Categoria Policia  Noticia Atualizada em 28-03-2009

PF indicia dois funcionários da Camargo Corrêa
Ele são acusados de crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
PF indicia dois funcionários da Camargo Corrêa
Foto: G1

A investigação da Polícia Federal indiciou nesta sexta-feira (27) uma secretária e um diretor da Camargo Corrêa presos durante a Operação Castelo de Areia. O diretor Raggi Badra Neto e a secretária Darcy Flores são acusados pela polícia dos crimes de câmbio ilegal, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

A investigação também pôs a empreiteira sob suspeita de crime eleitoral. As suspeitas da polícia sobre a prática de crimes eleitorais são baseadas em conversas entre executivos da Camargo Corrêa gravadas durante a investigação.

Num dos telefonemas interceptados na sede da Camargo Corrêa, a conversa é entre dois diretores agora presos: Pietro Bianchi e Fernando Dias Gomes.

O analista da PF escreveu: os dois diretores falam sobre contribuição dada no passado para o Aleluia, da Bahia. Possivelmente, diz ele, estão se referindo ao deputado baiano José Carlos Aleluia, do DEM.

"O que o Luiz está querendo aí?", Pietro pergunta.
E Fernando responde: "É do José Carlos Aleluia, saber se foi pago alguma coisa no passado."
"Mas pagamos, não?"
"Eu vou dar uma olha lá em baixo para ver se eu acho", Fernando responde.

O deputado José Carlos Aleluia nega as acusações e diz que elas são uma tentativa de calar a oposição. O partido dele, Democratas, diz que só recebe doações de forma legal.

No mesmo diálogo, segundo o analista, Fernando diz que outro diretor tem um arquivo eletrônico com as contribuições eleitorais. Pietro afirma que também tem uma pasta com informações.

"Tem aquela pasta de eleições. E lá tem todos os caras que foram pagos. A relação inclusive... A colaboração oficial", Pietro diz.
E Fernando pergunta: "Tem as duas, né?"
O delegado Otavio Russo conclui: "Há indícios de que algumas das entregas de dinheiro para partidos políticos ocorreriam à margem da fiscalização do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em outro diálogo, o mesmo diretor, Pietro Bianchi conversa com um homem identificado como Marcelo. O tema é campanha política.

"Eram coisas para acontecerem ontem", diz Marcelo.
Pietro pergunta: "Mas é campanha política? Por dentro?"
Marcelo responde que não. E Pietro diz que não está sabendo.

Comentário do analista, no relatório da Polícia Federal: "Fica claro que a Camargo Corrêa faz doações a partidos políticos e a políticos de forma irregular, o que é crime."

O Tribunal Regional Federal em São Paulo ainda não se manifestou sobre o pedido de liberdade para os três diretores da Camargo Corrêa presos preventivamente por tempo indeterminado. A defesa da empreiteira ganhou nesta sexta mais um advogado: é o ex-ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.

"Acho que não houve crime, acredito nisso, isso só será decidido ao final, depois que a defesa tiver a oportunidade de dar sua versão, tanto em relação a crimes financeiros como a crimes eleitorais, nós temos uma convicção muito forte de que não existem esses crimes", disse Bastos.

PPS

O Partido Popular Socialista foi nesta sexta-feira (27) à Justiça Federal para pedir acesso à parte da investigação em que é citado. O PPS é um dos partidos politicos apontados pela Polícia Federal como suposto beneficiário de doações da Camargo Corrêa, tidas como ilegais.

O presidente da Federação das Indústrias de São Paulo, Paulo Skaf, falou hoje à afiliada da Rede Globo em Bauru (SP) sobre o envolvimento da Fiesp na intermediação entre a Camargo Correa e políticos.

"Foi sugerido a esta empresa, se quisesse, decisão da empresa, que pudesse doar para o PSDB do Pará, e para o Democratas do Rio Grande do Norte, para as últimas eleições. O Pará, a pedido do senador Flexa Ribeiro, um ex-presidente da Federação das Indústrias daquele estado. E no caso do Rio Grande do Norte, a pedido do senador José Agripino, que é o presidente do partido no Rio Grande do Norte e é líder dos Democratas no Senado. Nós sugerimos, a empresa se dispôs a dar esse apoio, foi dado dentro da lei, com recibo, tudo correto."

Em nota divulgada nesta sexta, o juiz Fausto de Sanctis, que mandou prender os quatro diretores da construtora, disse que as investigações nunca foram centradas em ocupantes de cargos públicos ou em quem tenha funções políticas.

PF indicia dois funcionários da Camargo Corrêa
Ele são acusados de crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
Escutas também põem empreiteira sob suspeita de crime eleitoral.

Fonte:

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir