Categoria Tragédia  Noticia Atualizada em 03-06-2009

Destroços são encontrados
Restos de avião achados em alto-mar pela aeronave Hércules (à dir., ao fundo) serão trazidos à superfície por helicópteros BlackHawk (à frente).
Destroços são encontrados
Foto:EFE/Sebastiao Moreira

O governo brasileiro acredita ter encontrado a área em que supostamente caiu o Airbus A330 da Air France que decolou do Rio de Janeiro com 228 pessoas a bordo, no último domingo, e não chegou a Paris na manhã da segunda-feira. A aeronave teria se espatifado sobre a água a cerca de 700 quilômetros de Fernando de Noronha, perto do Arquipélago de São Pedro e São Paulo, a aproximadamente 1,3 mil quilômetros do Recife. A informação partiu do ministro da Defesa, Nelson Jobim, com base no mapeamento feito pelo avião Hércules, da Força Aérea Brasileira (FAB), ao meiodia de ontem. O aparelho rastreou cinco quilômetros de destroços - fios e objetos metálicos - de um modelo que, garantiu o ministro, pertenceriam ao Airbus francês. "Para esse efeito, já são suficientes os 5 km de materiais. Não há como supor que a maré tenha reunido tudo isso de material trazido da praia", frisou Jobim.

Com base na descoberta, o ministério definiu uma área de 9,5 mil quilômetros quadrados para concentrar as buscas. Navios da Marinha brasileira devem chegar ao trecho dos resquícios às 11h de hoje. Embarcações mercantes (duas holandesas e uma francesa) contatadas pelo Brasil já estão na região. O ministro Nelson Jobim também explicou como será feito o trabalho de remoção e avaliação dos destroços. O material recolhido das águas será transportado pelo navio Grajaú, saído de Natal, a uma faixa de 400 quilômetros do Arquipélago de Fernando de Noronha, para que seja apanhado por helicóptero Blackhawk e levado para terra firme - já que a autonomia de voo da aeronave é limitada a essa distância. Jobim adiantou que um inspetor da Polícia Federal (PF) foi escalado para avaliar os destroços retirados do mar. O trabalho será feito no Instituto de Medicina Legal (IML) do Recife. O ministro ponderou, no entanto, que a investigação sobre as causas do desaparecimento será assumida pelo governo francês, de acordo com a legislação internacional.

Mais cedo, no início da manhã, a Aeronáutica confirmou que uma aeronave C-130 havia encontrado poltronas de avião,pedaços brancos, tambor e vestígios de óleo e querosene em dois pontos sobre a água distantes 60 quilômetros um do outro. A área, de acordo com especialistas, possui uma profundidade de quase quatro mil metros - o que dificultaria a busca por vestígios e pela caixa-preta, elemento que contém toda a informação estatística do Airbus. Só será possível saber se o material pertence de fato ao A330 se os números de série dele baterem com o informado pela empresa. O governo brasileiro se recusou a falar na probabilidade de achar sobreviventes, embora as embarcações seguissem para o local municiados de botes salva-vidas.

Rastro de 5 quilômetros foi achado por avião

A profundidade e a formação de uma cordilheira meso-oceânica no trecho apontado pelas autoridades dificultam, mas não impedem que a caixa-preta seja achada e inspecionada. Ela é produzida para suportar pressões extremas, dizem especialistas. Até a seis quilômetros abaixo do mar seria possível fazer o resgate sem danos ao acessório. A busca, no entanto, deve ser conduzida por submarinos capazes de descer até o limite indicado. A história dos acidentes mostra que, em 1987, as gravações do South African Airways, caído no Oceano Índico a 4,2 mil metros de profundidade, foram recuperadas. Autoridades francesas consideram "escassas" as chances de encontrar sobreviventes. As causas para o acidente permanecem desconhecidas. O ministro Nelson Jobim confirmou, ontem, que o Airbus mandou mensagens de despressurização da cabine e, em seguida, alertas de que havia sido detectada uma pane elétrica na aeronave.

Destroços são encontrados

Restos de avião achados em alto-mar pela aeronave Hércules (à dir., ao fundo) serão trazidos à superfície por helicópteros BlackHawk (à frente). Anúncio da descoberta e do trabalho de buscas foi relatado pelo ministro Nelson Jobim


 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir