Categoria Policia  Noticia Atualizada em 16-10-2008

Moradores de onde ocorre seqüestro não conseguem trabalhar
Minha nora pediu chorando para sair, contou Denise Silvino.
Moradores de onde ocorre seqüestro não conseguem trabalhar
Foto:http://www.g1.com.br

A auxiliar de serviços gerais Denise Silvino, de 48 anos, disse não agüentar mais o longo seqüestro que mudou a rotina dos moradores de um conjunto habitacional da periferia de Santo André, no ABC, em São Paulo. Ela contou que o filho e a nora tiveram quase que implorar à polícia para que pudessem deixar suas casas para trabalhar. O casal mora no mesmo bloco onde Lindemberg Alves, de 22 anos, mantém a ex-namorada, de 15 anos, refém desde as 13h30 de segunda (13).

Minha nora conversou com um sargento e depois com outros policiais, chorando, com medo de o meu filho perder o emprego. Ele é padeiro aqui em Santo André e os dois só conseguiram sair agora de manhã, disse denise, nesta quinta-feira (16). A minha nora também precisa trabalhar. Está em período de experiência, completou a mulher, que seguia para o serviço.
Denise informou que a polícia isolou muitas áreas do CDHU do bairro Santo André e que, para sair de casa, o filho dela tem de passar pela mesma escada que dá acesso ao apartamento do segundo andar no bloco 24, onde Alves mantém a adolescente de 15 anos sob seu poder.

Apesar de morar em um bloco mais afastado, que fica em frente ao 24 e é separado por uma rua, Denise reclamou da mudança na rotina. Ontem [quarta], eu não consegui trabalhar. Se ele [Alves] gostasse dele mesmo, não estaria fazendo isso, comentou. A vizinha Dalva Nolasco dos Santos, de 30 anos, andava com Denise para ir ao trabalho e estava revoltada.

Isso é uma barbaridade. Todos os moradores sofrem. Os carros estão parados na garagem. Se a gente precisar sair rapidinho como fica?, questionou Dalva, que é faxineira. A Polícia Militar isolou muitas áreas do conjunto habitacional por medida de segurança porque Alves está armado e já atirou pelo menos quatro vezes em direção aos policiais, à imprensa e à multidão que acompanha o seqüestro.

Sem varal

Eu nem posso colocar a minha roupa no varal porque a polícia diz que é perigoso, contou Cícera Maria da Silva, 43, que mora em um bloco afastado do 24, mas que estaria na linha de tiro do seqüestrador. Os moradores também reclamam do cerco, que atrapalha o acesso às residências. Está tudo isolado. Ninguém pode sair. Eu tenho que sair pelos fundos, passando pelo quintal dos outros. Ele [Alves] precisa se entregar para a gente ter movimento de novo. As crianças estão com medo de sair de casa"
.

Apesar do temor, muitas foram para escolas da região. A única unidade de ensino estadual que está fechada desde segunda fica bem perto do apartamento do seqüestro e virou base da polícia, o que inclui os negociadores do Gate, tropa de elite da PM, que tenta convencer Alves a se entregar. Uma van escolar recolheu alunos no início do dia.

A própria Cícera levava pela mão, apertando o passo quando passava em frente a um carro da PM, a afilhada de cinco anos, que estuda a algumas ruas de casa. O caminho até a escola é sempre feito a pé. [O seqüestro] afetou e como a nossa vida, disse. A gente não sai de casa. E quando sai para ir à escola é com medo. Espero que isso acabe logo, afirmou outra moradora do bairro, a dona de casa Nair Aparecida Avanzo, 27, que levava a filha de 6 anos para estudar.

Quem não trabalha ou não tem medo de perder o emprego acompanha com olhos curiosos o andamento do caso. Nas primeiras horas da manhã, já havia gente amontoada em pequenos grupos na rua, acompanhando o trabalho da polícia e da imprensa.

Moradores de CDHU onde ocorre seqüestro não conseguem ir trabalhar
Minha nora pediu chorando para sair, contou Denise Silvino.


Fonte:

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir