Categoria Politica  Noticia Atualizada em 07-11-2008

Se não for afastado, De Sanctis vai condenar Dantas
Para defesa de Dantas, Protógenes está "fora de seu parâmetro normal".
Se não for afastado, De Sanctis vai condenar Dantas
Foto: Dida Sampaio/Agência Estado

Eduardo Bresciani

O delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz afirmou nesta sexta-feira (7) que acredita numa decisão do juiz Fausto De Sanctis pela condenação do banqueiro Daniel Dantas no inquérito aberto por corrupção.

O delegado presidiu a Operação Satiagraha, que prendeu o banqueiro, e concluiu o inquérito antes de ser afastado das investigações. A decisão do juiz pode sair até o final do mês. Protógenes disse ver um movimento para que De Sanctis seja afastado do caso.

"Com certeza a decisão do juiz Fausto De Sanctis será pela condenação. Eu investiguei, sei que os dados estão consolidados relativos a corrupção e tenho certeza que ele vai dar uma sentença à altura", disse o delegado após dar uma palestra em uma universidade em Brasília.

O inquérito a que se refere Protógenes foi concluído antes de seu afastamento e se baseia em gravações de negociações de emissários de Dantas supostamente tentando subornar um delegado da Polícia Federal.

Para o delegado, é possível que se tente afastar do caso o juiz para evitar a condenação do banqueiro em primeira instância. "Existem dois pedidos de afastamento por suspeição e a cúpula tem o intuito de macular um trabalho isento e honesto de um juiz que tem capacidade técnica. Querem passar o rolo compressor na magistratura, como já passaram na Polícia Federal."

Na visão de Protógenes, se Dantas não for condenado, o Brasil ficará desmoralizado. "O bandido Daniel Dantas na cadeia é uma vitória da sociedade. Se ele não for condenado o país sairá desmoralizado."

"Fora do normal"

O advogado de Dantas, Nélio Machado, afirmou ao G1 que Protógenes está "fora de seu parâmetro normal" ao dizer que o banqueiro é "bandido."

Segundo Machado, o delegado não deveria utilizar uma "terminologia imprópria e grosseira" ao se referir ao seu cliente, e que esse tipo de atitude fez com que "sua credibilidade [a de Protógenes] fosse questionada." Quanto à possível condenação de Dantas, o advogado disse que Protógenes "não pode emitir julgamento" e que só o poder Judiciário pode se manifestar sobre a questão.

Procurado pelo G1, o juiz Fausto De Sanctis disse, por meio de sua assessoria, que não comentaria as declarações do delegado sobre seu possível afastamento. Sobre uma eventual condenação de Daniel Dantas, o juiz informou que a afirmação reflete apenas a opinião do delegado Protógenes.

"Coisa da ditadura"


A esposa do delegado Protógenes Queiroz, Heloísa Alfonso Garcia, comparou à ditadura militar a ação da Polícia Federal de realizar busca e apreensão contra seu marido. Heloísa acompanhou o delegado nesta sexta-feira em uma palestra dada por ele em uma universidade de Brasília.

Ela afirma que o delegado tem recebido ameaças. A Polícia Federal informou ao G1 que não comentaria as acusações da mulher do delegado Protógenes.

Na quarta-feira (5), a PF cumpriu mandados de busca e apreensão na casa do delegado em Brasília, na residência em que seu filho mora, no Rio de Janeiro, e no hotel em que o delegado estava hospedado em São Paulo.

Os mandados foram concedidos pelo juiz Ali Massloum para auxiliar nas investigações do inquérito que apura vazamento de informações da Operação Satiagraha.

A mulher do delegado contou que foi acordada na madrugada de quarta-feira com toques de campainha e socos na porta de sua residência por volta das cinco da manhã.

"Fiquei apavorada. É um absurdo que se chegue assim como se fosse casa de bandido", disse Heloísa. "Isso para mim é ditadura. Eu era pequena na época, mas antigamente era assim, jornalista não podia escrever e ninguém tinha liberdade, eles iam e invadiam as casas das pessoas. O que aconteceu na minha casa foi uma invasão", completou.

Ela disse que os agentes a impediram de ligar para o delegado para avisá-lo da operação e que pouco depois o filho de Protógenes que mora no Rio de Janeiro ligou assustado dizendo que a PF também estava em sua casa. Mesmo assim, ela não pode contatar Protógenes.

Heloísa reclamou ainda que os policiais não permitiram a ela sequer tirar cópias de documentos pessoais e do seu trabalho que estavam no computador pessoal e em um pen-drive que foram apreendidos.

Segundo ela, o delegado tem recebido ameaças por meio de comentários em seu blog. Ela afirma que apaga as ameaças para que Protógenes não as veja. "Se ele vir, vai adiantar o quê? A gente vai chamar quem? A polícia?", ironizou.

Se não for afastado, De Sanctis vai condenar Dantas, diz Protógenes
Para defesa de Dantas, Protógenes está "fora de seu parâmetro normal".
Mulher de delegado diz que busca em sua casa foi "coisa da ditadura".

Fonte:

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir