Categoria Tragédia  Noticia Atualizada em 16-07-2008

Travesti Kate Mahoney é suspeito da morte de colega em Goiás
Homossexual de 25 anos morreu após duas aplicações de silicone no peito. Outro travesti que recebeu a aplicação diz que seu maior sonho era ter seios.
Travesti Kate Mahoney é suspeito da morte de colega em Goiás
Foto: Reprodução/TV Anhanguera

A Polícia Civil de Ipameri (GO) procura um travesti conhecido como Kate Mahoney, que seria responsável pela aplicação de silicone industrial no corpo de Sidnei Pereira Gomes, 25 anos, conhecido como "Bianca", morto na sexta-feira (11). O nome do travesti é uma referência ao personagem policial da série de TV norte-americana "Dama de Ouro", da década de 1980.

Mahoney é conhecido na cidade por fazer essas aplicações em vários travestis. Segundo informações da polícia, ela faria as injeções de silicone na casa de um homem, que já foi ouvido pelo delegado Vitor Margom e pode ser indiciado por homicídio culposo, sem intenção de matar.

As informações da investigação são mantidas sob sigilo, mas o paradeiro de Kate Mahoney ainda é desconhecido.

Sonho de ter seios
Um travesti, que prefere ser identificado apenas como Carla, 46 anos, disse que sempre sonhou em ter seios. "É um sonho realizado ver o seio crescendo no corpo. Mas é uma dor misturada com uma emoção muito forte quando estão aplicando o silicone. Parece que estão rasgando a tua pele."

Carla afirmou ainda que não recomenda o uso desse tipo de silicone para esculpir o corpo. "Coloquei três copos e meio no carnaval de 2007. Depois, coloquei mais dois copos e meio de silicone. Sempre com a Kate [Mahoney]. Paguei R$ 600 por cada aplicação", disse.

O travesti disse que se sente realizado com o corpo adquirido às custas do risco de ter problemas de saúde com o silicone industrial. "Estou feliz com os meus seios, mas não faria isso de novo. Peço perdão a Deus todos os dias pelo que fiz e rezo agradecendo por nada ter acontecido comigo e com minha saúde", afirmou Carla.

Ela disse que, apesar da morte de sua amiga Bianca, não quer procurar um médico para fazer uma avaliação. "Deus me livre! Vai que ele fala que eu tenho algum problema, aí meu psicológico já era. Vou começar a sentir dor em tudo. Não vou no médico, não."

Alerta
A comerciante Luciene Borges Cortez, 39 anos, espera que a morte do sobrinho, o travesti "Bianca", sirva de exemplo para que os homossexuais tomem mais cuidados com a aplicação de silicone no corpo.

"Eu quero fazer um alerta para que outros travestis não façam o que Bianca fez. A vaidade não pode ser desmedida a ponto de fazer isso com o próprio corpo. Ela não pensou nas conseqüências. Tinha a saúde perfeita e morreu por causa do silicone", disse Luciene, tia do rapaz, que foi sepultado neste domingo (13), em Vila Rica (MT), onde vivem os pais.

Na lavoura
"Bianca trabalhou colhendo feijão no sábado (5), descansou no domingo (6) e fez o "aplique" na segunda-feira (7). Minha sobrinha era muito esforçada. Trabalhava tanto na colheita de feijão, como de batata e de milho. Ela não se prostituía e nem exibia o corpo", disse a tia do travesti.

O Instituto de Medicina Legal (IML) da cidade ainda não concluiu o laudo com as causas da morte. "Na terça-feira (8), ela sentiu falta de ar, fadiga e febre. Na quarta-feira (9), tinha muita febre e cuspia sangue. Na quinta (10), já não falava e foi internada", disse a tia.

Vaidade
A comerciante afirmou ainda que já tinha alertado Bianca sobre os riscos de usar silicone industrial para modelar o corpo. "Esta foi a segunda vez que ela aplicou esse produto no corpo. Da primeira vez eu fiquei sabendo, mas ela não me contou sobre essa segunda cirurgia."

Luciene contou que Bianca era vaidosa e queria ter um corpo mais escultural. "Ela aplicou dois ou três copos de silicone no peito há dois meses. Quando desinchou, ela achou que ficou pequeno demais e quis colocar mais". Segundo ela, essa primeira cirurgia custou R$ 450.

"Soube que ela colocou mais dois copos de silicone na semana passada. A aplicação custou mais R$ 240", disse a comerciante. As duas aplicações feitas por Bianca foram acompanhadas por outro travesti, que também injetou o mesmo tipo de silicone em seu corpo, mas que ainda não apresentou efeito colateral.

Travesti Kate Mahoney é suspeito da morte de colega em Goiás
Homossexual de 25 anos morreu após duas aplicações de silicone no peito.
Outro travesti que recebeu a aplicação diz que seu maior sonho era ter seios.

Fonte: Glauco Araújo

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir