Categoria Esportes  Noticia Atualizada em 18-08-2008

Abalada com sumiço de vara, Fabiana Murer fica fora
Saltadora brasileira derruba o sarrafo de 4,65m nas três tentativas
Abalada com sumiço de vara, Fabiana Murer fica fora
Foto: Ivo Gonzalez/Agência O Globo

Raiva e tristeza. Com esses sentimentos, a saltadora brasileira Fabiana Murer foi às lágrimas após ser eliminada no salto com vara. Uma das apostas do Brasil no atletismo, ela ficou abalada com sumiço de uma de suas dez varas, perdeu a concentração e errou suas três tentativas de superar os 4,65m.

A atleta é detentora da terceira melhor marca do ano (4,80m) e, teoricamente, poderia beliscar pelo menos uma medalha de bronze. A terceira colocada na competição, a russa Svetlana Feofanova, saltou, com uma vara adequada, 4,75m. Os dois melhores saltos de 2008 pertecem à russa Yelena Isinbayeva (5,05) e à americana Jennifer Stuczynski (4,92m), que conquistaram as medalhas de ouro e prata. Aliás, a vice-campeã da prova saltou 4,80m, mesma marca do recorde sul-americano batido este ano por Fabiana Murer.
Logo que deu falta de parte de seu equipamento, Murer discutiu com cinco árbitros e pediu a paralisação da prova. Ela chegou inclusive a se posicionar na frente da chinesa Gao Shuying, impedindo-a de saltar.

- A revolta é com a organização. Foi muita desorganização. É um absurdo que percam material de um atleta em uma competição desse porte. Eles acabaram com a minha competição. Eu nunca mais volto para a China, nunca mais - disse Fabiana, em entrevista à TV Globo, antes de chorar pela eliminação e pela confusão.

A competição de fato foi paralisada por alguns minutos. Tempo que Fabiana Murer aproveitou para procurar suas varas nos tubos de outras atletas. Não encontrou uma delas, nem a organização deu explicações para o sumiço, justamente, da ferramenta que a brasileira mais precisava para saltar os 4,65m.

- Geralmente essas varas são guardadas em tubos separados. Mas, aqui, eles pegaram nossas varas e levaram em um carrinho para a competição. Quando fui para o segundo salto, vi que faltava uma. Tentei adaptar, mas não deu - lamentou a saltadora, que teve todo o seu material (as dez varas) conferido pela organização antes de a competição começar.

Confiança dá lugar ao nervosismo

A competição começou com o sarrafo a 4,30m. No entanto, Fabiana preferiu se poupar. E passou a saltar em 4,45m. Obteve sucesso logo na primeira tentativa. Mas a tranqüilidade da brasileira em pouco tempo foi por água abaixo. Ela não conseguiu se concentrar para os três saltos subseqüentes - em função do sumiço de seu material. E ainda teve que utilizar uma vara inadequada.

Após falar com o seu técnico Élson Miranda de Souza, que estava na arquibancada, Fabiana cogitou continuar assim mesmo e decidiu ir direto para os 4,65m. No entanto, a brasileira - que tinha a terceira melhor marca do ano (4,80m), atrás apenas da americana Jennifer Stuczynski (4,92m) e da russa Yelena Isinbayeva (5,04) - não conseguiu repetir seu desempenho. Ela que neste ano ainda quebrou três vezes o recorde sul-americano (4,70m, 4,71m e 4,80m)

Ainda abalada, Murer acabou derrubando o sarrafo nas três tentativas dos 4,65m. Após a eliminação, sentou em um canto da pista com o olhar perdido, parecendo não acreditar.

Apoio familiar pela televisão

Foi o fim do sonho de trazer uma medalha para o Brasil. A família de Fabiana Murer, que estava reunida em São Paulo, tentou consolá-la pela televisão. E acredita que a saltadora não vai ter problemas para superar essa frustração.

- Desequilibra mesmo ir para a competição e seu material não estar lá. Você fica tensa. Mas não vamos desanimar por causa disso. Quero ver todos os esportes. A Fabiana se acalmará e tudo voltará ao normal - afirma Vanderlei, pai da saltadora.

Recurso negado pela IAAF

O presidente da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) e membro do conselho da IAAF (Federação Internacional de Atletismo), Roberto Gesta de Melo, foi duas vezes ao local da prova, assim como o presidente do comitê técnico da Federação Internacional, o português Jorge Salcedo. O chefe da equipe brasileira, Martinho Santos, também se deslocou ao depósito para procurar as varas, mas não encontrou.

Então, a CBAt fez protocolou uma reclamação junto à organização, mesmo que não houvesse grandes esperanças de uma solução favorável. - Formalizamos o protesto, mas a organização já nos avisou que foi rejeitado - explica o chefe da equipe brasileira, Martinho Santos.

Classificação geral

Fabiana Murer ficou em décimo lugar na classificação geral ao lado da polonesa Anna Rogowska. Na verdade, a final do salto com vara feminino serviu para confirmar a hegemonia da russa Yelena Isinbayeva, que, além ter conquistado o bicampeonato olímpico, quebrou os recordes olímpico (4,91m) e mundial (5,04m), que já eram dela. A americana Jennifer Stuczynski, que saltou 4,80m, e a russa Svetlana Feofanova, com 4,75m, completaram o pódio.

Abalada com sumiço de vara, Fabiana Murer fica fora da disputa por medalha
Saltadora brasileira derruba o sarrafo de 4,65m nas três tentativas

 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir