Categoria Vírus & Cia  Noticia Atualizada em 20-10-2008

Intrutor da SWAT define ação da PM como irregular e com erros
Gravações revelam momentos finais da negociação com Lindemberg
Intrutor da SWAT define ação da PM como irregular e com erros
Foto: http://www.g1.com.br

Gravações divulgadas pela Polícia Militar mostram os momentos finais da negociação com Lindemberg Alves, de 22 anos, durante o seqüestro de mais de 100 horas que terminou com a morte da jovem Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos, em Santo André (SP).

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As primeiras gravações revelam um rapaz desequilibrado.

- Tem um anjinho aqui falando ‘não faz isso’, do meu lado. Tem outro, um diabinho falando ‘faz’. Não deixa passar não. Tem um anjinho e um diabinho aqui e tá falando pra fazer. ‘Vai em frente, não pára’.

Eram 17h35 da tarde da última sexta feira (17). Lindemberg Fernandes Alves conversa com o capitão Adriano Giovaninni, do Gate, o Grupo de Ações Táticas Especiais. Depois de cinco dias de seqüestro, o negociador ainda tenta acalmar o rapaz.

- Dá ouvido ao lado bom, ao anjinho. Não é melhor?
- Não sei, não sei qual é o melhor não.
- Claro que é melhor.

Cerca de meia hora antes da invasão, o promotor Augusto Rossini também fala com Lindemberg.

- Eu vou garantir a sua integridade. Pensa nisso. A vida continua. É bonita a vida.
- A minha cabeça tá a milhão. Minha cabeça tá a milhão.
- Não velho, não tem que ficar assim. Vem aqui, vamos sair.
- Não, imagina. Todo mundo aí fora não tem nada a ver com isso que tá acontecendo não.

Sem entrar em detalhes, Lindemberg diz que a situação piorou dentro do apartamento, por causa de uma conversa que teve com as meninas. Tenso, o rapaz chegou a pedir à polícia que invadisse o apartamento.

- Mano, invade essa p... logo, mano.
- Quê? Não, não tem nada disso.
- Quero que você invade, mano. Tô vendo aqui pra você invadir.
- Não, não, na verdade eu quero que você saia daí, tranquilo, com as duas.
- Deixa outro cara vim e invadir, pra "responsa" cair em cima dele, não cair em você.
- Não, não, isso eu não posso fazer. Isso ai é (...), eu trabalho só nisso.
- Deixa outro cara vir negociar comigo. Se o cara invadir, eu vou acabar com tudo isso aqui.

O promotor e o policial falam que Lindemberg pensava em se matar.

- Não tenho expectativa de vida mais não, mano. Não tenho mais nenhuma motivação de buscar. Antes eu tinha sonho, sonho de ter uma familia, sonho de ter uma casa, um carro...

Durante o seqüestro, o ex-namorado de Eloá foi violento. Terça feira, dia 14, 17h22. A energia elétrica tinha sido desligada.

- Liga essa p... dessa luz aí, mano.
- Eu ligo, eu ligo, mas vamos conversar.
- Liga essa p... dessa luz aí, senao eu vou começar a bater nas meninas, eu vou começar a agredir as meninas, as meninas vai sofrer. E, ó, presta muiita atenção.

"Ele bateu, ele agrediu com tapas, pontapés, puxou o cabelo. Entao você ficava preocupado em razao de você ver uma pessoa que você está querendo ajudar, sofrendo ali", disse o capitão.

Sexta-feira, 17h46. Vinte minutos antes da invasão do apartamento. Lindemberg fala sobre a ex-namorada Eloá.

- Não tenho vontade de ter mais ninguém, mano. Não tenho vontade nem de ter a Eloá, mano, mais. Tem um mês tentando esquecer ela. Tem um mês tentando sair, me divertir, me distrair, mas nao dá, mano, não dá, alguma coisa tá falando pra mim. Cobra, mano, cobra e cobra.

Logo depois, o sequestrador faz uma ameaça.

- Você precisa descansar. Você mais do que....
- Nao tou enxergando nada.
- Você mais que todo mundo.
- Tou vendo ninguém...
- Precisa descansar...
- Uma situação só de vingança, só de vingança.
- Não, não é. É cansaço mesmo, viu?
- Sabe por que, mano? Muita gente aí fora vai pagar por isso. Muita gente aí fora vai sofrer, vai chorar.

- Vou acabar com tudo.
- Essa parte psicológica....
- Deixa bem claro pra população que tá chegando ao fim, meu. Tudo o que eu tinha não é nada. Tudo que eu nao tenho mais não é nada.

"Na verdade, eu acho que eu poderia ter inúmeras cartas na manga, mas ele já estava decidido a fazer o que fez. Aí é praticamente impossivel retirar isso da sua cabeça", disse o capitão do Gate.

Às 18 horas, 1 minuto e 53 segundos, a gravação tem um corte. Na seqüência do video da polícia, a conversa entre o negociador e Lindemberg continua por um minuto, até que o seqüestrador interrompe a ligação.

Depois de um novo corte na gravação, o diálogo prossegue. A negociação dura mais um minuto. Em nenhum momento do vídeo, há barulho de tiro. Sequestrador e policial também não falam sobre isso. As últimas palavras dos dois foram uma despedida.

- Dá um tempo pra mim que eu tou precisando ficar sozinho. Não quero ver ninguém.
- Tá bom. Então deita ai e descansa um pouco, tá bom?
- Falou.
- Falou, até mais. Tchau.

Quatro minutos depois, o apartamento é invadido.

"Nesse momento, eu nao estava junto do prédio, estava no interior de uma viatura do corpo de bombeiros recarregando meu celular. No último contato com ele o celular acabou e eu fui conectar numa tomada pra tentar retomar um contato", conta o capitão.

Lindemberg não quis se entregar. Na versão da polícia, ele deu o tiro que precipitou a invasão. A negociação fracassou e as duas reféns ficaram gravemente feridas.

Gravações revelam momentos finais da negociação com Lindemberg
Rapaz que manteve namorada refém e atirou nela mostrava cansaço.
Segundo capitão, ele agrediu namorada e amiga durante seqüestro.

Fonte:

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir