Categoria Economia  Noticia Atualizada em 16-09-2008

Crise ainda vai durar: veja os efeitos no seu bolso
Os papéis das empresas brasileiras negociados na Bolsa de Nova York (ADRs) não vão escapar do pessimismo dos investidores.
Crise ainda vai durar: veja os efeitos no seu bolso
Foto: organismo.art.br

Os papéis das empresas brasileiras negociados na Bolsa de Nova York (ADRs) não vão escapar do pessimismo dos investidores. A turbulência no mercado acionário deve continuar e a crise norte-americana deve levar mais de um ano para ser depurada. Quem investiu no mercado de ações para não perder dinheiro deve ter comportamento de monge budista e esperar por pelo menos um a dois anos para voltar a ter ganhos com seus investimentos em ações. A boa notícia para quem investe em ações no Brasil é que, mesmo com tanta oscilação, o ganho na Bovespa nos últimos seis anos é maior que na Bolsa de Nova York ou na Nasdaq.

Os analistas acham difícil prever até onde o preço das ações pode cair, seja na Bolsa de Nova York ou na Bovespa. A falência do banco de investimento Lehman Brothers e os problemas da seguradora AIG coloca lenha numa fogueira que está longe de se apagar. Quem tem dinheiro para investir não deve, neste momento, procurar os pregões. O melhor é procurar um porto mais seguro.

Só ontem, a Bovespa tomou o maior tombo porcentual em mais de sete anos. O dólar e os juros futuros dispararam. O Ibovespa perdeu 7,59%, a maior queda desde 11 de setembro de 2001, quando havia recuado 9,17%. Em pontos, a Bovespa retornou aos 48 mil pontos, para 48.416,33 pontos. Na máxima do dia, registrada na abertura, o índice operou praticamente estável, aos 52.386 pontos (-0,01%) e, na mínima, tocou os 48.409 pontos (-7,60%).

Em maio, quando estava em 73.000 pontos, o mercado apostava que o Ibovespa poderia romper facilmente a barreira dos 75 mil pontos. Os mais otimistas previam que o índice poderia chegar até a 90.000 pontos. De maio até agora o Ibovespa já caiu 20% e está em cerca de 50.000, o mesmo nível de um ano atrás. E a previsão é de mais queda. Para o consultor financeiro Carlos Daniel Coradi, da Engenheiros Financeiros Consultores (EFC) as turbulências podem desvalorizar o Ibovespa em mais 20%.

?Acredito que para que a crise nos EUA seja depurada seja necessário um ano ou mais. Portanto, acho que a Bovespa pode chegar a uma queda de 40% em relação a maio deste ano. Lá fora, a tendência é que os papéis de empresas brasileiras negociados na Bolsa de Nova York (ADRs) também sejam atingidos pelo pessimismo dos investidores?, diz o consultor.

O problema é que a opinião é de que ainda há outras instituições por quebrar ? a única divergência dizia respeito ao tamanho e à importância delas. Inclusive os analistas acham que os dois maiores bancos de investimento americano ? o Goldman Sachs e o Morgan Stanley ? devem começar imediatamente a buscar parceiros se quiserem evitar o destino do Lehman Brothers.

Bovespa registra a maior queda do mercado

A queda do índice Bovespa foi a mais acentuada do dia por conta das fortes altas da semana passada. Com a descoberta dos novos campos de exploração de petróleo, a Petrobras teve dois dias seguidos de grande valorização e puxou a bolsa brasileira para cima. Ontem, com a quebra do Lehman Brothers, e com o preço do petróleo caindo 5,4%, para US$ 95,71, nem a Petrobras segurou o Ibovespa. Resultado: os investidores que compraram as ações da estatal na semana passada realizaram seus lucros hoje e os papéis da petrolífera caíram 10,78%, levando junto a Bovespa, que caiu 7,59%.

Entenda a turbulência

Veja porque o Lehman Brothers, com 158 anos de estrada, sucumbiu e o que isso afeta em sua vida

Por que pediu concordata?
O Lehman Brothers é considerado um dos maiores operadores de empréstimos a juros fixos de Wall Street e havia investido fortemente em títulos ligados ao mercado do chamado "subprime", o crédito imobiliário para pessoas consideradas com alto risco de inadimplência. Com a desconfiança a respeito da segurança desses investimentos, houve uma queda no valor das ações da empresa na semana passada, em meio ao fracasso de negociações para levantar bilhões de dólares para dar garantia de solidez a investidores.

Como isto me afeta?
Ninguém tem cheque ou conta corrente do Lehman Brothers. Trata-se de um banco especializado em grandes e complexas operações e investimentos. Apesar disso, o colapso da instituição provavelmente será sentido por milhões de pessoas em todo o mundo ? pelo menos indiretamente. Muitos bancos e fundos de pensão têm negócios com o Lehman Brothers ou com firmas como fundos de hedge que operam exclusivamente com o banco. O colapso dramático do Lehman Brothers também já abalou as bolsas, com os preços de ações despencando em todo o mundo.

Há outras companhias enfrentando problemas?
Sim, por exemplo, o banco Merrill Lynch, outro grande banco de investimento americano, que foi vendido para o Bank of America ontem. A maior dor de cabeça, porém, é em relação à seguradora AIG, uma das maiores do mundo.

Cronologia da crise

2008 Janeiro
Índice de ?calote? nas hipotecas imobiliárias chega a 21%. Como medida emergencial, o Fed faz dois cortes seguidos na taxa de juros da economia. O banco Douglass, no Missouri, é fechado pela autoridade monetária dos EUA e se torna a primeira vítima da crise no ano.

2008 Fevereiro
O Congresso aprova um plano de US$ 168 bilhões para estimular o consumo e conter a desaceleração econômica.

2008 Março
Quase falido, o banco Bear Sterns é salvo ao ser comprado pelo JP Morgan Chase, com ajuda do Fed. Mais um banco fecha as portas: o Hume Bank, no estado de Missouri.

2008 Abril
O Fundo Monetário Internacional (FMI) calcula em US$ 945 bilhões o custo da crise - que qualifica como a maior desde a década de 1930 - para o sistema financeiro mundial.

2008 Maio
Número de bancos com problemas nos EUA chega a 90, no maior nível desde 2004.

2008 Julho
As ações dos gigantes do financiamento imobiliário Fannie Mae e Freddie Mac sofrem um tombo de quase 30% em um único dia. Em resposta, o governo dos EUA aprova um pacote de medidas para ajudar os mutuários a renegociarem as prestações da casa própria, com isenção de impostos e ajuda às empresas. O Indymac Bancorp, especialista em hipotecas, sofre intervenção do governo federal. A autoridade regulatória dos EUA fecha o First Natiional Bank of Nevada e o First Heritage Bank N.A, bancos que atuavam nos estados de Nevada, Arizona e Califórnia.

2008 Agosto
As perdas das gigantes de financiamento imobiliário Freddie Mac e Fannie Mae chegam a 80% desde o início do ano. Mais três instituições financeiras fecham as portas, somando dez desde o início de ano.

2008 Setembro
O Silver State Bank, de Nevada, é o 11º banco norte-americano a falir só em 2008. O Nevada State Bank assume suas operações.

2008 Setembr o
O governo dos Estados Unidos assume o controle das gigantes hipotecárias Freddie Mac e Fannie Mae, empresas que detêm quase metade das dívidas com hipotecas no país. A intervenção provoca euforia no mercado, mas o bom humor dura pouco, com renovação das preocupações com a crise.

Fonte: Gazeta On-line
 
Por:  CDL Marataízes e Itapemirim    |      Imprimir