Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 04-11-2008

O BOM DA POLÍTICA IANQUE
Todo mundo já sabe por que a política nos Estados Unidos interessa tanto ao mundo inteiro
O BOM DA POLÍTICA IANQUE

Juliano Ribeiro Almeida

Todo mundo já sabe por que a política nos Estados Unidos interessa tanto ao mundo inteiro; já se sabe que uma crise ali torna-se automaticamente crise por toda parte do globo. Esse paradigma parece estar sendo quebrado; afinal, lá vêm os emergentes BRIC, mas esse já é outro assunto... É preciso também conhecer as duas opções que se apresentam, que destinos serão dados nos Estados Unidos a partir das eleições presidenciais desta semana. Daí se descortinarão possibilidades diversas de resposta para grandes questões mundiais, como a ecológica, a do Oriente Médio, a das bolsas de valores em todo o mundo e outras.

Nos Estados Unidos, há séculos que os governos se alternam entre os dois grandes partidos influentes: o Partido Republicano (de George W. Bush e John McCain) e o Partido Democrata (de Hillary Clinton e Barack Obama). São duas ideologias que remontam à época da independência estadunidense. Houve, no século XX, uma grande virada nas bandeiras levantadas por esses dois partidos: no início, o Partido Democrata era a favor, por exemplo, da escravatura, enquanto o Partido Republicano era contra. Feitas as reformas ideológicas, os partidos Republicano e Democrata já estavam, no século XX, bem claramente posicionados como os dois grandes projetos políticos diversos no país.

Em geral, há algum tempo que os republicanos são apoiados por maiorias dos chamados "brancos protestantes anglo-saxões"; e os democratas são apoiados pelos intelectuais, pelas minorias sociais e por algumas linhas evangélicas mais liberais. John McCain tem orgulho de dizer que é contra o aborto e a união civil entre homossexuais. Barack Obama tem coragem de declarar-se contra a histórica política da guerra, bem como a favor de atitudes mais radicais de redistribuição de renda. Ouvem-se facilmente depoimentos de eleitores que dizem não votar em Obama por ele ter a simpatia dos muçulmanos, porque vai tirar o dinheiro dos ricos para dá-lo aos pobres, porque é a favor do aborto ou até mesmo por ser negro. Apesar de haverem tão poucas opções a escolher, assim é mais possível exercer a liberdade de consciência e votar em um projeto que se acredita ser o melhor.

No Brasil, bem diferente desses limites precisos nas ideologias e nos projetos políticos, o que temos é uma grande confusão em que cada um procura colar à sua própria imagem temas circunstanciais, que estão na moda. Aqui, um partido pode se chamar "Democratas" ou do "Movimento Democrático", sendo que seus maiores representantes apoiaram ditaduras militares, violam princípios básicos da democracia e suas instituições, traem completamente a idéia do governo como "poder do povo", que é o que significa essa expressão grega "demos-cratos". Por outro lado, há partidos que se nomeiam com a palavra latina República – que significa res-publica, "coisa de todos" – mas na verdade arrebanham saudosistas de antigas aristocracias ruralistas, capitalistas, anti-trabalhistas etc. No Brasil, ninguém consegue adivinhar a linha ideológica do político, pelo partido a que esse pertence; ninguém sabe que idéias ele defende, que convicções morais ele porta, que formação ética ele teve, que projeto ele tem. Assim fica difícil escolher maduramente. Portanto, reforma política já!

Juliano Ribeiro Almeida, 28 anos, é padre católico, e trabalha na paróquia de Itapemirim.

Fonte: O Autor
 
Por:  Juliano Ribeiro Almeida    |      Imprimir