Categoria Policia  Noticia Atualizada em 12-05-2008

Mãe de Isabella fala da entrevista de casal ao Fantástico
Ana Carolina Oliveira deu entrevista exclusiva ao "Fantástico". Por justiça, ela afirma estar preparada para ser testemunha de acusação.
Mãe de Isabella fala da entrevista de casal ao Fantástico
Foto: www.g1.com.br

Na segunda parte da entrevista exclusiva exibida no "Fantástico" deste domingo (11), Ana Carolina de Oliveira, mãe de Isabella, disse que as declarações de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá ao mesmo programa no dia 20 de abril não foram "nem um pouco" convincentes (veja como foi essa entrevista do dia 20).

Além disso, ela contou que conversava muito pouco com o pai de Isabella e que, por justiça, está preparada para ser testemunha de acusação. A seguir confira a segunda parte da entrevista exclusiva.

Como era a sua relação com o pai de Isabella?

Muito pequena.

Você não conversava muito com ele?

Muito não, não conversava.

Nada?
Nada.

E com quem você tratava, lidava dos assuntos sobre a Isabella?

Com o pai dele. Eu procurava não ligar muito, eu resolvia tudo o que eu podia resolver. Escola, médico, todos os tipos de assunto em relação a ela eu tentava resolver. Quando o assunto era ele, ou envolvia alguma coisa com ele, aí eu conversava com o pai dele. E era ele quem fazia esse intermédio, conversava com ele, conversava comigo.

Por que isso, foi um acordo entre vocês?

Não.

Ele pediu para não falar com você?

Não, ele nunca quis conversar comigo. Uma maneira que a gente encontrou de se comunicar era através do pai dele, ele sempre intermediou tudo.

Como era a relação da Isabella com o Alexandre, com o pai?

Ela me falava pouco da relação deles. Ela me contava muito dos irmãos, que ela tinha dançado, passeado e dos irmãos. Sobre os irmãos era uma coisa que ela contava muito. Agora, da relação deles, ela não dava ênfase a esse assunto.

Ela falava para você se ele era um bom pai?

Não, ela nunca chegou a esse tipo de comentário. Acho também que ela era muito novinha para chegar a um bom pai ou não ser um pai.

Isso era tudo que ela falava, mais nada?

Eu sempre perguntei, "como foi o seu final de semana? O que você fez, onde você foi?" Ela falava às vezes "ah, mãe, eu não lembro!" Como não lembra, aconteceu hoje, você tem que lembrar. Aí ela falava dos irmãos, que ela chamava o Pietro de Titi. "O Titi estava nervosinho, fez isso, não gostou disso".

O pai pagava pensão alimentícia para a filha?

O pai pagava pensão alimentícia para a filha. Ele pagava. Às vezes tinha atrasos, algumas coisas, era com o pai dele que eu tratava.

O pai ou o Alexandre?

O pai do Alexandre. Era tudo com o pai do Alexandre.

Você pode dizer quanto ele pagava de pensão?

R$ 250.

Em uma parte do seu depoimento, você comenta algumas vezes que ele teria ficado transtornado, enfim, perdido a cabeça, agido com um pouco de violência, e, em uma das vezes, ele teria ameaçado a sua mãe de morte. Isso aconteceu mesmo?

Nós nos separamos quando a nossa filha tinha 11 meses. Quando isso aconteceu [a ameaça], nós já estávamos separados há algum tempo. Eu precisava trabalhar e, como meus pais têm comércio, ficava difícil de conciliar. E eu a coloquei na escola e ele não aceitou. Ele foi à minha casa brigar e eu tive que sair do trabalho para ir para a porta da minha casa encontrar com ele. Houve uma grande discussão porque ele achava que essa idéia da escola era da minha mãe.

Você ficou assustada?

Assustada com tudo isso. Eu enfrentei.

Como?

Enfrentei, não tive medo dele em segundo algum, quando ele falava, eu vou matá-la, eu vou matar vocês, ele ia resolver a maneira que ele tinha para fazer, mas ali eu estava para enfrentá-lo.

Como era a sua relação com a Anna Carolina Jatobá?
Nós tínhamos pouca relação. Nos falávamos pouco em relação à Isabella, quando era algum recado que não podia ser por ela. Quando eu ligava, porque eu tinha o número somente do celular dela, quando eu ligava, ela já via que era o meu número e já chamava a Isabella, passava o telefone. Era a minha filha que atendia o telefone.

Você acha que ela sentia ciúmes de você?

Sim.

Por quê?

Não sei, eu nunca dei motivo.

Mas por que você achava isso?

Não era eu que achava, ele que me falou algumas vezes e a família dele também me falava. Não fui quem tirei essa conclusão. Foram eles que me contaram.

Como era a relação da Isabella com Anna Carolina Jatobá, a Isabella te contava?

Ela me contava como uma relação normal. Ela nunca, ela era uma criança que contava as coisas, ela chegava em casa contando as coisas. E ela contava, eu perguntava, quem cuidou dela, quem fazia as coisas para ela, ela me falava que era a Tia Carol.

Alguma vez a Isabella relatou qualquer história de violência ou agressão por parte da madrasta?

Não.

Eu pergunto por que em outra parte do depoimento você conta que a Isabella algumas vezes voltava para casa com manchas roxas no corpo e beliscões. Tinha explicação para isso, ela dava alguma explicação para você?

Ela e o Pietro tinham. O Pietro era uma criança que tinha uma idade maior. Então já tinha o entendimento de algumas coisas. Pelo que ela me explicava, ele tinha muito ciúmes de brinquedo, um não podia pegar o brinquedo do outro. Às vezes ele, sei lá, por alguma coisa entre eles, ele dava um beliscão. Ela chegava em casa falando "ai, mamãe, o Pietro me beliscou". "Por que ele te beliscou?"


Qual foi sua reação à nova decretação de prisão do casal?

Eu acho que a Justiça está começando a ser feita.

Você acha que a prisão foi justa?

Sim.

Como é conviver com a idéia de que o pai é um dos suspeitos pela morte da própria filha?
É difícil. É muito difícil saber que uma pessoa tenha a capacidade de chegar nesse nível.

Você nunca tinha imaginado que isso pudesse um dia acontecer?

Nunca. Até porque você, seja no meu caso, ou seja em tantos outros casos, você não consegue imaginar como um pai, como uma pessoa que tem filhos, como uma mãe, ou qualquer pessoa que seja pai tenha a capacidade de destratar uma criança.

Assim como a polícia, você acredita que eles são os suspeitos disso tudo?
Sim.

Você inclusive diz isso no depoimento que você deu à polícia, que você acredita que Alexandre e Anna Carolina possam estar, de alguma forma, diretamente envolvidos com tudo o que aconteceu. É coração de mãe que diz isso?

Também.

Você comentou comigo que você assistiu à entrevista que o casal deu ao Fantástico para o Valmir Salaro. O que você achou da entrevista? Você acha que ela foi convincente?

Nem um pouco.

Por quê?

Eu não, eu posso te falar que eu não achei que ela foi convincente, mas prefiro não dar detalhes do que aconteceu naquele dia.

Em um momento da entrevista ela [Anna Carolina] diz algumas coisas, que se referem à Isabella e que de certa forma atingem você. Uma delas foi dizer que algumas vezes a Isabella a chamava de mãe. Você sabia disso, você concorda com isso?

Olha, nós tínhamos uma relação de cumplicidade, de mãe e filha. Nós éramos parceiras, éramos amigas e ela tinha inteira confiança de que ela tinha uma mãe. Eu não deixei em dúvida em segundo algum que eu não era a mãe dela, a mãe dela existe. A mãe dela está aqui, então ela não tinha outra mãe.

Você sentia toda essa reciprocidade dela?

Com certeza.

Em outro momento da entrevista, a Anna Carolina Jatobá diz que Isabella gostava tanto deles que já tinha pedido para morar com eles. Em algum momento ela falou isso para você?

Nunca. Depois que eles montaram o apartamento e que ela tinha um quarto e que eles deram tudo, o quarto, material, eu acredito que ela possa ter recebido uma proposta: você tem tudo para você morar com a gente. Ela não tinha, nem nunca teve, nenhum motivo para sair dali. Na minha casa ela tinha carinho, tinha afeto, na minha casa ela tinha uma família.

Você não acredita que isso tenha partido dela?

Com certeza não.

"Às vezes ela tomava banho comigo, ela fazia assim, Tia Carol, no boxe, no vapor, (desenha um coração) olha o amor que eu sinto por você, ela fazia um coraçãozinho". Você lembra desse momento?

Sim.

O que você acha disso?

Ela fazia isso cada vez que ela ia tomar banho, era um costume dela desenhar no boxe. Era um costume dela desenhar bonequinha. Ela me desenhava e ela, coração, eu e ela. Quando ela tomava banho com a minha mãe, era um coração para a minha mãe. Era um costume dela fazer coração, fazer coraçãozinho para todo mundo.

Logo depois que isso tudo aconteceu, o pai do Alexandre Nardoni se referiu a você como uma pessoa, de uma certa forma, como uma pessoa esquentadinha. O que você sentiu, o que você acha de tudo isso?

Acho que quando mexem com um filho seu, não tem ninguém que não seja esquentadinha. Quando ele se referiu a mim, com certeza foi a momentos ligados à minha filha, porque era esse o único contato que nós tínhamos. Se algum dia eu briguei, algum dia eu lutei, foi somente pela minha filha.

O promotor Francisco Cembranelli disse que acredita que tudo isso aconteceu por ciúmes. Você acredita nisso, você acha que seja possível?

Acho possível sim.

Ciúmes com relação a você, com relação à Isabella?

De uma forma ou de outra, a imagem dela era a minha imagem – simbolizava – claro.

Outra coisa que ele fala é que esse processo de julgamento deve durar bastante, como você pretende acompanhar isso tudo?

Eu já tenho uma advogada ingressando no processo, eu vou acompanhar isso de frente.

E você é, inclusive, uma das testemunhas de acusação, certo?

Certo.

Você está preparada psicologicamente para tudo isso?

É exatamente isso que eu te falo, onde eu busco forças, porque se eu me entregar, eu posso não ajudar em tudo o que está acontecendo. É aí que eu busco e peço forças a Deus, que ele me ajude para eu poder ajudar, porque eu vou ajudar, no que eu puder, eu vou ajudar.

Por justiça?

Por justiça, pela justiça, porque a justiça vai ser feita.

Você faria alguma coisa diferente se você tivesse uma segunda chance?

Eu fiz tudo, tudo por ela. Eu não fiquei devendo nada nessa vida para ela, nada. O meu amor de mãe, a minha dedicação, tudo eu fiz por ela enquanto ela estava comigo.

Esse vai ser o seu primeiro Dia das Mães sem a Isabella, como fica o seu coração nessa hora?

Eu não procurei pensar como vai ser o meu dia, mas acho que vai ser o dia mais triste da minha vida. Vai ser o sétimo ano da minha vida que eu não sei o que é não ser mãe. Eu sou mãe, vou me considerar mãe para o resto da vida, mas eu não sei o que é não ter um abraço. Tudo o que eu sinto, e o que vai acontecer comigo, vai ser junto com a minha mãe.

Você gostaria de deixar alguma mensagem para esse Dia das Mães?

Primeiro eu quero agradecer a todas as pessoas que estão me ajudando. Vou continuar lutando pela minha filha enquanto eu estiver aqui, em nome dela. E dizer que eu acredito que a justiça vai ser feita nesse país.

Mãe de Isabella diz que entrevista de casal ao Fantástico não foi convincente
Ana Carolina Oliveira deu entrevista exclusiva ao "Fantástico".
Por justiça, ela afirma estar preparada para ser testemunha de acusação.

Fonte:

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir