Categoria Politica  Noticia Atualizada em 10-03-2009

Cavaco não comenta democracia em Angola
Eduardo dos Santos diz sentir-se legitimado politicamente mas não aponta uma data para eleições presidenciais
Cavaco não comenta democracia em Angola
Foto: diario.iol.pt

Por: Hugo Beleza

Após as declarações dos presidentes de Angola e Portugal, no Palácio de Belém, só dois jornalistas de cada país tiveram direito a colocar perguntas aos chefes de Estado. Na última delas, Cavaco Silva foi questionado sobre o processo democrático em Angola e Eduardo dos Santos em relação a um eventual compromisso para uma data de eleições presidenciais no seu país. O português não respondeu; o angolano disse que não sente falta de legitimidade e explicou que um escrutínio para o cargo que ocupa, só com uma nova constituição.
Seria talvez a questão mais sensível para o chefe de Estado português, que esteve sempre à-vontade nos temas económicos – chegou mesmo a fazer um resumo da actual crise mundial durante uma resposta a um jornalista angolano. Nessa área Cavaco exprimiu o desejo de se estabelecer entre os dois países uma «verdadeira parceria estratégica».

Eduardo dos Santos também apontou nesse sentido. Disse que as relações entre os dois países são «excelentes», porém, com um desafio: «Há muito que fazer». E por isso manifestou a necessidade de se «estabelecer um quadro financeiro que permita a expansão do investimento público e privado entre os dois países».

«Não sinto falta de legitimidade»

Negócios à parte, Cavaco Silva simplesmente passou a palavra ao seu homólogo angolano, quando foi instado a comentar o processo de democratização em Angola. Apesar de, anteriormente, na sua declaração, ter dito que «José Eduardo dos Santos desempenhou um papel muito importante para a paz, a estabilidade, a reconciliação dos angolanos».

Já o presidente angolano, que tinha sido questionado sobre se sente falta da legitimidade do voto e se se compromete com uma data para a realização de eleições presidenciais, não hesitou em responder.

No poder sem interregnos desde 1979, Eduardo dos Santos disse: «Eu não sinto falta de legitimidade». E explicou: «O meu nome foi o primeiro da lista de vários deputados que o MPLA apresentou às últimas eleições legislativas, em que o MPLA saiu vencedor com mais de 81 por cento dos votos. Portanto, enquanto chefe do executivo, pelo menos, sinto-me perfeitamente à-vontade».

Já no que diz respeito a uma data de eleições, o governante angolano disse que «é evidente que falta». A justificação para que não haja agenda deve-se, segundo apontou, à falta de um novo texto constitucional, que esteve a ser negociado - mas sem sucesso - antes das legislativas, realizadas em Setembro do ano passado. «As negociações foram inconclusivas», disse o presidente angolano, frisando que «o parlamento criou uma comissão constitucional que vai elaborar um novo texto da constituição».

Depois, esse texto será submetido à «consulta pública» e «após a sua aprovação pela assembleia nacional será a base para a realização das eleições presidenciais». José Eduardo dos Santos disse que pretende que haja um novo texto este ano, mas não apontou para quando um escrutínio com data marcada para o cargo que ocupa há 30 anos.

Cavaco não comenta democracia em Angola.
Eduardo dos Santos diz sentir-se legitimado politicamente mas não aponta uma data para eleições presidenciais.


 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir