Categoria Politica  Noticia Atualizada em 21-08-2008

Chefe da Abin presta depoimento à CPI do Grampo
Diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Paulo Lacerda, presta depoimento à CPI do Grampo nesta quarta na Câmara
Chefe da Abin presta depoimento à CPI do Grampo
Foto: Lula Marques/Folha Imagem

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

O diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Paulo Lacerda, confirmou em depoimento à CPI das Escutas Clandestinas da Câmara nesta quarta-feira que o chefe-de-gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, procurou o GSI (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência) para pedir informações sobre a Operação Satiagraha, da Polícia Federal.

Apesar de ter negado qualquer contato com Carvalho, Lacerda disse que o chefe-de-gabinete procurou o secretário-executivo do GSI, João Roberto de Oliveira, para obter informações sobre a operação. Posteriormente, segundo Lacerda, Oliveira contatou a Abin para conseguir dados sobre a Satiagraha.

Segundo o diretor da agência, o secretário-executivo do GSI conversou com o diretor-adjunto da Abin para obter informações sobre Humberto Braz --cliente do advogado e ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) e braço-direito do banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity. Greenhalgh telefonou para Carvalho em busca de informações sobre a Satiagraha, uma vez que foi um dos investigados na operação.

Braz reclamou com Greenhalgh que suspeitava estar sendo seguido por agentes da PF, por isso pediu que o ex-deputado conseguisse informações do governo. Na conversa entre o GSI e a Abin, houve a confirmação de que efetivamente Braz estava sendo alvo de um "acompanhamento" no âmbito das investigações da Satiagraha.

"Houve o contato de alguém com o secretário Gilberto Carvalho, que ligou para o GSI, e falou com o secretário-executivo do GSI. O general Oliveira liga para a Abin e falou com o diretor adjunto, meu substituto [José Milton Campana]. Este ligou para o Rio de Janeiro e teve a informação de que, na verdade, era acompanhamento de alvo estrangeiro em situação irregular. Essa foi a informação, era uma história de cobertura", afirmou.

No depoimento à CPI, Lacerda negou nesta quarta-feira que tenha repassado pessoalmente informações a Gilberto Carvalho. O diretor disse que, ao longo dos quatro anos em que esteve no comando da PF, ou mesmo à frente da Abin, nunca conversou com Carvalho.

"Ele não me ligou, não tive contato com ele. Para ser justo e coerente com a verdade, eu nos quatro anos e oito meses de PF e mais agora quase um ano de Abin, jamais o secretário Gilberto Carvalho fez qualquer contato comigo. Eu só tive contato com o secretário, eventualmente, quando fui ao palácio e apenas de cumprimentos. Seria uma leviandade da minha parte se afirmasse qualquer coisa em contrário", disse.

Lacerda afirmou que "em nenhum momento" houve "qualquer tipo de ingerência" do chefe-de-gabinete de Lula em assuntos da PF ou da Abin. Carvalho é acusado de vazar informações da Operação Satiagraha a Greenhalgh sobre Humberto Braz.

Chefe da Abin diz que chefe-de-gabinete de Lula pediu informações da Satiagraha.

Diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Paulo Lacerda, presta depoimento à CPI do Grampo nesta quarta na Câmara.

 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir