Categoria Geral  Noticia Atualizada em 19-02-2009

Brasileira ferida na Suíça é indiciada por suspeita de mentir para a polícia
Mídia do país diz que Paula Oliveira já confessou que tudo foi uma farsa.
Brasileira ferida na Suíça é indiciada por suspeita de mentir para a polícia
Foto: G1

A brasileira que diz ter sido agredida por neonazistas na Suíça passou de vítima a ré nesta quarta-feira (18). Ela foi indiciada formalmente - suspeita de ter mentido para a polícia.

Foi o Partido Popular da Suíça que pediu o indiciamento de Paula Oliveira. É a sigla do partido, SVP, que aparece escrita com vários cortes na barriga e nas pernas da brasileira. Ela disse que os ferimentos tinham sido feitos por neonazistas e que o ataque teria provocado o aborto das gêmeas que ela estaria esperando. A polícia rejeitou a versão:

O indiciamento foi baseado no artigo 304 do Código Penal suíço: crime contra a administração da Justiça. Paula é acusada de induzir a polícia a erro e pode responder em liberdade, mas não tem permissão pra deixar o país. Se for condenada, corre o risco de passar até 3 anos na prisão.

Para defender a filha, Paulo Oliveira contratou o advogado Roger Muller. Durante entrevista exclusiva ao Jornal Nacional, eles foram informados de que uma das principais emissoras de TV da Suíça, a Telezuric afirmou que Paula já teria confessado à polícia que inventou toda a história, e que um jornal publicou, inclusive, onde Paula teria comprado o estilete usado pra cortar o próprio corpo.

O advogado não escondeu a surpresa. "Não houve um interrogatório formal com o Ministério Público. Nossa legislação diz que o depoimento de uma pessoa perante a polícia, na ausência do Ministério Público e de um advogado, não tem o valor de uma prova", disse. O pai diz que continua confiando na filha.

Segundo policiais entrevistados pelo jornal "Weltwoche", uma publicação conservadora ligada ao partido popular, o SVP, Paula teria assinado uma confissão ainda no dia 13 de fevereiro, dizendo que jamais teve contato com neonazistas, e que nunca esteve grávida de gêmeos. A justiça suíça não tem prazo pra concluir o inquérito.

Suspeita

Oficialmente, a polícia de Zurique põe em dúvida a versão de Paula . Segundo a investigação, ela não estava grávida no momento do ataque e poderia ter sido a própria autora dos ferimentos que recebeu.

Um tribunal distrital de Zurique designou um advogado para defendê-la e ela teria aceitado, segundo comunicado do Ministério Público. Paula não poderá deixar o país enquanto durar a investigação, segundo o comunicado do Ministério Público. Seu passaporte e seus demais documentos foram bloqueados.

A nota também diz que a investigação policial sobre a agressão, iniciada após denúncia feita por Paula, continuará em curso apesar do indiciamento.

O pai de Paula, o advogado Paulo Oliveira, diz que a versão da polícia não passa de "especulações" . Ele acha que a polícia da Suíça está querendo apenas desviar o foco do assunto e insiste que tudo o que está sendo dito tem que ser provado.

Fora do hospital

Paula deixou na terça-feira (17) o hospital em que se recuperava em Zurique.
Na portaria do hospital, o pai dela confirmou aos jornalistas que a filha dele receberia alta e que sairia pela porta da frente. Depois, ele para comprar os remédios receitados pelos médicos, principalmente analgésicos para aliviar a dor dos cortes que Paula Oliveira tem por todo o corpo.

Na volta, a surpresa. Paula, que o pai diz sofrer de lúpus, tinha preferido sair por uma porta dos fundos. O pai argumentou que a filha ficou muito estressada depois que soube que a polícia suíça negou que ela estivesse grávida na hora do suposto ataque e chegou a considerar a hipótese de que Paula tenha cometido autoflagelo.

"Ela não tem nada a esconder, continua abalada emocionalmente e hoje ela teve um impacto do choque com a realidade", afirmou ele.

No segundo andar do apartamento onde vive em Dubendorf, a seis quilômetros de Zurique, a mãe dela abriu a porta, mas não quis se mostrar. No segundo andar, Paula chegou a aparecer na janela de relance, mas desapareceu quando viu que estava sendo filmada.

A família Oliveira pretendia levar Paula ao Recife para descansar entre parentes e amigos mais próximos. Mas a polícia de Zurique já avisou que pretende ouvi-la novamente. Enquanto o processo não estiver concluído, Paula não poderá deixar a Suíça.

Brasileira ferida na Suíça é indiciada por suspeita de mentir para a polícia
Mídia do país diz que Paula Oliveira já confessou que tudo foi uma farsa.
Advogado diz que depoimento à polícia não tem valor de prova no país.

Fonte:

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir