Categoria Economia  Noticia Atualizada em 18-01-2009

Taxa de juro pode cair até 1,5 ponto na 5ª
A produção industrial tombou 8,8% no acumulado de outubro e novembro e deve ter caído mais 8% em dezembro.
Taxa de juro pode cair até 1,5 ponto na 5ª
Foto: Citroen/Divulgação

Vicente Nunes e Daniel Pereira // Do Correio Brasziliense

A forte queda da atividade econômica, que provocou uma onda de demissões no país, poderá levar o Banco Central a reduzir a taxa básica de juros (Selic) em até 1,5 ponto percentual na próxima semana, dos atuais 13,75% para 12,25%.

Segundo o economista-chefe do Banco Credit Suisse, Nilson Teixeira, somente uma postura mais agressiva como essa do Comitê de Política Monetária (Copom) conseguirá reverter a onda de pessimismo que tomou conta do país e travou a produção e o consumo. Para ele, o ideal é que haja duas quedas seguidas de 1,5 ponto, uma neste mês, outra em março, com a Selic estacionando nos 10,75% ao ano.

Caso, porém, o BC opte por não ser radical, o economista do Credit Suisse acredita que o Copom poderia promover três baixas consecutivas de um ponto cada uma, movimento que, na sua avaliação, também contribuirá para mudar os ânimos de empresários e consumidores. A seu ver, há razões de sobra para o BC ser mais ousado na condução da política monetária. A produção industrial tombou 8,8% no acumulado de outubro e novembro e deve ter caído mais 8% em dezembro. Além disso, a taxa de desemprego está caminhando rapidamente para os 9%. "No nosso entender, nem uma redução de 0,5 ponto nem uma queda de 0,75 ponto são compatíveis com os indicadores recentes de atividade econômica, que indicam retração bem mais expressiva do que a esperada pelos analistas", afirmou.

O economista Gian Barbosa, da Consultoria Tendências, também aconselha ao BC não perder tempo e cortar a Selic em pelo menos um ponto na semana que vem. Segundo ele, a drástica paralisia da produção e do consumo e o tombo da inflação são suficientes para justificar uma decisão técnica nessa direção. Barbosa ressaltou que a deflação de 0,85% medida pelo Índice Geral de Preços 10 (IGP-10) de janeiro e divulgada ontem pela Fundação Getúlio Vargas afastou qualquer risco de aumento do custo de vida. "Pelo contrário, todas as projeções apontam para a inflação em baixa. Tanto que revisamos de 4,8% para4,2% a estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano", assinalou. Essa previsão indica que a alta de mais de 50% do dólar desde agosto de 2008 será integralmente compensada pela queda de matérias-primas (commodities) no exterior.

Lula confiante - Apesar da consistência de todos esses argumentos em favor de um BC menos conservador, há uma grande divisão no mercado. "Que os juros vão cair, não há dúvidas. Mas, dado o histórico gradualista do BC, continuo apostando em um corte de apenas 0,5 ponto percentual na próxima semana", disse Zeina Latif, economista-chefe do Banco ING. Para Carlos Thadeu Filho, economista-chefe da SLW Asset Management, não há qualquer justificativa para o Copom não reduzir a Selic em 0,75 ponto. Essa mesma previsão é feita pelo economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, que aposta em uma retração de 9,8% na produção industrial de dezembro.

Em meio a um mercado tão dividido, o que não se via há anos, o presidente Lula espera uma baixa de pelo menos 0,5 ponto da Selic.

Redução maior na Selic deve ser a alternativa do Banco Central para conter onda de demissões, trava na produção e redução no consumo.

Taxa de juro pode cair até 1,5 ponto na 5ª.


 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir