Categoria Geral  Noticia Atualizada em 20-11-2008

Na surdina e em crise, frota baleeira japonesa segue para a Antártica
O Nisshin Maru em alta velocidade no Oceano Antártico, sendo perseguido pelo navio Esperanza, do Greenpeace.
Na surdina e em crise, frota baleeira japonesa segue para a Antártica
Foto: www.greenpeace.org

Tóquio, Japão — Segundo informações divulgadas pela imprensa do Japão, cota de baleias a serem caçadas será 20% menor do que na temporada passada.

Ativistas do Grenpeace marcaram na manhã desta segunda-feira (17/11) a saída da frota baleeira do Japão do porto de Innoshima com faixas informando que a caça às baleias está sob julgamento e que o programa baleeiro suga milhões de dólares de impostos pagos por cidadãos japoneses.

A frota tentou deixar o Japão na surdina, após o cancelamento da tradicional cerimônia festiva de despedida da frota, promovida no porto de Shimonoseki. Com a presença apenas dos familiares da tripulação e autoridades da indústria baleeira, o navio-fábrica Nisshin Maru deixou Innoshima em direção ao Santuário de Baleias do Oceano Antártico.

A indústria baleeira japonesa está em crise. A mídia informa, com base em fontes da indústria, que a cota de baleias a serem mortas foi reduzida em 20%. A Agência Japonesa de Pesca, no entanto, diz que o total de 935 baleias minke e 50 fins serão mortas, mesmo número da temporada passada.

Foi também revelado que pela primeira vez na história a frota vai navegar sem uma tripulação 100% japonesa, com vários integrantes se recusando a viajar depois do escândalo de contrabando de carne de baleia ter sido revelado ao público pelo Greenpeace. E como não se bastasse, foi anunciado que o restaurante Yushin, que vende carne de baleia em Tóquio, será fechado em 2010 devido a problemas financeiros.

O cargueiro Oriental Bluebird, responsável pelo reabastecimento da frota baleeira, foi recentemente multado pelas autoridades panamenhas e não acompanhará os navios japoneses ao Oceano Antártico, o que deve ter impacto significativo na capacidade de transporte de carne de baleia de volta ao Japão.

"A confusão existente na indústria baleeira e a reação despropositada das autoridades japonesas contra os ativistas do Greenpeace, Junichi Sato e Toru Suzuki, mostram que o trabalho da organização no Japão está gerando frutos, ao revelar ao público um programa baleeiro caro e sem sentido", afirma Jun Hoshinkawa, diretor executivo do Greenpeace Japão. "O mercado de carne de baleia no Japão entrou em colapso. É a hora dos cidadãos japoneses, que pagam impostos, exigir que o governo pare de subsidiar esse programa falido, e trazer de volta ao porto a frota baleeira."

O Greenpeace vai focar seus esforços para acabar com a caça às baleias dentro do Japão, onde 71% do público não apóia o programa baleeiro japonês.

Contagem regressiva

São cada vez mais evidentes os sinais de que a indústria baleeira japonesa está entrando em colapso. Apesar da iminente crise, o soturno navio-fábrica Nisshin Maru zarpou, meio que às escondidas, rumo à Antártica para a habitual matança de todos os anos. Até quando?


 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir