Categoria Policia  Noticia Atualizada em 26-05-2008

Perito da defesa diz que Isabella não foi asfixiada
Para legista, houve precipitação na elaboração de laudo sobre a causa da morte. Na quarta-feira (28), casal acusado do crime será ouvido pelo juiz do caso.
Perito da defesa diz que Isabella não foi asfixiada
Foto: Diário de S.Paulo/Arquivo

O médico-legista George Sanguinetti, de Alagoas, apresentou nesta segunda-feira (26) sua avaliação sobre os laudos periciais da morte da menina Isabella, em 29 de março. Ele foi contratado pelos advogados do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, pai e madrasta da menina, para auxiliar na defesa.

Logo no início de sua apresentação, o legista deixou claro que Isabella não foi morta por asfixia, ao contrário do que afirma o laudo. "Não há asfixia mecânica por esganadura sem marcas externas. Não há como. Não houve esta violência", afirmou.

O principal motivo da morte, segundo ele, foi trauma craniano. "A criança possui várias lesões cerebrais", disse, sem especificar as causas destas lesões.

Para o especialista, houve precipitação por parte dos peritos do Instituto de Criminalística e do Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo na elaboração dos laudos. "Talvez a pressa, talvez a cobrança, talvez a pressão, não sei. O laudo é inservível, está incorreto", disse, sobre a atuação dos legistas paulistas.

Erros grosseiros
Antes da entrevista desta segunda, Sanguinetti havia adiantado à reportagem do G1 no domingo (25) que os documentos que embasaram as investigações possuem erros "grosseiros". O médico-legista afirmou que trouxe para São Paulo um parecer pronto, assinado por ele e outro especialista, para ser entregue ao juiz responsável pelo caso mostrando os erros dos laudos e que "não há valor probante (que prova) do que foi entregue".

Para Sanguinetti, sua avaliação deve mudar os rumos do caso uma vez que, com ele, "desaparecem" o carro e o interior de apartamento como lugares em que a menina tenha sofrido agressões. "Não são os locais da cena do crime, é o local. Quero que sejam punidos (os culpados). Sou pai e tenho família. Agora o que não pode é se fazer ilação, se fazer achismo. Eu vou provar tecnicamente para o Brasil que não tem esses lugares (no crime)."

Procurada pela reportagem do G1, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) disse que não iria se pronunciar sobre o assunto.

Vereador em Maceió, George Sanguinetti é especialista em medicina-legal formado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Ele é coronel-médico reformado pela Polícia Militar de Alagoas, ex-diretor do IML de Maceió e lecionou medicina-legal na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) por 32 anos. Ele atuou no caso da morte do empresário PC Farias.

Justiça
Também nesta semana o casal deve ser ouvido pelo juiz Maurício Fossen, o mesmo que decretou a prisão preventiva de ambos.

Neste domingo, os pais de Alexandre e de Anna Carolina foram visitá-los nas penitenciárias onde estão, no município de Tremembé, a 138 km da capital paulista. Antônio Nardoni e a mulher chegaram ao local por volta das 10h30 e lá permaneceram por cinco horas. Levaram livros, materiais de higiene pessoal, água, refrigerante, bolachas e o almoço de domingo.

Parte da bagagem ficou retida na portaria por passar da quantidade correta. Segundo ele, Alexandre está bastante ansioso para o depoimento à Justiça na quarta-feira. "Eu não sei o que o perito avaliou, mas estou bastante tranqüilo, acredito na inocência do meu filho e de Anna Carolina e estamos confiantes. Quero que a lei seja cumprida. Não estou pedindo favor a ninguém. Muita gente neste país, muitas vezes réu confesso, está solta e eles estão presos", disse Antônio Nardoni, que afirmou que a família não contratou Sanguinetti. "Ele se ofereceu para rever os laudos."

Na Penitenciária Feminina de Tremembé, os pais de Anna Carolina, Alexandre Jatobá e a mulher, chegaram meia hora depois do permitido para a entrada no presídio. Depois de uma hora e meia eles saíram emocionados e o pai disse que Anna Carolina tem recebido muitas cartas. "Ela me deu a missão de agradecer a todos que estão mandando cartas de solidariedade", afirmou.

Perito da defesa diz que Isabella não foi asfixiada
Para legista, houve precipitação na elaboração de laudo sobre a causa da morte.
Na quarta-feira (28), casal acusado do crime será ouvido pelo juiz do caso.

Fonte: SILVIA RIBEIRO

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir