Categoria Educação  Noticia Atualizada em 05-12-2008

Aluna do DJM Brilha em Brasília
Veja o texto escrito por Alexia que foi selecionado depois de passar por eliminatórias
Aluna do DJM Brilha em Brasília
Angélica, Helena, Alexia e Heloísa
Foto:www.maratimba.com

Depois de passar por eliminatórias que começou no município, Estado e a semi-final em São Paulo, a aluna Alexia Duarte Torres conseguiu êxito ficando com a medalha de prata no segmento de "Memórias" da Olimpíada de Português Escrevendo o Futuro, incentivada pela Fundação Itaú e o Ministério da Educação (MEC). A final do evento foi neste ultimo domingo em Brasília, onde Alexia foi acompanhada de sua mãe, Helena, com a diretora de sua escola "Domingos José Martins", Heloísa Valli Bitencourt e da professora Angélica Estevão da Silva, que orientou o seu trabalho onde a aluna escreveu as Memórias do Senhor Albérico Costa, morador do balneário de Barra do Itapemirim, Marataízes, que relatou fatos emocionantes de sua vida.

Veja o texto escrito por Alexia que foi selecionado depois de passar por eliminatórias que chegaram a 6 mil textos escritos por alunos de todo o país.

Marcas de uma Mudança

Era um lugar encantado, meu paraíso infantil. Aquelas extensas ruas de areia, trazida pela força daquele lindo e imenso mar que a cidade, foram a nossa principal paisagem durante décadas. As dificuldades apareciam e deixavam meus pais, por mim considerados heróis, incapazes de resolver alguns problemas. Apesar de tudo, a felicidade prevalecia em nossa vida.

Durante toda a minha juventude, por volta de 1944, vivi preocupado com o meu time de futebol, o Ipiranga Futebol Clube. Lembro-me que naquela época, modéstia à parte, era considerado um bom jogador. Minha vida se resumia ao futebol, a soltar pipa com amigos e a brincar de bolas de gude. Recordo-me também dos tempos de escola, onde era impossível esquecer a tão temida "palmatória".

Marataizes, a Pérola Capixaba, cidade litorânea, pequena em tamanho e grande em riquezas naturais e culturais, proporcionou-me em encontro com a bela Erecê, a mulher da minha vida, que viria a ser minha esposa no futuro. Na época da paquera, saíamos para tomar sorvete, flertar, dançar da Choupana, lugar onde havia muita música e diversão, ao som dos famosos discos de vinil tocados pela vitrola, muito freqüentado. No verão, íamos pescar, nadar nas lagoas e aproveitar a praia onde havia um mundaréu de turistas passando férias.

Encantava-me cada vez mais por minha amada, já estávamos pensando em nos casar. Minha mentalidade crescia, os problemas surgiam, e eu precisava sair da dependência dos meus heróis de casa, para também me tornar um herói – herói da minha própria casa.

Diante daquelas situações, trabalhei vinte e cinco anos na Estrada de ferro; por cujos trilhos passava grande locomotiva, um meio muito utilizado pela pequena população de meu município. Pobres e ricos utilizavam o trem para se locomoverem. Também passei parte da minha vida projetando filmes numa pequena sala que funcionava como cinema, o Cine São José, na Barra.

Lentamente fui estruturando minha vida e minha família, e assim conseguindo o que eu queria. Tive filhos e, talvez pela preocupação de criá-los e não deixar que nada lhes faltasse, vi-me perdido nas confusões da vida e fui dominado pela incapacidade de perceber as mudanças que estavam ocorrendo. Encontrei-me em uma nova cidade, onde as casas feitas de estuque de barro foram substituídas pó tijolos e cimento; água captada do rio Itapemirim e levava diretamente para minha casa passava agora por vários tratamentos; a energia, ausente na casa das pessoas, já se fazia presente em todas; os dois "coréias" – nomes que se davam aos dois ônibus que faziam todas as rotas do município – foram trocados por vários ônibus, cada um deles com suas rotas definidas, o sistema de urnas de papelão transformou-se no sistema de urnas eletrônicas; as ruas sem veículos nenhum agora estavam ocupadas por eles; do trapiche, antes movimentado por cafeicultores, madeireiros e enormes navios de transporte, só restaram ruínas à espera de restauração.

Se bem me lembro, a poeira pairava sobre o ar, a brisa apresentava-se em dias de outono. Sentindo saudades dos meus velhos tempos, vivo de acordo com o presente, num tempo onde a tecnologia e a confortabilidade prevalecem. Em meio aos meus diversos aparelhos tecnológicos e modernos eletrodomésticos, como computadores, televisões e celulares, vivo numa era onde a simplicidade e a cumplicidade deixaram de existir e a individualidade tomou conta de todos.

Vou acostumando-me à nova maneira de viver, encarando novas realidades, ganhando experiência a cada novo dia, quebrando barreiras e assim construindo pontes para o futuro. Meu nome é Albério, tenho 74 anos e este é o lugar onde vivo.


    Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  José Rubens Brumana    |      Imprimir