Categoria Educação  Noticia Atualizada em 21-05-2009

Opinião: Distribuir livro com palavrões a escolas mostra descaso com a educação
Seleção de livros para escolas exige critério rigoroso
Opinião: Distribuir livro com palavrões a escolas mostra descaso com a educação
Foto: Arte G1

Ana Cássia Maturano

Na coluna anterior , falamos sobre um projeto bastante interessante do governo do estado de São Paulo – a Escola de Formação de Professores. Sem dúvida foi uma boa notícia. Essa semana, no entanto, tivemos uma outra, nada positiva, sobre os livros de leitura que têm sido distribuídos nas escolas da rede pública como material complementar para a alfabetização.

A Secretaria Estadual de Educação de São Paulo distribuiu, entre outros livros, um destinado a crianças de nove anos – "Dez na Área, Um na Banheira e Ninguém no Gol", com 11 histórias em quadrinhos (HQs) de vários autores sobre futebol, com conteúdo sexual, palavrões e referência ao PCC.

Destinado ao público adolescente e adulto, e não para crianças dessa faixa etária, não é um material adequado para as escolas, segundo um de seus autores – Caco Galhardo, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo.

Mas alguém da Secretaria achou que era adequado. Ou nem procurou saber. E quanto material vai para as escolas de qualquer jeito? A sorte é que esse passou pelo crivo dos coordenadores das instituições e foi barrado.

O governador José Serra disse que os responsáveis serão punidos. Não sei o que ele quer dizer com isso e se irá resolver alguma coisa. O que fica claro é que as pessoas que trabalham com a educação pública estão pouco envolvidas com ela ou não estão preparadas para ocuparem cargos de grande responsabilidade. Educação é coisa séria.

Os profissionais que trabalham nesta área deveriam ser altamente qualificados e receberem treinamento para estarem onde estão. Fica a dúvida: o quanto o selecionador dos livros entende de literatura infantil. E de literatura infantil adequada e de boa qualidade.

Pois o que parece é que bastou ser uma HQ para na visão dele já ser adequada. Ora, qualquer livro que vamos dar a uma criança deve ser pensado e analisado previamente. Não só quando falamos de escola. Os pais também devem conhecer uma obra antes de dá-la ao seu filho. Não é qualquer coisa feita para ela que é adequada. Toda e qualquer literatura passa valores. E nem todos estão de acordo com aqueles que desejamos para nossas crianças.
Tema não é problema

No caso dessa publicação que fala de sexo, o problema em si não é o tema. Há livros bem interessantes que abordam esse assunto numa linguagem adequada para as crianças. A questão é como ele é retratado – de maneira vulgar e com palavreado chulo.

O que será passado para os pequenos é justamente isso: que sexo é algo vulgar, que palavrão pode e deve ser dito e por aí vai. E algo que tem sido reclamado em relação aos alunos da rede pública é justamente que eles não têm educação. Caso livros assim forem dados a eles pela escola, esse tipo de linguagem será oficializado. Estimula-se aquilo que se pretende combater.

Como se vê, há muitos detalhes quando se fala em educação. Não basta dar livros, eles têm que ser de adequados para a faixa etária.

Esse fato deixa claro que o problema da educação não reside apenas na formação dos professores mas em toda sua estrutura. E disso vai depender a real valorização que será dada a ela, com medidas que priorizem a qualidade dos profissionais envolvidos em todos os seus setores.

(Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga)

Opinião: Distribuir livro com palavrões a escolas mostra descaso com a educação
Todo livro passa valores, que devem ser adequados à faixa etária.
Pais também devem conhecer obra antes de dá-la ao seu filho.

Fonte:

Acesse o G1

 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir