Categoria Politica  Noticia Atualizada em 16-01-2009

Presidente Bush defende legado no último discurso à nação
A despedida do homem que governou os Estados Unidos nos últimos oito anos
Presidente Bush defende legado no último discurso à nação
Foto: Yuri Gripas/ Reuters

O ainda Presidente George W. Bush defendeu ontem as suas acções durante os oito anos em que esteve à frente do governo dos Estados Unidos. As medidas que tomou para evitar o colapso do sistema financeiro e um novo ataque terrorista em solo americano foram alguns dos feitos reivindicados por Bush, numa tentativa de deixar uma imagem mais positiva de dois mandatos bastante conturbados. Cinco dias antes de Barack Obama tomar posse como Presidente, Bush fez ontem o seu último discurso televisivo, no qual tentou sintetizar as principais medidas da Administração cessante, que alguns historiadores já consideram a pior de sempre.

Apesar de se concentrar nos seus sucessos, a verdade é que Bush deixa a Obama duas guerras inacabadas com o Iraque e o Afeganistão, uma escalada de violência em Gaza, uma economia em recessão e uma imagem danificada dos EUA no mundo. "Perante a possibilidade de colapso económico, tomámos medidas decisivas para salvaguardar a nosso economia", afirmou Bush a partir da Casa Branca, referindo-se à intervenção do governo, contrariando a sua concepção de auto-regulação dos mercados. "As consequências seriam muito mais graves caso não tivéssemos intervindo. Juntos, com determinação e trabalho árduo, vamos restaurar a nossa economia e colocá-la no caminho do crescimento. Vamos, mais uma vez, mostrar ao mundo a resiliência do sistema de mercado livre americano."

Obama já afirmou que lidar com a pior crise económica desde a Grande Depressão será a sua prioridade máxima. Bush avisa, contudo, que o maior desafio que o futuro Presidente terá de enfrentar continuará a ser a ameaça de um novo ataque terrorista como o de 11 de Setembro de 2001. Em conjunto com o vice-presidente Dick Cheney, a sua Administração e alguns cidadãos na assistência, Bush admitiu que algumas das suas acções após o ataque foram algo controversas mas defendeu-as, bem como a sua atitude de "quem não está comigo está contra mim." "Há um debate legítimo sobre muitas destas decisões, mas não o pode haver em relação aos resultados", sublinhou. "Os Estados Unidos passaram quase oito anos sem mais nenhum ataque terrorista."

Entre as referidas acções contam-se a abertura do centro de detenção de Guantánamo e a aprovação de técnicas de interrogação condenadas por grupos de direitos humanos que as classificaram como tortura. Medidas essas que provocaram uma diminuição da popularidade dos Estados Unidos no estrangeiro. Apesar disso, não parece haver recuo por parte do Presidente cessante: "os nossos inimigos são pacientes e estão determinados a atacar novamente. O Bem e o Mal estão presentes neste mundo e, entre os dois, não pode haver meio-termo."

Por uma imagem melhor...
Nos últimos dias, Bush e alguns dos seus apoiantes têm-se desdobrado em aparições e entrevistas para tentar fazer prevalecer uma visão mais positiva dos últimos oito anos. Uma tarefa especialmente difícil, visto que George Bush irá abandonar o cargo com a mais baixa taxa de aprovação de um Presidente americano da modernidade (entre 20 e 30 por cento).

Também ontem, na última cerimónia do Departamento de Estado, o Presidente considerou positivo o seu trabalho de política externa, desde a invasão do Iraque, às tensões com o Irão e Coreia do Norte. "Tornámos o mundo mais livre."

Este seu último discurso para a nação, não teve o mesmo grau de introspecção que a conferência de imprensa de segunda-feira, onde admitiu lamentar os abusos suportados pelos prisioneiros de Abu Grahib e não ter encontrado armas de destruição maciça no Iraque. Mas Bush, apesar de dizer que será a História a julgar as suas acções, acabou por conceder: "Passei por alguns contratempos. Há coisas que faria de forma diferente se tivesse oportunidade."

Os últimos dias de uma Administração impopular.
Presidente Bush defende legado no último discurso à nação.
A despedida do homem que governou os Estados Unidos nos últimos oito anos.


 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir