Categoria Politica  Noticia Atualizada em 10-06-2009

Na eleição iraniana, abaixo Ahmadinejad
Mousavi tem forte apoio dos jovens
Na eleição iraniana, abaixo Ahmadinejad
Foto: AP

Caio Blinder

NOVA YORK- Abaixo o que sobrou de pretensão da objetividade jornalística. Então, vamos lá: abaixo Mahmoud Ahmadinejad. No brado de guerra eleitoral de tom obamista, talvez eles possam. Quem sabe, os eleitores iranianos prestem um favor à humanidade e botem Ahmadinejad para fora na eleição presidencial, cujo primeiro turno acontece nesta sexta-feira.

O Irã é um país esquisito e as emoções políticas dos últimos dias mostram que existe um espaço democrático 30 anos depois da revolução xiita. Jovens cínicos e cansados das patrulhas moralistas do regime decidiram se mobilizar e mesmo gente mais conservadora calculou que basta.

Dentro da elite, existe uma movimentação conspiratória para se livrar de Ahmadinejad, do seu desastre econômico, de sua sem-vergonhice diplomática e de sandices como negar o Holocausto. Para salvar o sistema, é preciso trocar o governo. Os mais alarmistas advertem ser preciso impedir que o Irã, uma nobre civilização, descambe em Coréia do Norte.

Quanto a nós que entoamos "abaixo Ahmadinejad", precisamos conter o entusiasmo. Não podemos minimizar o homenzinho. Com sua política clientelista (distribuição de promessas, de dinheiro e de batatas), ele tem uma base, especialmente na área rural. Fraude também pode ajudá-lo.

Tampouco, pode haver ilusões. Ahmadinejad é um peão no xadrez. Quem manda no jogo é o líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, que parece apoiar o presidente no seu lance de reeleição, mas também se prepara para um cenário de mudanças. Isto quer dizer que há uma nova dinâmica no tabuleiro e o voto útil merece ser canalizado para Mir-Hossein Mousavi, que se apresenta como reformista (embora não seja tanto assim), mas outro candidato na sua banda, Mehdi Karroubi, pode estragar a festa, dividir o voto e beneficiar Ahamedinejad.

A rigor, existe um realinhamento. Não temos mais as divisões tradicionais entre conservadores e reformistas. Os rótulos mais apropriados são radicais (como Ahmadinejad) e pragmáticos (o resto). Infelizmente, o projeto nuclear continua sendo um rótulo de todos os candidatos, que atuam dentro do perímetro fixado pela revolução xiita. Em comum também, todos trocam acusações de corrupção.

De qualquer forma, no oportunismo dos ratos abandonando o navio, até o linha-dura Mohsen Rezai veste uma fantasia de meio reformista. Incrível, mas ele acusa Ahmadinejad de prejudicar os interesses iranianos com seus comentários sobre o Holocausto e varrer Israel do mapa. Imagine, é o mesmo Rezai procurado pela Interpol por alegações de que ajudou a planejar o atentado contra o centro comunitário judaico em Buenos Aires, em 1994, que provocou 85 mortes. Na época, Rezai estava à frente das Guardas Revolucionárias.

Tudo bem. Até ele pode ser útil se roubar votos de Ahmadinejad no primeiro turno, garantindo um segundo com a presença de Mousavi.

Na eleição iraniana, abaixo Ahmadinejad.

Mousavi tem forte apoio dos jovens.

Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br
 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir