Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 07-04-2009

DESCULPE LEITORES! PAIXíO QUASE ME MATA
Meus caros e prediletos leitores – devo-lhes satisfação e aqui me rendo as suas desculpas e justifico minha ausência...
DESCULPE LEITORES! PAIXíO QUASE ME MATA

Meus caros e prediletos leitores – devo-lhes satisfação e aqui me rendo as suas desculpas e justifico minha ausência dessas páginas virtuais. Um turbilhão de problemas me arremessou contra minha própria personalidade.

Imaginas leitor que eu me achava auto-suficiente a ponto de dominar um sentimento doentio.

Estive embalada em discussões e desentendimentos. Farpas se soltaram e acabei atingindo pessoas próximas a mim. Tudo por conta de uma ensandecida paixão avassaladora. Vi-me vilipendiada, decepada e perdida – acabou!

Durante os últimos sete meses cheguei a me iludi que tinha o domínio nas mãos e acabei tendo a desagradável surpresa de que não passava de uma ilusão gratuita. Joguei-me de cabeça e pés num relacionamento amoroso e por ele respirei sem olhar aos lados e sem medir conseqüência alguma. Deixei projetos de lado, deixei minha vida, me entreguei insanamente a um sentimento estranho. Era eu a vítima e não sabia.

Via fragilidade na outra metade. Pensava que eu era forte, que nada me abalava. Até porque, meu caro leitor, jamais quis me envolver nesse relacionamento. Havia um disparate entre nós. Idade e sintonia de olhar. Olhávamos em direções contrárias. Enquanto a chuva caia no telhado e molhava a folhas e galhos da árvore no quintal me encantavam, e, pela manhã, os pássaros em coro não perceberam que essa nostalgia mexia com a sensibilidade de quem comigo dividia meu travesseiro.

Sintonia que faltou quando o silêncio dominou a falta de diálogo e então acusações desmedidas se soltaram. Sintonia que não me fez perceber que a lua, o nascer e o pôr do sol eram espetáculos que só a mim embriagavam. Eu não sabia o porquê desses espetáculos não causarem sensações nenhuma ao meu amor. Descobri depois. Tarde demais!

É claro, leitor, você não pode adivinhar o que pensa o outro que está do seu lado com a cabeça no mesmo travesseiro. Você pergunta e aguarda uma resposta, mas se o silêncio perpetuar, duas opções vão lhe restar. Compartilhe esse sepulcro absurdo e esqueça-se de se preocupar se o sorriso é montado, se a felicidade é mentira. É preciso ser egoísta e buscar o prazer ainda que haja fingimento da parte alheia. Para mim isso não funciona. Entornei todo o leite na fervura que eu não suportei apenas observar. Entornou tudo!

Lembro-me agora dos românticos do mal do século que amavam tanto a ponto de se matarem por amores doentios. Por ideais longínquos de serem alcançados. Enfim, meu caro leitor: acabou o meu relacionamento e com ele foi o meu equilíbrio. Eu quis a morte. Vi escapar meus dedos toda a minha potência e acabei fazendo papel de boçal. Não me ajoelhei, optei pela agressão, e acabei me ferindo junto.

Sem chão, sem direção, sem nexo, sem desejo, sem força vi-me numa estrada deserta e sem rumo. Perdi minha identidade e jurava as pessoas próximas a mim que era amor o que me fazia estar daquele jeito. O tempo foi passando e um mês após, ou mais, via esse vilipendiado amor se definhando na indiferença e no desprezo. Atordoava-me! Dormia ao lado e o silêncio me torturava. Atirei o relógio contra parede e gritei: _Pare esse ponteiro maldito, esse barulho me atormenta. Eu via as noites passarem em claro. O maço de cigarros não dava para a noite. Atirei também o copo no chão. Chega!

Eu comecei a imaginar que não era amor aquilo que chamávamos. Não podia ser. A crise que se instalou não tinha mecanismo capaz de diminuí-la. Afinal de contas, quando há amor, há respeito, há diálogo. Não. Houve agressões, farpas e silêncio. Decidimos então que iríamos para lados contrários. Eu ainda pensei em apelar e apelei, mas era desnecessário. Não sei se havia mais verdade - não sei se o mosaico seria belo se juntássemos aqueles pedaços. E eu pensei, vá, vá e viva como desejares. No meu silencioso paiol vou permanecer e avaliar o que fiz e, que não deveria ter feito.

Levar café na cama é bonito, mas é bonito receber café na cama também. Fazer declarações poéticas é romântico e lindo, mas deveria ser vice-versa. Não se dê leitor 100% , entre com metade porque no fim, você só sofre 50%.

Agora _ passados 30 e poucos dias, ainda covardemente sinto falta, mas eu não sei de quê. Se da minha vida leve, livre e solta e em paz, se de uma pessoa que eu me doei e agora nem sequer um bom dia é capaz de deixar no meu Orkut.

Cuidado leitor _ se for apaixonado, vá com cautela, porque o outro é o outro e você pode estar dormindo ao lado de um adversário. Ah, não peça para olhar o celular, nem faça perguntas. Se você perceber indiferença, saia fora, antes que o artigo 21 do Código Penal manche sua imagem na sociedade, porque por algum instante você pode se tornar um homicida. Ninguém, mas ninguém mesmo merece silêncio, desprezo e indiferença. Por isso, meu querido leitor, te deixei órfão nesse último mês. Perdoe-me, sou uma poetisa que admira o cais, mas a tempestade me levou para o alto mar.


    Fonte: O Autor
 
Por:  Luciana Maximo    |      Imprimir