Categoria Politica  Noticia Atualizada em 21-03-2009

Lula e Cristina defendem mudanças do sistema financeiro
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a líder argentina, Cristina Fernández de Kirchner, reafirmaram hoje...
Lula e Cristina defendem mudanças do sistema financeiro
Foto: www.maratimba.com

Waldheim García Montoya.

São Paulo, 20 mar (EFE).- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a líder argentina, Cristina Fernández de Kirchner, reafirmaram hoje em São Paulo o compromisso de apresentar na cúpula do Grupo dos Vinte (G20, que reúne os países mais ricos e principais emergentes) uma proposta de mudanças ao sistema financeiro para conter a crise.

"Não há um acordo entre Brasil e Estados Unidos no G20. Nosso compromisso é com a Argentina e com o G5 (Brasil, México, China, Índia e África do Sul)", disse Lula, sem dar outros detalhes.

O presidente fez as declarações em entrevista coletiva após se reunir com Cristina e de encerrar com ela um seminário na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Lula explicou que, depois do encontro que teve na semana passada em Washington com o presidente americano, Barack Obama, só está "prevista (com os EUA) uma reunião prévia de ministros de Economia antes da Cúpula do G20".

O grupo realizará uma cúpula no dia 2 de abril em Londres, na qual está prevista a participação tanto de Lula quanto de Cristina.

Por sua vez, a presidente argentina destacou que os organismos financeiros internacionais estão "sem capacidade de resposta às críticas e às não críticas", por não terem detectado ou comunicado a crise, que piorou em setembro do ano passado após o colapso do setor hipotecário nos Estados Unidos.

Essas instituições, disse, "precisam de uma profunda reforma, pois é preocupante sua grande desorientação e a falta de respostas".

"O G20 pode ser um incentivo para ver se elas têm a flexibilidade de reconhecer que o mundo mudou", ressaltou Cristina.

Sobre isso, Lula reiterou que as instituições financeiras internacionais "foram criadas imaginando que os problemas seriam originados nos países emergentes, como ocorreu com as crises de Ásia, México, Brasil e Argentina" a partir de meados dos anos 90.

Em sua primeira visita a São Paulo, Cristina liderou uma missão de 487 empresários e representantes do Governo argentino, que se reuniram com colegas brasileiros durante o seminário de dois dias fechado hoje.

"Conheço várias partes do Brasil, mas faltava conhecer São Paulo, que tem o tamanho em termos de habitantes e produção da Argentina", afirmou a governante.

Em nível bilateral, Cristina explicou que, durante seu encontro com Lula, foram discutidos temas como a compra de vacinas argentinas contra a febre aftosa por parte dos criadores de gado brasileiros e a necessidade de prolongar a vigência dos acordos entre instituições financeiras dos dois países para fomentar o crédito.

"Precisamos agir de forma inteligente e coordenada para financiar obras de infraestrutura", sugeriu.

No início do mês, a Fiesp criticou a decisão argentina de impor licenças não automáticas para 200 produtos importados, boa parte deles brasileiros.

"Uma licença não automática pode parecer uma medida protecionista comercial, mas a desvalorização da moeda brasileira frente ao dólar (de 33% desde agosto) e as isenções fiscais de alguns estados brasileiros também podem ser medidas protecionistas", respondeu hoje Cristina.

"Devemos trabalhar para definir os preços e ter cada vez mais comércio entre nós, porque o comércio está estagnado no mundo inteiro" pela crise global, afirmou, por sua vez, Lula.

A adoção das medidas por parte da Argentina se deve ao déficit de US$ 4,348 bilhões na balança comercial desse país com o Brasil, em uma corrente comercial de US$ 30,863 bilhões em 2008, de acordo com números oficiais brasileiros.

Após o encontro com Lula, Cristina tinha compromissos na agenda como inaugurar uma mostra de arte organizada pelo Museu Nacional de Bellas Artes na sede da Fiesp.

Em seguida, se reunirá com os governadores do Paraná, Roberto Requião, de Mato Grosso, Blairo Maggi, e de São Paulo, José Serra, antes de retornar à Argentina, ainda hoje. EFE.

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Por:  Robson Souza Santos    |      Imprimir