Categoria Policia  Noticia Atualizada em 22-08-2008

Justiça ouve testemunhas de Chicaroni
Humberto Braz (centro), acusado na Operação Satiagraha de tentar subornar um delegado federal chega para acompanhar os depoimentos de 4 testemunhas de defesa de Hugo Chicaroni
Justiça ouve testemunhas de Chicaroni
Foto: Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem

MARCELO GUTIERRES
colaboração para a Folha Online

O juiz federal Fausto Martin De Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, ouve nesta sexta-feira quatro testemunhas de defesa do professor Hugo Chicaroni, réu da Operação Satiagraha, da Polícia Federal.

Chicaroni é acusado, com mais dois suspeitos --Humberto Braz e o banqueiro Daniel Dantas--, de corrupção ativa por suposta tentativa de subornar um delegado da Polícia Federal para livrar o banqueiro das investigações da operação.

Braz e Dantas também acompanham o depoimento das quatro testemunhas: o delegado da PF Ricardo Saadi, que substituiu Protógenes Queiroz no caso, o escrivão da PF Amadeu Ranieri, Adelino Augusto de Andrade Jr. e Roberto Jorge Alexandre. Os réus chegaram por volta das 9h30 à audiência.

O advogado do banqueiro, Nélio Machado, criticou hoje o decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva normatizando as ações da PF. "Se fez decreto, é porque antes não havia normatização adequada. O decreto é ilegal e inconstitucional, porque a ação apuratória compete com exclusividade, pela lei e pela constituição da República, à PF."

Investigações

Além de Dantas, Chicaroni e Braz, a Operação Satiagraha prendeu o investidor Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, entre outras pessoas.

Segundo a PF, as investigações começaram há quatro anos, com o desdobramento das apurações feitas a partir de documentos relacionados com o caso mensalão. A partir de documentos enviados pelo STF (Supremo Tribunal Federal) para a Procuradoria da República no Estado de São Paulo, foi aberto um processo na 6ª Vara Criminal Federal.

Na apuração foram identificadas pessoas e empresas supostamente beneficiadas no esquema montado pelo empresário Marcos Valério para intermediar e desviar recursos públicos. Com base nas informações e em documentos colhidos em outras investigações da Polícia Federal, os policiais apuraram a existência de uma organização criminosa, supostamente comandada por Daniel Dantas, envolvida com a prática de diversos crimes.

Para a prática dos delitos, o grupo teria possuído empresas de fachada. As investigações ainda teriam descoberto que havia uma segunda organização, formada por empresários e doleiros que supostamente atuavam no mercado financeiro para lavagem de dinheiro. O segundo grupo seria comandado pelo investidor Naji Nahas.

Além de fraudes no mercado de capitais, baseadas principalmente no recebimento de informações privilegiadas, a organização teria atuado no mercado paralelo de moedas estrangeiras. Há indícios, inclusive, do recebimento de informações privilegiadas sobre a taxa de juros do Federal Reserve (Fed, o BC americano).

Justiça ouve testemunhas de Chicaroni; Dantas e Braz acompanham audiência em SP.

Humberto Braz (centro), acusado na Operação Satiagraha de tentar subornar um delegado federal chega para acompanhar os depoimentos de 4 testemunhas de defesa de Hugo Chicaroni ao juiz Fausto Martin De Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo.

 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir