Categoria Geral  Noticia Atualizada em 17-12-2008

Negociações na Polônia derrapam
Urso polar sem-teto pede carona em Poznan, na Polônia, no final da COP14.
Negociações na Polônia derrapam
Foto: www.greenpeace.org

Poznan, Polônia — Na estrada rumo a Dinamarca, o fusquinha do Brasil finge que é Cadillac e impressiona.

As negociações da 14ª Conferência do Clima, em Poznan, na Polônia, desde o dia 1º de dezembro, chegaram ao fim, na sexta-feira (12/12), sem muitos avanços. Agora, é recuperar o tempo perdido se preparando para a próxima Conferência, que será realizada em Copenhagen (Dinamarca), em 2009, para fechar o acordo que substituirá o Protocolo de Kyoto, a partir de 2012.

"Os cientistas dizem que temos dez anos para evitar os desastres provocados pelas mudanças climáticas e já desperdiçamos um, com essas negociações emperradas. Dizer a mesma coisa que já se disse há um ano, em Bali, não é progresso", disse Stephanie Tunmore, coordenadora da campanha de clima e energia do Greenpeace Internacional. Paulo Adário, diretor da campanha Amazônia, que acompanhou as reuniões na Polônia, completa: "Poznan deveria pavimentar a estrada para Copenhagen, mas ela ainda continua cheia de buracos. O único avanço é que agora a gente vê melhor os buracos".

Na queda de braço com os países desenvolvidos, as nações em desenvolvimento fizeram bonito e mostraram disposição para assumir suas responsabilidades no combate ao aquecimento global. Nesse capítulo, uma das estrelas foi o Brasil. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, impressionou com as metas de redução assumidas no recém-lançado Plano de Mudanças Climáticas. "Na estrada rumo a Copenhagen, o fusquinha do Brasil finge que é um Cadillac e segue em frente", disse Adário.

Um dos temas que travou as negociações e colocou desenvolvidos e em desenvolvimento em campos opostos foi o foi o Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL). No último dia do encontro, já passava da meia-noite em Poznan e os negociadores continuavam trancados discutindo o assunto. O grande nó da questão é a inclusão da Captura e o Armazenamento de Carbono (CCS), mecanismo que permite às indústrias emissoras estocarem os gases de efeito estufa, no MDL. A proposta é desfavorável ao Brasil e a outras nações em desenvolvimento, porque possibilita que o dinheiro do MDL, que seria aplicado em tecnologia limpa nesses países, seja empregado nos sistemas de estoque de carvão.

Negociações na Polônia derrapam, agora é se preparar para Copenhagen.

Urso polar sem-teto pede carona em Poznan, na Polônia, no final da COP14.


 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir