Categoria Geral  Noticia Atualizada em 17-07-2008

Vítimas não-identificadas tiveram enterro simbólico
Quatro das 199 vítimas do acidente da TAM não foram identificadas
Vítimas não-identificadas tiveram enterro simbólico
Foto: Reprodução

Quatro das 199 vítimas do acidente do vôo 3054 da TAM, em 17 de julho do ano passado, não tiveram seus corpos identificados pelo Instituto Médico-Legal (IML). Após a angustiante espera pela identificação das vítimas, famílias decidiram realizar cerimônias e enterros simbólicos.

"Ficamos os três primeiros meses indo ao IML todos os dias e os funcionários nos diziam: ‘[O corpo] simplesmente sumiu’. Cada hora que o telefone tocava a gente achava que era do IML", recorda Christiane Leite, tia da comissária Michelle Leite, de 26 anos.

Pouco mais de dois meses após o acidente, a família se reuniu no Cemitério do Carmo, na Zona Leste, para enterrar pertences da vítima recolhidos nos escombros do acidente, como meia-calça, sapatilha de bordo e objetos de higiene pessoal. E, mesmo após o enterro, os parentes ainda aguardavam os trabalhos do IML. "Acabou a esperança quando demoliram o prédio", diz a tia da vítima, que defende punição aos culpados pela tragédia.



Saudade
A família de Jamille Azevedo Ponce de Leão, de 21 anos, que estava no vôo com o filho Levi, de um ano e oito meses, também viveu a ansiedade da identificação dos corpos. A irmã dela, Júlia Azevedo, de 27 anos, ainda tinha esperança de que as vítimas estivessem vivas até que vestígios do corpo de Jamille foram encontrados.

O corpo do sobrinho desapareceu no local do prédio da TAM Express, contra o qual o Airbus A320 se chocou em 17 de julho do ano passado. "Do Levi, foram enterradas em Manaus a mamadeira e a lancheirinha dele. Nunca vai fechar essa ferida."

Agente de aeroporto em Fortaleza, Júlia Azevedo diz que, um ano após a tragédia, desenvolveu síndrome do pânico. "Hoje a gente procura mentalizar que a Jamille está viajando. A saudade é muito grande. Estamos em tratamento psicológico."

A consultora gastronômica Eliane de Mello, de 40 anos, também não pôde enterrar o marido, o engenheiro Andrei François de Mello. Em janeiro passado, ela disse ao G1 ter decidido prestar uma homenagem a ele e reuniu amigos e familiares para uma celebração ecumênica. "Coloquei fotos de nossas viagens e de nossas brincadeiras. Não teve coroas e tocou uma música de quando a gente se conheceu. Foi muito simples, mas muito verdadeiro. Foi bem como ele gostaria, porque ele não gostava de tristeza."


A família de outra vítima Ivalino Bonatto também recorreu a uma celebração simbólica. Centenas de pessoas acompanharam em outubro passado, três meses após o acidente, o enterro simbólico do executivo em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul.

Uma foto de Bonatto e um caixão coberto com um arranjo de flores, com bandeiras da cooperativa e do Internacional, clube para o qual ele torcia, foram colocados diante do altar. Depois da cerimônia religiosa, houve o sepultamento simbólico no Cemitério Parque Jardim do Vale.

Vítimas não-identificadas tiveram enterro simbólico. Quatro das 199 vítimas do acidente da TAM não foram identificadas.

Fonte:

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Por:  Felipe Campos    |      Imprimir