Categoria Geral  Noticia Atualizada em 20-05-2008

Demora na ocupação deixa Vila do Pan com jeito de fantasma
Habite-se para que apartamentos pudessem ser ocupados só saiu em março
Demora na ocupação deixa Vila do Pan com jeito de fantasma
Foto: Alba Valéria Mendonça/ G1

À primeira vista, a impressão é de que a Vila do Pan, em Jacarepaguá, na Zona Oeste da cidade, se transformou num condomínio fantasma. Quase não há sinal de vida na área do condomínio formado por 17 prédios.

Só agora, quase um ano depois da realização dos Jogos Pan-americanos – quando cerca de oito mil atletas ocuparam a Vila - os verdadeiros proprietários começam a se acomodar em alguns dos 1.480 apartamentos.

Segundo o gerente da obra, o engenheiro Roberto Saad, 250 unidades estão habitadas.

Onde na época da Pan funcionava a entrada principal da Vila e o refeitório dos atletas, na frente do condomínio, atualmente há tapumes escondendo um enorme terreno, onde a construtora Agenco vai erguer um shopping center. O acesso dos moradores é feito pelas vias 5 e 6, nas laterais. A Via 5, onde parte do terreno cedeu antes do Pan, está sendo recuperada.

"O shopping é independente da Vila do Pan. Mas depois de pronto, vai valorizar muito a região", disse Saad, acrescentando que as obras devem começar ainda este mês e devem durar cerca de dois anos.

Burocracia adia moradia
A demora na ocupação, deve-se a dois fatores. Devido a problemas burocráticos, somente em meados de março deste ano a prefeitura liberou o Habite-se para que os proprietários possam morar nos apartamentos. Além disso, segundo Saad, há quem tenha comprado as unidades como forma de investimento.

"As pessoas estão se mudando aos poucos. Tem muito morador que está tirando as medidas dos cômodos para a compra de móveis, enquanto outros estão fazendo obras, cuidando de detalhes de decoração, como instalação de blindex, pintura e rebaixamento de teto. Mas há também quem tenha comprado para alugar ou vender", disse Saad, que já entregou as chaves a aproximadamente 900 proprietários.

Segundo a assessoria da construtora Agenco, dos 1.480 apartamentos de uma, duas, três ou quatro suítes, somente 82 ainda estão à venda. A maioria, unidades mais caras, de três e de quatro suítes, tem preços entre R$ 450 mil e R$ 600 mil.

Quem já está morando na Vila, como Maria Marlene e José Geraldo Marques, está aproveitando para curtir o condomínio vazio. O casal, que morava na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, comprou um apartamento de uma suíte na Vila do Pan.

"Nos mudamos oficialmente no dia 1º de maio. Mas já estávamos vindo aqui passar o dia, preparando a mudança. Pintamos algumas paredes, instalamos armários planejados na casa. No fim de semana, reunimos a família e fizemos um churrasco na área da churrasqueira", contou José Geraldo.

Maria Marlene aproveita os dias ensolarados e os poucos vizinhos para caminhar em volta do lago e relaxar. Desde que se mudou, costuma tomar banho de piscina nos dias de calor e fazer sauna.

"A academia de ginástica já está pronta, mas ainda estão instalando os equipamentos. Mas a tendência é de que tudo esteja funcionando quando a maioria do pessoal chegar para morar. Aos pouquinhos a gente vai percebendo que todo dia chega um morador novo. Como o condomínio é muito grande, o movimento ainda é pequeno. Mas já temos percebido caminhões de mudança e de móveis chegando", observou a moradora.

Clube iria ocupar área de favela
Saad diz que a parte da construtora está pronta. Depois do Pan, todos os apartamentos foram vistoriados, repintados e estão prontos para morar. Segundo o engenheiro, ainda falta construir o clube com quadra poliesportivas, que pelo projeto, ficaria do outro lado do Arroio Fundo, onde existe uma favela.

"Fizemos a nossa parte. Os prédios estão prontos para morar. Mas pelo acordo que fizemos com a prefeitura, a favela deveria ser removida para que pudéssemos construir o clube. Mas há um processo por parte dos moradores da comunidade em andamento. Enquanto esta questão não se resolve, estamos fazendo um novo planejamento para construir o clube no lugar onde seriam erguidos dois dos prédios que ainda faltam", explicou o engenheiro.

Além da falta de moradores, segundo José Geraldo, o que pode dar a impressão de abandono da Vila do Pan é a não conclusão de obras de urbanismo que deveriam ter sido feitas pela prefeitura.

"A obra da duplicação da Avenida Ayrton Senna está parada. Além do mais, a prefeitura também parou a construção da passarela. Sem ela, é impossível atravessar as pistas. Para não ser atropelado, a gente é obrigado a pegar um ônibus para dar a volta e descer na porta do condomínio", reclamou o morador.

Procurado para responder às críticas e reclamações, o prefeito Cesar Maia não respondeu até o fechamento da reportagem.

Demora na ocupação deixa Vila do Pan com jeito de fantasma. Habite-se para que apartamentos pudessem ser ocupados só saiu em março.

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Por:  Felipe Campos    |      Imprimir