Categoria Informativo CDL  Noticia Atualizada em 24-09-2008

Espírito Santo tem a maior redução de pobreza do País
O Espírito Santo foi o Estado com maior redução da taxa de pobreza entre os anos de 2001 e 2007, segundo estudo do Instituto Jones dos Santos Neves
Espírito Santo tem a maior redução de pobreza do País
Foto: www.redesul.am.br

O Espírito Santo foi o Estado com maior redução da taxa de pobreza entre os anos de 2001 e 2007, segundo estudo do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE.

O índice baixou de 28,1% para 13,3%, o que representa uma queda de 52,83%. Esses números deixaram o Espírito Santo à frente de Santa Catarina (-52%), Paraná (-46,5%) e Goiás (45,5%), em relação à diminuição da taxa de pessoas consideradas pobres, ou seja, indivíduos com renda per capita até R$ 137,00.

Nesses últimos seis anos, 405 mil capixabas saíram da pobreza. No ano passado, os pobres responderam por 13,3% da população do Estado, que é de 3,53 milhões de pessoas. No Brasil, este índice é quase o dobro: 23,6%.

A melhoria sócio-econômica é observada ainda por meio do número de pessoas que ingressaram na classe média. Entre 2001 e 2007, foram 684 mil habitantes a mais com renda média domiciliar entre R$ 1.064 e R$ 4.591, totalizando 1,767 milhão de capixabas nessa faixa.

Motivos

Segundo a diretora presidente do IJSN, Ana Paula Vescovi, o desenvolvimento econômico e o conseqüente aumento na empregabilidade são os fatores que alavancaram esses índices.

"Observamos que, no Estado, a contribuição relativa do trabalho para o crescimento da renda é de quase 90%".

Ela afirma que isso demonstra que o capixaba tem mais dinheiro proveniente de ganhos vindos diretamente da força de trabalho. Dessa forma, segundo ela, a economia cresce de forma sustentável. "Percebemos, ainda, que houve redução de quase 20% no percentual de pessoas que dependem de transferência de renda governamental", completa.

A melhoria da renda se reflete ainda na diminuição de pessoas na faixa denominada extrema pobreza, com ganhos per capita de até R$ 69,00 e que hoje somam 125 mil pessoas, 58,67% a menos que em 2001, quando esse número era de 302 mil pessoas.

A renda média do capixaba também deu um salto e ficou acima da média nacional entre 2001 e 2007, saindo de R$ 485,00 para R$ 615,00, aumento de 23,12%. No Brasil esse índice foi de 23,1%.

Entre 2003 e 2007, a comparação entre os salários no Espírito Santo e a média brasileira mostra um crescimento ainda maior: a alta do rendimento médio dos capixabas foi de 26,8%, contra 23,1% observados na média nacional.

A desigualdade social diminuiu mais no Estado do que no restante do país, segundo mostra o Coeficiente de Gini (quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade). No Espírito Santo, em 2007, o coeficiente marcou 0,53 ponto (variação de menos 11,2% entre 2001 e 2007). No Brasil a pontuação foi de 0,556, uma variação de 6,9% no mesmo período.

Com horas extras, ela é arrimo de família

A história da eletricista da Morar Engenharia Jennifer dos Santos é a prova de que estudar é sempre uma vantagem, mesmo que as oportunidades demorem um pouco a aparecer. A jovem fez um curso na área de elétrica quando tinha 15 anos, mas não atuou na área. Dez anos depois, com filhos, Jennifer virou arrimo de família. "Eu não tinha experiência nenhuma e cheguei à Morar com currículo embaixo do braço. Aprendi muita coisa e hoje meu salário, aliado a benefícios e horas extras, pode chegar a R$ 1,3 mil". A situação em casa também mudou. Hoje, Jennifer mora com os quatro filhos e comemora a melhoria na renda. "O que eu considero outra vitória é que eu sou a única mulher na minha área na empresa e ganho o mesmo que os homens", conta, orgulhosa.

Mais tempo na escola, menos pobreza

Segundo a economista Ângela Morandi, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), a queda da pobreza está diretamente ligada ao maior tempo na escola. "Salários melhores estão relacionados ao aumento dos anos de estudo". Ela salienta que sair da pobreza significa que mais pessoas entram no mercado de consumo, principalmente o local. "A economia capixaba é amparada em grandes projetos, mas o giro interno de dinheiro é essencial. Ou seja, no comércio gira mais dinheiro".

Qualificação garantiu acesso à classe média

A qualificação foi o diferencial na carreira do técnico em Edificações Lindomar Valério da Silva. O rapaz começou a trabalhar na Lorenge em 1997, como auxiliar de obras. Resolveu estudar e fez os cursos de técnico em Construção Civil e Edificações, no Cefetes. Hoje, com as promoções por conta da profissionalização, ganha cinco vezes mais que antes e é um representante da classe média capixaba. "Todos têm que traçar metas e ter uma boa ambição de subir de vida e ganhar mais dinheiro. E estudar e se qualificar é o melhor caminho", recomenda.

13,8 milhões

de brasileiros subiram de faixa social entre 2001 e 2007, concluiu o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Era da produção de conhecimento

Minha sensação é que esses números refletem a realidade e podem ser vistos nas ruas. Felizmente, nós estamos em uma fase de ampliação da classe média, fator muito positivo para a economia.
Quando temos pessoas saindo da extrema pobreza ou migrando da pobreza para a classe média, temos aumento no consumo da família.
O interessante para as economias nacional e local é que esse consumo é suprido, em grande parte, pela produção local: vestuário, alimentos, bens duráveis, entre outros.
Ou seja, o efeito multiplicador do aumento do consumo, conseqüência da ampliação do poder de compra, fica, em sua maioria, dentro do próprio Estado e do país.
Isso é muito positivo, é o que chamamos de círculo virtuoso do crescimento. Um outro fator positivo é que tanto o Estado quanto o país não estão de costas para o mercado internacional, pelo contrário.
A economia capixaba, principalmente, está bastante voltada para exportações. Na minha avaliação, o Espírito Santo precisa agora entrar na economia do conhecimento. Obviamente, o Estado não pode abrir mão de suas vantagens competitivas na produção de commodities, mas deve internalizar a capacidade de fomentar novos conhecimentos, com institutos de pesquisas e produção de dados em empresas privadas.
É preciso agora solicitar às empresas privadas a implantação de laboratórios de desenvolvimento de produtos dentro das próprias organizações ou interagindo com o Estado. Temos bons exemplos, de pequenos países, que deram certo com essa proposta, como a Finlândia, que gerou riqueza por meio das florestas (celulose) e hoje é vendedor de tecnologia. Esse é um bom exemplo para o Espírito Santo.

13,8 milhões

de brasileiros subiram de faixa social entre 2001 e 2007, concluiu o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Fernanda Zandonadi
[email protected]

Fonte: Gazeta On-line
 
Por:  CDL Marataízes e Itapemirim    |      Imprimir