Junta Militar garantiu ter condições de administrar estragos causados por ciclone
Foto: Reprodução A Junta Militar de Mianmar (ex-Birmânia) voltou a invocar nesta quinta-feira (15) a "independência" do país para reafirmar que está em condições de administrar a extensa operação de ajuda às vítimas do ciclone Nargis, enquanto o acesso às zonas afetadas continua sendo difícil para os voluntários humanitários estrangeiros.
"Os birmaneses aceitam qualquer forma de ajuda estrangeira com gratidão, qualquer que seja o valor", afirma um editorial do jornal oficial "New Light of Myanmar". "No entanto, não confiam muito na assistência internacional e reconstruirão a nação com base na independência", acrescenta o jornal, controlado pela Junta Militar.
Desde 1962, quando o general Ne Win assumiu o poder em Mianmar, praticamente todas as autoridades militares locais insistem no tema de que "a nação birmanesa deve contar antes de mais nada com ela mesma", lembram os analistas. A atitude acentua o isolamento do país.
Apesar de Mianmar receber aviões carregados de ajuda internacional, o regime continua limitando a presença de voluntários estrangeiros nas áreas mais afetadas pelo ciclone Nargis, que deixou mais de 30 mil mortos e desaparecidos, segundo um balanço oficial.
A catástrofe provocou 2 milhões de desabrigados, e a Junta insiste em querer controlar a distribuição de ajuda internacional, o que retarda as operações de socorro e limita a quantidade de vítimas que recebem um auxílio efetivo.
Doenças
A ameaça em Mianmar agora são as doenças: a dengue e a malária. As marcas da tragédia que assolou Mianmar ainda estão em todos os pontos do país. A destruição e a miséria fazem deste um dos cenários mais tristes do mundo.
Novas chuvas e ventos fortes agravam a situação. A ajuda humanitária chega dos Estados Unidos e da União Européia, mas os mantimentos e medicamentos são insuficientes para atender a população de dois milhões e meio de necessitados de comida, água potável e abrigo.
A ONU calculou em mais de um milhão de desabrigados e, pelo menos, 128 mil mortos – um número cinco vezes maior do que o que tinha sido divulgado pelo governo de Mianmar.
Muitos corpos ainda estão espalhados, à espera de resgate. Na medida em que o tempo passa, aumenta o risco de uma nova onda de mortes, provocadas por doenças como malária e dengue, endêmicas no país.
Governo de Mianmar diz não confiar muito em ajuda de fora. Junta Militar garantiu ter condições de administrar estragos causados por ciclone.
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