Categoria Politica  Noticia Atualizada em 13-05-2008

CPI aprova convocação de secretário da Casa Civil
A presidente da CPI dos Cartões Corporativos, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), e o relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), participam de reunião da comissão
CPI aprova convocação de secretário da Casa Civil
Foto: Marcello Casal /Agência Brasil

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

A CPI dos Cartões Corporativos aprovou nesta terça-feira o requerimento de convocação do secretário de controle interno da Casa Civil, José Aparecido Nunes Pires, e do assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), André Fernandes. Aparecido é acusado de vazar o dossiê com gastos da gestão Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Fernandes é acusado de receber de Aparecido o dossiê com gastos da gestão FHC.

A base aliada do governo decidiu apoiar o depoimento do secretário porque avalia que não será possível "blindá-lo" depois que o ITI (Instituto de Tecnologia da Informação) --vinculado à Casa Civil-- identificou que o vazamento saiu do computador do servidor.

"Seria muito ruim para a CPI concluir seu trabalho sem explicar esse fato. Não podemos proteger nem perseguir ninguém", disse o relator da comissão, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ).

A pedido do relator, a presidente da CPI, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), prometeu marcar os depoimentos de Aparecido e Fernandes após a comissão receber cópias da íntegra dos depoimentos concedidos pelos dois servidores à Polícia Federal --no inquérito que investiga o dossiê. "Vamos fazer a solicitação à PF hoje, agora. Se puder nos entregar isso amanhã, marco os depoimentos nesta quinta-feira", afirmou a senadora.

Os governistas reivindicam que Aparecido e Fernandes prestem depoimento no mesmo dia à CPI para evitar privilégios a um dos dois. "O ideal é que o depoimento de ambos seja no mesmo dia, para que não usem argumentos que foram privilegiados ou tiveram mais tempo para se preparar. Mas o ideal é que tenhamos isso o mais rápido possível, sem a necessidade de prorrogar a CPI porque a sociedade cobra proposta da CPI para moralizar essa situação", defendeu Sérgio.

Para poupar Dilma

A estratégia dos governistas é apoiar o depoimento de Aparecido para evitar que a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) seja novamente convocada para prestar esclarecimentos à CPI. A base aliada está disposta a evitar a qualquer custo a convocação de Dilma, uma vez que tem maior número de parlamentares na comissão.

A oposição, por sua vez, insiste na convocação da ministra para desgastá-la politicamente. Os oposicionistas consideram que Dilma foi a responsável por mandar confeccionar o dossiê --o que teria sido executado pela secretária-executiva do órgão, Erenice Guerra.

Sem número de deputados e senadores suficiente para aprovar a convocação de Dilma, a oposição vai tentar convocá-la amanhã para prestar depoimento na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) --onde governo e oposição tem maior correlação de forças.

Dias reiterou que o seu assessor, embora esteja de férias, está à disposição da CPI para prestar depoimento quando os parlamentares "acharem conveniente". O tucano ironizou o afastamento de Aparecido da Casa Civil depois que o ITI revelou que o vazamento ocorreu do computador de trabalho do servidor. O senador disse que não vai demitir Fernandes, ao contrário do que fez o governo com Aparecido.

"Eu não abriria mão dele em hipótese nenhuma. Foi legal e honesto para quem o chefia e está à disposição desta CPI para esclarecer o que for necessário", disse o senador.

A estratégia dos governistas é deixar que Aparecido enfrente, sozinho, o desgaste pelo vazamento do dossiê para evitar que a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) seja responsabilizada pela confecção do material.

O deputado Silvio Costa (PMN-PE) disse à CPI que a base aliada não vai permitir "de jeito nenhum" a convocação de Dilma nem da secretária-executiva do órgão, Erenice Guerra.

"A Dilma e a Erenice não vão ser convocadas de forma nenhuma porque não vamos fazer o jogo da oposição", enfatizou Costa.

O deputado Vic Pires (DEM-PA) reagiu às afirmações do parlamentar ao afirmar que a oposição não é "bobo da corte" para seguir os rumos impostos pelo governo na comissão.

"O Brasil inteiro viu que o governo escondeu a Dilma. Por um cochilo do governo, conseguiram convocá-la em outra comissão. Aqui na CPI nos tratoraram para que a ministra não viesse. Não somos bobos da corte", afirmou.

Acareação

Os governistas também não descartam uma acareação entre Aparecido e Fernandes para esclarecer detalhes sobre o vazamento do dossiê. O deputado Carlos Willian (PTC-MG) prometeu apresentar requerimento com o pedido de acareação entre os dois acusados do vazamento.

O deputado criticou, no entanto, a condução dos trabalhos da CPI --que na sua opinião age de acordo com os rumos das denúncias divulgadas pela imprensa. "Essa CPI tem que retomar o rumo porque não somos corpo de bombeiros para ficar aqui apagando incêndio", enfatizou.

Serrano rebateu as críticas à condução dos trabalhos da CPI. "Nenhum parlamentar sairá menor desta comissão", enfatizou.

CPI aprova convocação de secretário da Casa Civil e assessor de tucano para explicar dossiê.

 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir