Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 11-07-2008

RABO DE OLHO...
Será no próximo dia 19 á partir das 18:00 horas na Escola Polivalente hoje Domingos José Martins, em Marataízes
RABO DE OLHO...
Livro: Rabo de Olho. (Foto: Arquivo.maratimba.com)

Ela é enigmática? Extrovertida, irreverente! Sensível, ousada, audaciosa. Polêmica, futurista. Seus textos provocam reflexão. Assim é Luciana Maximo, uma escritora multifacetária que lançará em agosto, seu primeiro livro: Rabo de Olho. Vale a pena conferir a entrevista na integra...

Jornal Impacto Notícias - Luciana Maximo por Luciana Maximo é...

Luciana Maximo - Idealista, sonhadora, romântica, realista, barroca, modernista, naturalista, enfim, Luciana Maximo é uma mistura de estéticas literárias. Insatisfeita com o sistema, com a impunidade desse país, com as injustiças, com a corrupção, com a omissão, com o comodismo das pessoas. Luciana Maximo é formada em Letras/Literatura e pós-graduada em Gestão Escolar, enfim, é um ser humano que ama, que ainda acredita na humanidade e que aposta na EDUCUÇíO como mola para fazer pessoas conscientes de seus direitos e deveres.

JIN - O que a impulsiona a escrever?

LM - A paixão, o ódio, o amor. A dor, o orgasmo, as pessoas. A guerra, a paz, o silêncio, a solidão, a natureza, o descaso, a revolta. VIVER me impulsiona escrever!

JIN - Quando percebeu que seria uma escritora?

LM - Desde a época em que meu pai me contava histórias de João e Maria. Desde a adolescência quando escrevia ainda cheia de erros cartas de amor e conseguia juntar casais. Mais especificamente em 12/03/1999 quando minha irmã faleceu na UTI do Hospital Evangélico – CI. Na época havia um gerador de energia que não funcionava. Ela e mais duas pessoas faleceram porque precisavam de ar para respirar. Um artigo, na FOLHA-ES cujo titulo VIDAS X MÁQUINAS, na carta do leitor, mudou a realidade de muitas pessoas atualmente que hoje são beneficiadas com o gerador de energia. Não parei mais.

JIN - Ser professora e jornalista a incentivou a escrever?

LM - Ser professora, não! Ser educadora sim! Vejo o silêncio nos olhos de muitos perdidos alunos sem direção alguma. Angústia. Vejo projetos inacabados como vagões descarrilados em velhos trilhos enferrujados na Educação. A educação é sedução. O jornalismo é uma porta aberta ao grito. Na verdade grandes escritores da literatura brasileira passaram por uma redação de jornal. Citaria aqui, Euclides da Cunha que saiu de São Paulo destino a Canudos para cobrir a guerra e escreveu os Sertões. Rubem Braga, nosso mestre na crônica. O jornalismo me deu a fotografia do caos eu não digeri, resolvi escrever poesia.

JIN - Qual é a idéia central de Rabo de Olho?

LM - Rabo de Olho? O que seria um olhar de rabo de olho? Alguém desconfiado? É literatura marginal. Não tem compromisso com estética alguma. Aborda o cotidiano. Realidades de quem viu, ouviu, soube, e viajou. É um escarro na cara da sociedade, uma vomitada, se é pode se chamar assim. Maus profissionais na educação recebem homenagens em rabo de olho. Autoridades que abusam do poder, legisladores, enfim. Gente que faz marginais, foram olhadas e agora viraram poesia.

JIN - Quais são os temas abordados na publicação?

LM - Conflitos psíquicos, sociais, educação (descaso e omissão), política (corrupção, acordos & alianças), temas livres, amor e sexo proibido.

JIN - É uma obra direcionada?

LM - Sim, a pessoas que não têm idéia de que um beata espanca, de que um pastor contrata garotos de programa e paga com o dízimo. De que um grupo de políticos poderosos sacaneia na cara dura. É direcionada aos ratos, os assassinos sociais e mulheres mais lindas que tive o prazer de hospedar em meu elegante paiol.

JIN - Quanto ao lançamento, qual é sua expectativa?

LM - É ótima. Espero meus ex-alunos, alunos, boêmios, professores, espero amigos jornalistas, familiares, espero até os que me odeiam, os ratos os quem dirijo maior parte dos poemas. Estou otimista penso que devo autografar uma meia dúzia (risos).

JIN - "Rabo de Olho" pode guiar alguém a algum lugar ou é apenas um objeto desejo? Ou teria ainda outra definição?

LM - Rabo de Olho não é manual, não tem pretensão de guiar. Mas tem pretensão em provocar pessoas a escrever o que vêem o que sentem. Pretende fazer leitores, eu diria, seduzir e excitar. Por que não?

JIN - Como e quando surgiu o título?

LM - Nasceu de um bate papo com um designer que me conhece muito bem. Eu pensava em "Sussurros e Gemidos". Nasceu de uma sugestão, apenas. Eu adorei. Obrigada Wilson!

JIN - Quanto tempo de gestação?

LM - Desde 2005. A brincadeira começou no Orkut. Eu desejava bom dia aos meus amigos com poesias, eles gostavam, desde então não parei mais.

JIN - Como você define sua obra? Tem romance, ficção? Trata-se de narrações, crônicas, contos. Situe o leitor em Rabo de Olho...

LM - É uma coletânea de poesias. Ao final eu salpico umas crônicas. Não é romance, porque não tem um enredo, e não dou nome as personagens, nem tem foco narrativo.

JIN - Nasceu uma escritora. Filho único ou primogênito?

LM - Não, não não... único não. Tenho mais quatro livros no caminho. Um será somente contos eróticos. Vou narrar com muito bom humor as "trepadas", mais lindas que me contam e as que tive oportunidade de vivê-las. Estou produzindo um romance reportagem, (fato), um manual (como não ser chato ensinando gramática), e por último, quero fazer um autobiográfico (Eu & Elas – amor pretérito perfeito) será um romance.

JIN - Num país onde pouco se lê, como é ser escritor?

É fantástico! Acredito nos nossos educadores para fazermos leitores. É isso que faço. Eu vivo de escrita atualmente, faço assessoria de imprensa, escrevo para dois jornais, e de quebra ainda dou aulas e ministro oficinas de produção de texto. Dou aula particular de Redação..., ser escritor é ser fotógrafo de cenas únicas. É traduzir em palavras todo e qualquer sentimento. Não se pode pensar em dinheiro apenas, escrever tem de dar prazer. Por exemplo eu sinto prazer em esculachar um cachorro na minha coluna ESCULACHO. É escrita! Chego sentir uma ponta de prazer em saber que o sujeito se tortura, mas fica calado porque está errado.

JIN - Eu afirmei que pouco se lê no Brasil. Quais motivos você apontaria para este índice tão baixo de leitores, enquanto escritora, jornalista e professora? O preço das obras seria um dos fatores que influenciam?

LM - Preço não. Desinteresse! Um pai que dá um computador a um filho, um vídeo game, um MP3 ou 4, uma mochila de marca, um tênis caro, pode dar uma coleção de livros. Mas, os pais desses "pais" não os condicionaram a isso. Por isso, eles não sabem presentear com livros. Professores insatisfeitos com a profissão são assassinos de mentes, não seduzem, não encantam, não provocam, não são espelhos. Como dizer a uma pessoa que uma determinada laranja é doce, se jamais a experimentou. Existe uma preguiça que assola a humanidade. As pessoas não querem pensar, querem que pensem por elas, por isso tantas vacas de presépio. Por isso esses caras usam e abusam do poder. Quem não lê, é um alienado, em um país onde se tem ainda voto de cabresto, precisa-se investir em times de futebol, dar cestas básicas, dentaduras, livros não. Por que a grandes empresas não patrocinam literatura? Por quê? Candidatos adoram dar jogos de camisa, caixas de cerveja...

JIN - Como você analisa a produção literária brasileira atualmente? Já foi melhor ou pior? Digo sob ponto de vista editorial e literário...

LM - Sempre se têm coisas novas. A Submarino, por exemplo, tem vários lançamentos de grandes títulos e o legal é que surgem novos escritores cada dia. Parati está ai, como exemplo a festa literária. Eu participo de algumas comunidades no Orkut e tenho acesso a sites de editoras que sempre me enviam convites para novos lançamentos. O mercado é bom, o que é ruim, é a falta de interesse em adquirir e ler um livro.

    Fonte: O Autor
 
Por:  José Geraldo Oliveira (DRT-ES 4.121/07 - JP)    |      Imprimir