Categoria Economia  Noticia Atualizada em 05-05-2009

UE admite maior gravidade da crise, mas prevê retomada em 20
A economia da Europa enfrenta uma crise muito mais grave do que era previsto até agora, mas não está mais "em queda livre"
UE admite maior gravidade da crise, mas prevê retomada em 20
Foto: AFP

Bruxelas, 4 mai (EFE).- A economia da Europa enfrenta uma crise muito mais grave do que era previsto até agora, mas não está mais "em queda livre", segundo a Comissão Europeia (órgão executivo da União Europeia), que ressalta que a recuperação deve começar ano que vem.

O executivo da UE revisou hoje para baixo suas previsões de crescimento econômico e estimou que o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro e do bloco europeu terá contração este ano de 4% (mais que o dobro em relação ao calculado há menos de quatro meses) e seguirá descendo 0,1% em 2010.

A Europa está "no meio da recessão mais profunda e ampla" desde a Segunda Guerra Mundial, disse o comissário de Assuntos Econômicos e Monetários europeu, Joaquín Almunia, que se mostrou convencido, no entanto, de que as medidas conjunturais adotadas pelos Governos permitirão que se inicie a recuperação já no próximo ano.

"Ninguém conseguiu pôr barreiras perante a crise", ressaltou Almunia, ao destacar que dos 27 membros da UE, apenas o Chipre escapará da recessão este ano, ao ter modesto crescimento de 0,3% no PIB.

Segundo ele, se destaca a forte deterioração da situação na Alemanha, maior economia do bloco, que passará da expansão de 1,3% em 2008, para queda de 5,4% em 2009.

Já o PIB francês terá baixa de 3%, enquanto o Reino Unido verá recuou de 3,8% e a Itália, de 4,4%.

Segundo analistas da UE, por trás desses números tão negativos está o agravamento da crise financeira, o colapso do comércio mundial - que prejudica especialmente as economias exportadoras - e a correção do setor imobiliário em vários Estados-membros.

Como consequência da forte queda de atividade e do aumento das despesas para combater a crise - a Comissão Europeia estima que as medidas extraordinárias iniciadas em 2009 e 2010 equivalem a 5% do PIB dos 27 membros - o déficit público subirá a 5,3% do PIB em média nos países de moeda única e 6% em toda UE.

Segundo números divulgados pelo bloco europeu, 20 Estados-membros - 12 da zona do euro - terão este ano um déficit superior a 3% do PIB, marca estabelecida pelo Pacto de Estabilidade.

A deterioração econômica também será notada no mercado de trabalho e, assim, a taxa de desemprego superará tanto nos países do euro como na UE a marca de 10% da população ativa.

O executivo da UE se esforçou para acompanhar essas negras previsões de certo otimismo e reiterou que a situação vai se estabilizar perto do final de ano, conforme forem se normalizando os mercados financeiros, se remonte a confiança dos investidores e comecem a atingir a economia real as medidas de estímulo econômico e de expansão monetária.

Embora ainda não haja dados para confirmar que o pior passou, "já não estamos em queda livre", destacou o comissário.

Para assegurar uma melhora, Almunia pediu aos países a rápida aplicação das medidas de reativação e a liberação aos bancos dos chamados "ativos tóxicos", assim como recapitalizações nos casos necessários, para garantir a restauração da confiança no setor financeiro.

Sobre a inflação, Bruxelas prevê que seguirá caindo nos próximos meses, para, no conjunto do ano, ficar em torno de 0,4% na zona do euro e em 0,9% na UE.

Em 2010, os preços subirão ligeiramente, e a média anual estará em torno de 1,2% em ambas as áreas.

Almunia afirmou que, embora a taxa de inflação anualizada possa chegar a ser negativa alguns meses, se trata de algo temporário, e deixou claro que "não há riscos sérios de deflação". EFE

UE admite maior gravidade da crise, mas prevê retomada em 2010.

Fonte: G1
 
Por:  Robson Souza Santos    |      Imprimir