Categoria Politica  Noticia Atualizada em 27-07-2008

A Viagem de Obama foi um desastre para seu adversário
Viagem de Obama foi um desastre para McCain. Campanha republicana esperava as gafes, que não vieram, e foi apanhada de surpresa com repercussão positiva da viagem do senador democrata
A Viagem de Obama foi um desastre para seu adversário
Foto: http://eldib.files.wordpress.com

Viagem de Obama foi um desastre para McCain
Campanha republicana esperava as gafes, que não vieram, e foi apanhada de surpresa com repercussão positiva da viagem do senador democrata

Em uma das mais irônicas e reveladoras semanas da campanha presidencial, o democrata Barack Obama aceitou o desafio do republicano John McCain: não só foi ao Iraque como fez uma expedição estrangeira com fotos cuidadosamente preparadas, que fizeram com que ele se encaixasse perfeitamente no papel presidencial, deixando o republicano na defensiva.

Quando Obama obteve o apoio do governo iraquiano para seu plano de retirada das tropas - ao qual McCain se opõe -, comportou-se como já se fosse presidente, garantindo a Israel o apoio dos EUA, e fez um discurso sublime para 200 mil pessoas em Berlim.

Obama resolveu partir para o Iraque - e em seguida para Afeganistão, Jordânia, Israel, Alemanha, França e Grã-Bretanha - depois que McCain criticou o fato de ele ter um cronograma de retirada das tropas sem ter estado em Bagdá desde janeiro de 2006.

Para Robert Schmuhl, professor de Estudos Americanos da Universidade de Notre Dame, o tiro saiu pela culatra. "Basicamente John McCain tentava encurralar Obama, mas o resultado dessa viagem foi exatamente o oposto", disse.

O cientista político Scott Huffmon, da Universidade Winthrop, na Carolina do Sul, diz que McCain não esperava que a viagem do democrata desse tão certo. "Todos em sua campanha acharam que Obama fosse fazer um papel ridículo", afirmou Huffmon. "Embora asiáticos e europeus não votem nas eleições americanas, o fato de Obama ter empolgado o público internacional pode repercutir nos EUA. Ele restaurou a identidade mítica do país e McCain não contava com isso."

"Obama passou no teste, que era mostrar que pode tratar com líderes estrangeiros sem cometer gafes", disse Steven Schier, cientista político do Carleton College, de Minnesota. "O que não quer dizer que já tenha ganhado a presidência."

Pesquisas mostram que a falta de experiência de Obama em assuntos internacionais é um de seus maiores obstáculos junto aos eleitores. Por isso, foi bom para o democrata aparecer ao lado de líderes mundiais. A viagem resultou em uma torrente de imagens calorosas, perfeitas para serem consumidas pelos eleitores americanos.

Partidários de Obama ficaram felizes com seu desempenho. "Ele fez um ensaio para o cargo de presidente e mostrou que está à altura do cargo", disse Simon Rosenberg, ativista democrata.

As coisas pareceram perfeitas desde o início da viagem, quando Obama marcou uma cesta de três pontos diante de uma multidão de soldados americanos e . "Assim que ele acertou aquele arremesso, soube que a semana seria péssima", disse o consultor republicano Joe Gaylord. "Sua viagem tem boas fotos, boas frases. Foi um trabalho admirável."

Obama foi beneficiado por acontecimentos que colocaram em xeque dois argumentos da política externa de McCain. Para começar, o premiê do Iraque, Nuri al-Maliki, disse a Obama que o final de 2010 seria uma boa data para a saída dos EUA do país, exatamente o que o democrata defende. Na mesma semana, pela primeira vez, o presidente George W. Bush concordou com a retirada. McCain, que se opõe a um prazo para a saída, ficou em uma situação incômoda.

Em seguida, Bush enviou um diplomata para negociar o fim do programa nuclear do Irã, seguindo a mesma linha proposta por Obama e criticada por McCain.

Para piorar, assessores de McCain ficaram furiosos com a atenção da mídia ao senador e fizeram de tudo para competir. Enquanto Obama discursava para em Berlim, McCain almoçava em um restaurante alemão de segunda classe em Ohio.

"O programa de McCain para se contrapor a Obama não funcionou. Mas também não sei se teria algo que eles poderiam ter feito de diferente, a não ser esperar que tudo passasse o mais rápido possível", disse Gaylord. "Há coisas contra as quais você não pode lutar."

Visita as Tropas

Comitê de McCain critica Obama por cancelar visita a tropas na Alemanha

Washington, 26 jul (EFE).- O comitê de campanha do candidato republicano à Casa Branca, John McCain, acusou hoje seu rival democrata, Barack Obama, de "romper seu compromisso" com os soldados feridos em combate no Iraque e no Afeganistão por cancelar uma visita a um hospital militar na Alemanha.

Obama tinha programado uma visita a soldados feridos em um hospital militar na Alemanha e o cancelamento deste compromisso em sua viagem internacional pelo Oriente Médio e a Europa abriu campo para as críticas do comitê de McCain.

"Foram oferecidas várias explicações, nenhuma convincente, mas cada uma contrária às declarações de líderes militares americanos na Alemanha e no Washington", disse em nome do comitê de campanha de McCain o tenente-coronel reformado do Exército Joe Repya.

"Para um homem jovem tão apto em cumprir o papel de presidente, Barack Obama teve um julgamento muito ruim sobre as importantes exigências do escritório ao qual aspira", declarou Repya.

Imediatamente, o comitê de campanha de Obama defendeu o cancelamento de sua visita ao Centro Médico de Landstuhl, na Alemanha, que estava marcada para a manhã da última sexta.

O comitê de Obama explicou que este ato foi suspendido por conselho de um assessor militar, que advertiu que a visita ao hospital podia ser percebida como um ato com motivações políticas e, portanto, ser objeto de mais críticas dos republicanos.

"A última coisa que quero fazer é colocar no fogo cruzado das campanhas os soldados feridos e o pessoal nestas instituições enquanto determinam se isto é ou não um ato político", declarou Obama em Londres, onde hoje concluiu sua viagem internacional.

Já o Pentágono explicou que nunca proibiu que Obama visitasse o hospital de Landstuhl, mas alertou que não poderia fazer isto se fosse acompanhado de jornalistas e membros de seu comitê.

Porém, o comitê de campanha do senador por Illinois respondeu que o único assessor que ia acompanhar Obama ao centro médico era o major-general Scott Gration, que oferece seus serviços de forma gratuita. EFE

Fonte: AP E REUTERS
 
Por:  Adriano Costa Pereira    |      Imprimir