Categoria Politica  Noticia Atualizada em 10-06-2009

Não pedi a nomeação do meu neto no Senado, diz Sarney
Neto de Sarney recebia salário de R$ 7,6 mil
Não pedi a nomeação do meu neto no Senado, diz Sarney
Foto: Ed Ferreira/AE

Rosa Costa

BRASÍLIA - Ao chegar na manhã desta quarta-feira, 10, ao Senado, o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), não explicou porque a exoneração de seu neto João Fernando Michels Gonçalves Sarney, de 22 anos, do gabinete do senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA), no ano passado, ocorreu através de um boletim secreto, conforme revela reportagem publicada nesta quarta no Estado. Na época, em outubro de 2008, o Senado tentava atender a determinação da súmula contra o nepotismo do Supremo Tribunal Federal (STF). Por um ano e oito meses, João foi secretário parlamentar, função que dá direito a salário mensal de R$ 7,6 mil.

Sarney exibiu apenas o boletim do dia 1º de fevereiro de 2007, em que aparece a nomeação de João Fernando. A iniciativa de publicar os atos sigilosos partiu da primeira secretaria do Senado, mas o presidente da Casa disse ter sido ele quem mandou publicar "todos os boletins que não foram publicados ao longo do tempo".

O presidente do Senado disse ainda que a nomeação do neto não passou por ele, tendo sido tratada exclusivamente por Cafeteira e pelo jovem. "Foi ele (Cafeteira) quem escolheu. Foi ele quem nomeou. E o que posso afirmar é que eu não pedi a ele a nomeação do meu neto para participar do seu gabinete. Vocês podem perguntar a ele se é verdade ou não", disse. João Fernando trabalhou como secretário parlamentar de 1ºde fevereiro de 2007 a 3 de outubro do ano passado no gabinete de Cafeteira.

Segundo a reportagem do Estado, atos administrativos secretos foram usados para nomear parentes, amigos, criar cargos e aumentar salários. Levantamento feito por técnicos do Senado nos últimos 45 dias, a pedido da primeira-secretaria, detectou cerca de 300 decisões que não foram publicadas, muitas adotadas há mais de 10 anos. Essas medidas entraram em vigor, gerando gastos desnecessários e suspeitas da existência de funcionários fantasmas.

O Estado teve acesso a esses atos secretos, que, após o início da investigação interna, começaram a sair como "boletins suplementares", inseridos nos respectivos meses a que se referem, com data da época. Na relação, aparecem as nomeações da ex-mulher do deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS) na Advocacia-Geral e da ex-presidente da Câmara Municipal de Murici, cidade cujo prefeito é filho do hoje líder do PMDB, Renan Calheiros (AL).

Não pedi a nomeação do meu neto no Senado, diz Sarney
Reportagem do "Estado" revela a existência de atos secretos que beneficiaram neto do presidente da Casa

Fonte: www.estadao.com.br
 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir