Categoria Politica  Noticia Atualizada em 13-05-2008

Lula diz que adotará diárias no governo
Presidente esteve na noite desta segunda no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Lula diz que adotará diárias no governo
Foto: www.g1.com.br

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (12) em São
Bernardo que pretende adotar no governo federal o sistema de pagamento de despesas
por diárias "para acabar com as sacanagens", assim como disse ter sido convencido a fazer, na década de 1970, pelo então diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Mariano Palma Villalta.

Lula participou na noite desta segunda (12), no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo (SP), da comemoração dos 30 anos da greve da Scania, liderada por ele próprio, em 12 de maio de 1978, quando presidia o sindicato.

O ministro Jorge Hage, da Controladoria-Geral da União, disse que o presidente iria assinar um decreto restabelecendo o pagamento de diárias com valor fixo para ministros. Atualmente, as despesas com hospedagem dos integrantes do primeiro escalão são pagas por meio de cartões corporativos, alvos de investigação por uma CPI no Congresso.

Depois de saudar Mariano Villalta ao discursar no sindicato, Lula se referiu à intenção de aplicar a sistemática de apresentação de diárias na administração federal.

"Estou vendo, aqui, o meio quilo, Mariano Palma Villalta, nosso companheiro diretor do sindicato, companheiro do conselho-fiscal, que brigava tanto para as notas do Sindicato estarem em dia. Brigava tanto que me obrigou instituir a diária no sindicato, coisa que eu quero fazer no governo federal para acabar com sacanagem, instituir logo a diária para todo mundo saber."

Mariano Villalta disse que em 1979 era presidente do Conselho Fiscal do sindicato. Por decisão da diretoria, todos os gastos efetuados por diretores e funcionários passaram, desde então, a ter exigência de comprovação com nota fiscal. "As notas fiscais passavam todas pelas minhas mãos", disse Villalta.

Segundo o ex-diretor, em uma ocasião, o próprio Lula deixou de trazer a comprovação de uma despesa. Ele disse ter cobrado o então presidente do sindicato e exigiu a nota. "Marianinho, pode ficar tranqüilo que eu vou te trazer essa nota fiscal", teria dito Lula, segundo Villalta, que afirmou ter, de fato, recebido a nota posteriormente.

No sindicato
Durante o evento em São Bernardo, cerca de 300 pessoas assistiram ao documentário "Linha de Montagem", de Renato Tapajós, que conta a história das greves do ABC em 1980 e a contribuição do movimento sindical da região para a redemocratização do país. No filme, personagens históricos como Dom Cláudio Hummes, que mais tarde viria a ser cardeal arcebispo de São Paulo, pedia aos metalúrgicos que não se expusessem e confiassem em seus líderes. Elis Regina e Gonzaguinha cantavam em shows para arrecadar dinheiro para o fundo de greve. E faixas do PMDB protestavam contra a intervenção federal no sindicato.

Em discurso emocionado, pouco depois do filme, Lula deixou claro que a greve da Scania foi marcante em sua vida. "A greve da Scania foi a primeira lição que eu tive na vida. A lição de você fazer um acordo e não ser cumprido. A lição de ser chamado de traidor. A lição de perder a confiança daqueles que tinham depositado os seus destinos em nossas mãos", disse o presidente.

Lula disse que resistiu às pressões para acabar com a greve de 1980, ano em que ele foi preso pela ditadura militar (1964-1985) e liderou a criação do Partido dos Trabalhadores. "Eu estava preso e não eram poucos os que diziam: ô Lula, manda uma cartinha para o pessoal acabar com a greve. Eu dizia: "Não!Fui chamado de traidor em 1979. Agora, se depender dessa boca aqui, não tem fim de greve não. Eu quero ver até onde a gente agüenta. Porque não vou ser chamado de traidor em porta de fábrica."

De acordo com o presidente, o trabalhador ganhou representatividade nas montadoras do ABC, realidade que, segundo ele, ainda não é vista em boa parte do país. "Hoje quando chego na empresa eu vejo jornalzinho transitando na linha de montagem e comissão de fábrica. São conquistas históricas que o Brasil inteiro ainda não conquistou."

A festa reuniu antigos amigos de Lula, mas também aqueles que se afastaram do petismo e só recentemente voltaram ao grupo. Gilson Menezes, que dirigiu a greve da Scania, mais tarde foi prefeito de Diadema pelo PT, mas abandonou o partido. Durante
o governo Lula, deixou-se filmar acorrentado a uma coluna para protestar contra a
demora no pagamento de uma indenização.

De advogado do sindicato e primeiro prefeito de São Bernardo eleito pelo PT,
Mauricio Soares abandonou o partido e foi eleito mais duas vezes por partidos de oposição ao PT, entre os quais o PSDB.

Lula disse que embora pareçam muito para uma pessoa, 30 anos foi um tempo curto para as conquistas que ele e os metalúrgicos do ABC conseguiram: "E eu, de vez em quando, companheiros, quero dizer para vocês que eu estou deitado, lá em casa, fico olhando para o teto e fico imaginando: "Será que é verdade que eu sou o Presidente da República? Será que é verdade?"

Lula diz que adotará diárias no governo para "acabar com a sacanagem"
Presidente esteve na noite desta segunda no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Ele participou de eventos dos 30 anos da greve Scania, que liderou em 1978.

Fonte: RONEY DOMINGOS

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir