Categoria Economia  Noticia Atualizada em 15-05-2008

De olho no etanol, Merkel evita críticas ao programa
Em entrevista ao "Jornal da Globo", Merkel fala sobre a questão dos biocombustíveis. Chefe do governo alemão está no Brasil para assinar um acordo sobre etanol.
De olho no etanol, Merkel evita críticas ao programa
Foto: www.g1.com.br

A Alemanha está atrás do etanol brasileiro, desde que o governo brasileiro garanta que não haja trabalho escravo em plantações de cana-de-açúcar, nem a derrubada da Floresta Amazônica para produção de biocombustíveis. A chefe do governo alemão, Angela Merkel, que veio ao Brasil assinar um acordo sobre etanol, deu uma entrevista exclusiva ao "Jornal da Globo", em Brasília.

A viagem de Angela Merkel ao Brasil – ou Anguela, como dizem os alemães – é um exercício de equilíbrio político. Ela evita criticar um programa de biocombustíveis, o do Brasil, que ela mesma considera positivo, e que é o orgulho do presidente Lula.

Mas não pode ignorar os críticos na Alemanha e na Europa, que associam a produção de etanol ao trabalho escravo e os biocombustíveis à fome no mundo e ao desmatamento na Amazônia.

"Eu me informei, e de fato, as condições de trabalho são tais que nós temos que levantar questões. Essas questões são levantadas já por sindicatos, pela Igreja, por organizações ambientalistas. Mas isso não significa que não se deva produzir biocombustíveis. Significa que temos de conversar sobre as condições sob as quais os biocombustíveis são produzidos. Por isso, elaboramos um acordo com o Brasil, no qual queremos desenvolver novas energias, eficiência energética e sustentabilidade. Essa discussão tem de ser levada adiante, e não pela primeira vez agora. Isso aconteceu com a produção de petróleo, com toda nova técnica industrial, na indústria química, e da mesma maneira isso tem de acontecer aqui. O que não podemos é comprar etanol barato, produzido em condições de salários desumanos ou ao preço da saúde das pessoas envolvidas na produção", explicou.

Sobre o desmatamento da Amazônia, que deixa o Brasil numa posição vulnerável em negociações internacionais sobre o clima, a chefe do governo alemão disse que o planeta "pertence a todos", e temos de tomar conta dele.

"Se o Brasil destrói muita floresta, isso tem como conseqüência o aumento das emissões de CO2. Nesse sentido, existe uma responsabilidade mútua, sobre a qual temos de conversar de maneira cooperativa", declarou.

Demissão de Marina Silva
Sobre o pedido de demissão da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, um símbolo internacional, Angela disse preferir não se intrometer em assuntos internos do governo brasileiro, e disse esperar que o país encontre uma nova voz em relação ao meio ambiente.

"O Brasil tem uma voz de peso, mundialmente falando, nas negociações internacionais, tem a maior biodiversidade. Nós queremos ajudar o Brasil para que esses recursos não sejam desperdiçados. Nesse sentido, precisamos de um governo brasileiro forte, e acho que poderemos trabalhar muito bem com presidente", disse.

Durante o encontro com a chefe do governo alemão, o presidente Lula ofereceu-se para mediar entre ela e Hugo Chávez, que recentemente a ofendeu, fazendo comparações com Hitler, mas a chefe do governo alemão recusou a oferta.

Na entrevista ao "Jornal da Globo", disse não se importar com o fato de políticos latino-americanos reagem com muita sensibilidade a críticas vindas de europeus. "Acho que todos nós políticos somos sensíveis a críticas, e é até bom que políticos tenham essa sensibilidade, sempre eles são capazes de ouvir. Isso é muito útil. Sei apenas que eu consigo trabalhar muito bem com os políticos brasileiros", completou.

De olho no etanol, Merkel evita críticas ao programa de biocombustíveis brasileiro
Em entrevista ao "Jornal da Globo", Merkel fala sobre a questão dos biocombustíveis.
Chefe do governo alemão está no Brasil para assinar um acordo sobre etanol.

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir