Categoria Tragédia  Noticia Atualizada em 04-06-2009

Destroços do avião da Air France começam a ser recolhidos
A placa marca o local a 650 km de onde os destroços do avião da Air France foram avistados no Atlântico, em Fernando de Noronha
Destroços do avião da Air France começam a ser recolhidos
Foto: AFP

BRASÍLIA (AFP) — Os detroços do avião da Air France que foram localizados no Atlântico começeram a ser recolhidos nesta quinta-feira, segundo a Aeronáutica, no quarto dia de buscas pela aeronave desaparecida sobre o Atlântico com 228 pessoas a bordo, enquanto o mistério sobre o sumiço da aeronave prossegue, com novas informações a cada dia.

"Hoje estamos trabalhando para recolher os destroços", explicou o brigadeiro Ramon Borges Cardoso.

"Ontem (quarta-feira) a preocupação era encontrar os corpos, hoje podemos colocar os dois trabalhos no mesmo nível de interesse", declarou.

"Caso sejam encontrados corpos de vítimas, toda a tarefa de recolher destroços do avião será interrompida imediatamente e se dará prioridade absoluta ao traslado dos corpos a terra firme. Esta logística já está montada", disse o brigadeiro.

"Os destroços do avião irão para a França, para o trabalho dos investigadores", completou o militar da Aeronáutica.

Quase 150 pessoas trabalham nas cidades de Recife, Natal e no arquipélago de Fernando de Noronha "nas áreas que foram designadas para as buscas", que "são de aproximadamente 6.000 km2" para esta quinta-feira, completou Cardoso.

O brigadeiro disse ainda que se houvesse sobreviventes do avião da Air France que caiu no Atlântico com 228 pessoas a bordo, estariam próximos dos destroços encontrados no mar.

As operações de resgate já delimitaram as áreas onde poderiam ser localizados, caso existissem, sobreviventes, segundo Cardoso.

"Nestes casos, temos helicópteros capazes de jogar para-quedistas com botes e equipes de sobrevivência", afirmou.

"As condições meteorológicas da área de busca estão com mar calmo e chuvas dispersas, que não impedem o voo das aeronaves", explicou o militar.

Diretores da Air France informaram aos familiares que esperam no aeroporto francês Charles de Gaulle notícias sobre as investigações que não há esperanças de encontrar sobreviventes.

O diretor geral da Air France, Pierre-Henri Gourgeon, e o presidente da companhia aérea, Jean-Cyril Spinetta, se reuniram com os parentes dos passageiros em um hotel próximo do aeroporto Charles de Gaulle na quarta-feira e informarma que "não há esperança de sobreviventes", segundo o porta-voz Guillaume Denoix de Saint-Marc.

Muitos familiares das 72 vítimas francesas do Airbus da Air France que caiu no Oceano Atlântico na segunda-feira permaneciam nos hotéis próximos ao aeroporto Charles de Gaulle com esperanças de receber notícias sobre os parentes.

A imprensa brasileira destaca nesta quinta-feira uma sequência de alertas que teriam sido enviados automaticamente pelo avião nos minutos anteriores à tragédia. Até o momento os alertas não foram confirmados pelas partes envolvidas.

Segundo o jornal O Globo, o avião emitiu um alerta de falha generalizada nos sistemas elétricos e de controle, e às 23H14 de domingo indicou velocidade vertical antes de desaparecer dos radares.

O Escritório de Investigação e Análise francês (BEA), responsável pelas investigações técnicas da tragédia, afirmou apenas que não faria comentários sobre a versão.

Já o jornal francês Le Monde, que cita fontes ligadas às investigações, afirma que o Airbus A330 da Air France voava a uma velocidade incorreta.

A Airbus, que construiu a aeronave que decolou do Rio de Janeiro no domingo com destino a Paris, deve publicar uma recomendação, com a autorização do BEA, destinada a todas as companhias aéreas que utilizam o A330, segundo o jornal.

A recomendação permitirá à empresa recordar que "no caso de condições meteorológicas difíceis, a tripulação deve conservar a potência dos motores e o ângulo correto para manter a aeronave na linha de voo", acrescenta o Le Monde.

Procurada pela AFP, a construtora aérea não comentou a notícia e afirmou que o BEA deve ser consultado.

"Cada vez que acontece um acidente, é imperativo que o construtor informe a todos os usuários do tipo de aeronave envolvido sobre eventuais procedimentos específicos a colocar em prática ou eventuais controles das aeronaves", afirmou à AFP uma fonte ligada à Airbus.

"Estes procedimentos são validados pelas autoridades a cargo das investigações de acidentes, neste caso preciso o BEA, e se chamam AIT (Accident Information Telexes)", completou a fonte.

Uma outra pista surgiu na Espanha, onde um piloto da companhia aérea Air Comet que fez o voo Lima-Madri na madrugada de segunda-feira afirmou ter visto um "forte e intenso lampejo de luz branca" na zona onde a aeronave pode ter caído.

O comandante do voo 974 da Air Comet redigiu um relatório no qual descreveu o que viu no momento e submeteu o mesmo à diretoria da companhia, a Air France e à Direção Geral Espanhola de Aviação Civil, segundo o jornal El Mundo.

"De repente, observamos ao longe um forte e intenso lampejo de luz branca que assumiu uma trajetória vertical que se desvaneceu em seis segundos", descreveu o piloto.

O co-piloto e uma passageira também foram testemunhas, segundo o jornal.

No momento, o avião da Air Comet estava em uma latitude de sete graus ao norte do Equador e a uma longitud de 49 graus ao oeste, enquanto o avião desaparecido, que cobria a rota Rio-Paris, estava no Equador e 30 graus ao oeste, acrescenta o El Mundo.

"Pela coincidência da hora e do local, ponho a seu conhecimento estes fatos caso sejam de utilidade no esclarecimento do ocorrido", afirma o piloto no relatório.

Segundo o jornal El Mundo, "o informe deste piloto coloca sobre a mesa uma das hipótesis citadas como causa do acidente: a explosão de uma bomba a bordo do avião".

No Brasil, um avião radar R99 manteve a operação noturna para tentar de identificar mais destroços do Airbus, com prioridade para a caixa-preta. Durante a manhã entraram em operação aviões Hércules C-130 brasileiros, um Orion P-3 americano e um Falcon 50 francês.

Dois navios da Marinha já operam nesta quinta-feira na região onde a Força Aérea identificou destroços do avião na quarta-feira, em uma área circular de 5 km de raio.

Para o ministro da Defesa, Nelson Jobim, a mancha de combustível no mar significa que é improvável a hipótese de fogo ou explosão.

A zona de busca foi limitada a um raio de 200 km a partir do último ponto de contato com o avião desaparecido.

A Air France divulgou na noite de quarta-feira os nomes de 53 dos 59 brasileiros que viajavam no voo AF-447, após receber a autorização dos familiares.

O voo AF 477 tinha 228 pessoas a bordo de 32 nacionalidades, incluindo 72 franceses e 59 brasileiros.

Destroços do avião da Air France começam a ser recolhidos.

A placa marca o local a 650 km de onde os destroços do avião da Air France foram avistados no Atlântico, em Fernando de Noronha.

Fonte: AFP
 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir