s desde 1962, aproveitaram o esfor�o internacional de ajuda humanit�ria para fazer propaganda pol�tica do governo.
Neste s�bado, o governo liberou o carregamento de dois avi�es enviados pelo Programa Mundial de Alimenta��o da ONU (WFP, na sigla em ingl�s). Na sexta-feira, as ag�ncias de aux�lio que est�o no pa�s foram impedidas de transportar os suprimentos para as regi�es afetadas.
A televis�o estatal divulga continuamente imagens de seus generais, incluindo o l�der da Junta Militar, o general Than Shwe, entregando caixas de suprimentos para sobreviventes do ciclone, em elaboradas cerim�nias.
Em uma destas caixas, o nome do general Myint Swe, nome proeminente da hierarquia governamental, aparecia em destaque, cobrindo um r�tulo menor que dizia "ajuda do governo da Tail�ndia".
"N�s j� vimos comandantes regionais colocando seus nomes em caixas com ajuda vinda da �sia, dizendo que era um presente deles e que eles estavam distribuindo na regi�o", disse Mark Farmaner, diretor da Campanha Burma UK, que faz campanha pelos direitos humanos e pela democracia em Mianmar.
Log�stica
Richard Horsey, porta-voz das a��es humanit�rias da ONU, disse que a presen�a internacional da ONU em Mianmar � essencial para o planejamento de toda a log�stica do transporte de alimentos e objetos de primeira necessidade, em barcos, helic�pteros e caminh�es.
"N�s estamos correndo contra o tempo aqui. Esse � um grande problema e isso poderia levar a uma segunda fase da trag�dia, que poderia ser pior que o ciclone", disse Horsey, alertando para o grande risco de uma epidemia de c�lera nas regi�es pela falta de �gua pot�vel e condi��es sanit�rias.
Oficiais disseram que apenas uma em cada dez pessoas desabrigadas ou feridas receberam algum tipo de ajuda desde que o ciclone atingiu a regi�o, no dia 3.
Saque
Neste s�bado, reportagem da publica��o birmanesa dissidente "The Irrawaddy" afirmou que um comboio de ajuda humanit�ria destinada �s v�timas do ciclone Nargis em Mianmar teria sido atacado e saqueado por membros de uma organiza��o paramilitar pr�-governista.
Armados com paus e facas, v�rios integrantes da "Swan Ar Shin", auto denominada uma "mil�cia patri�tica" financiada pela Junta Militar teriam assaltado os ve�culos de uma ONG e saquearam parte do arroz destinado aos desabrigados.
Segundo testemunhas ouvidas pela publica��o, o ataque ocorreu h� dois dias no munic�pio de Thanlyn, ao sul de Yangun, a maior cidade do pa�s.
Ainda segundo a publica��o, os militantes n�o levaram todo o alimento porque queriam deixar um pouco para a Associa��o para o Desenvolvimento e Solidariedade da Uni�o (USDA), parte de outra mil�cia pr�-governo do pa�s e que tem inten��es de concorrer nas elei��es de 2010.
A USDA, que conta com cerca de 24 milh�es de afiliados e � aprovada pela Junta Militar, � usada pelo governo para intimidar opositores. Seus membros patrulham as ruas das principais cidades do pa�s, armados com paus para golpear estudantes e ativistas.
Em 2003, v�rios de seus militantes participaram de um ataque contra a caravana da l�der da oposi��o, Aung San Suu Kyi, em um confronto que causou mais de cem mortes.
O ciclone Nargis passou pelo sul de Mianmar entre os dias 2 e 3 e deixou mais de 23 mil mortos e outros 42 mil desaparecidos. Com a destrui��o de muitas vilas e casas da regi�o, cerca de 1,5 milh�o de pessoas est� desabrigada.
Diante da maior cat�strofe vivida pelo pa�s, o governo da Junta Militar, que comanda o pa�s desde 1962, dificulta a chegada da ajuda internacional e recusa a entrada de especialistas estrangeiros nas �reas devastadas pelo ciclone.
Com ag�ncias internacionais
Governo de Mianmar coloca nome de generais em caixas com ajuda internacional
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