Categoria Geral  Noticia Atualizada em 26-05-2009

Coreia do Norte faz novo teste nuclear; ONU vai se reunir
A Coreia do Norte realizou nesta segunda-feira seu segundo teste nuclear, muito mais potente que o de 2006
Coreia do Norte faz novo teste nuclear; ONU vai se reunir
Foto: http://www.abril.com.br/

SEUL (Reuters) - A Coreia do Norte realizou nesta segunda-feira seu segundo teste nuclear, muito mais potente que o de 2006, levando o Conselho de Segurança da ONU a realizar uma reunião de emergência, mas provocando um abalo apenas momentâneo nos mercados.

O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, disse que a Coreia do Norte é "um perigo para o mundo", enquanto a Rússia avaliou que a explosão teve a mesma força da bomba atômica lançada pelos EUA contra Nagasaki, no Japão, ao final da 2a Guerra Mundial, em 1945.

A explosão de segunda-feira foi até 20 vezes mais potente que a primeira feita pelo país, há cerca de dois anos e meio, salientando o avanço do programa nuclear norte-coreano a despeito das negociações multilaterais para tentar contê-lo.

A comunidade internacional há anos usa uma mistura de sanções e ofertas de ajuda para negociar com Pyongyang. Analistas dizem que o teste aumentará a influência norte-coreana nesse processo.

O teste ocorre num momento de especulações de que o líder Kim Jong-il, supostamente vítima de um derrame no ano passado, estaria querendo reforçar seu controle sobre o poder de modo a assegurar melhor a sucessão para um dos seus três filhos.

O teste nuclear abalou os mercados sul-coreanos, já perturbados pelas preocupações internas, depois de o ex-presidente Roh Moo-hyun, suspeito de corrupção, ter cometido suicídio durante o fim de semana.

O principal índice da Bolsa de Seul chegou a cair mais de 6 por cento, refletindo temores de uma fuga de investidores.

Mas o declínio foi breve, e analistas dizem que os investidores já estão acostumados ao tom desafiador da Coreia do Norte, e que só devem entrar em pânico se efetivamente houver um conflito armado na península coreana, uma das áreas mais militarizadas do mundo.

Agravando ainda mais a tensão, a Coreia do Norte testou três mísseis de curto alcance pouco depois do teste nuclear, segundo a agência sul-coreana de notícias Yonhap.

"DISSUASíO NUCLEAR"

Os líderes da Coreia do Norte, já muito isolados internacionalmente, dizem repetidamente que a hostilidade dos Estados Unidos justifica os imensos gastos militares do regime comunista, apesar da grave situação econômica, que leva a fome para grande parte dos seus 23 milhões de habitantes.

A agência estatal de notícias KCNA disse que a Coreia do Norte "conduziu com sucesso mais um teste nuclear subterrâneo em 25 de maio, como parte das medidas para reforçar sua dissuasão nuclear de todas as formas."

O governo sul-coreano disse que Pyongyang notificou os EUA de antemão sobre o teste.

O primeiro teste nuclear norte-coreano, em outubro de 2006, foi considerado relativamente fraco, com cerca de 1 quiloton, sugerindo um problema no projeto.

A agência russa Itar-Tass disse que o novo teste foi de cerca de 20 quilotons, aproximadamente a mesma potência da segunda bomba atômica lançada pelos EUA contra o Japão em 1945.

A vizinha China, com a qual a Coreia do Norte tem certa afinidade política, se disse "resolutamente contrária" ao teste, refletindo uma preocupação de outros membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, que se reuniriam ainda na segunda-feira.

O presidente dos EUA, Barack Obama, apontou no teste "um motivo de grave preocupação para todas as nações", digno de atrair uma reação da comunidade internacional.

O chefe da diplomacia da União Europeia, Javier Solana, disse que o teste foi "irresponsável", mas, a exemplo de Obama, não citou eventuais medidas que poderiam ser tomadas.

"As ações da Coreia do Norte são mais para a audiência internacional, especialmente os Estados Unidos", disse Koh Yu-hwan, professor de estudos norte-coreanos da Universidade Dongguk, da Coreia do Sul.

"Elementos militares belicosos da liderança norte-coreana querem uma dissuasão nuclear mais forte e um status como potência nuclear antes de irem para a mesa de negociações com os EUA."

CHAMANDO A ATENÇíO

A Coreia do Norte há semanas ameaçava realizar o teste em resposta ao endurecimento das sanções internacionais, decidido depois de o país lançar um foguete, em abril, que supostamente violou a proibição da ONU a teste norte-coreanos com mísseis de longo alcance.

Por causa da reação àquele teste, a Coreia do Norte anunciou que abandonaria o processo internacional sobre o seu desarmamento, que inclui também EUA, China, Rússia, Japão e Coreia do Sul.

"O objetivo estratégico da Coreia do Norte não mudou. Esse objetivo é chamar a atenção do governo Obama, colocar a questão da Coreia do Norte num lugar mais alto da agenda", disse Xu Guangyu, pesquisador da Associação de Controle de Armas e Desarmamento da China.

Alguns analistas disseram também que o objetivo do teste pode ser reforçar o poder interno de Kim Jong-il.

Muitos dizem que o teste nuclear, contrariando a opinião pública mundial, poderia ajudar Kim a conseguir apoio de militares radicais para que um dos seus três filhos eventualmente o suceda. O atual dirigente já sucedeu ao seu pai, Kim Il-sung, nesta dinastia comunista.

"A Coreia do Norte só pode ser belicosa desta vez, porque o tempo está se esgotando para Kim Jong-il. Com a economia sombria, o sentimento do público norte-coreano pode ir contra a sucessão", disse Jang Cheol-hyeon, pesquisador do Instituto para a Estratégia de Segurança Nacional e ex-funcionário do regime norte-coreano.

(Reportagem adicional de Kim Junghyun, Rhee So-eui, Park Jongyoun, Marie-France Han, Jon Herskovitz, Miyoung Kim, Angela Moon, Kim Yeon-hee, Yoo Choonsik e Jack Kim em Seul, Chris Buckley em Pequim, Linda Sieg em Tóquio e Connor Humphries em Moscou)

Coreia do Norte faz novo teste nuclear; ONU vai se reunir

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Fonte: G1
 
Por:  Crispim José Silva    |      Imprimir