Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 12-06-2009

ASTRONOMIA: 400 ANOS DE EVOLUÇíO
O tema Astronomia quando citado leva-nos a pensar em algo distante e só possível de enxergar...
ASTRONOMIA: 400 ANOS DE EVOLUÇíO

"A Matemática é o alfabeto com o qual Deus escreveu o Universo".
Galileu Galilei

O tema Astronomia quando citado leva-nos a pensar em algo distante e só possível de enxergar através de lunetas ou telescópios. É aí que nos enganamos, pois esta ciência está aí diante de nós a todo o momento de dia ou de noite nas quatro estações do ano, ou seja, a um passo do homem, ou melhor, a um olhar mais atento. E este ano 2009 é comemorado em todo o mundo o Ano Internacional da Astronomia, pois a exatos 400 anos atrás um ato de curiosidade com um pouco de insatisfação revolucionou a história e proporcionou-nos a tecnologia atual. Não se engane se Galileu Galilei (1564-1642) não arregaçasse as mangas para o tema talvez não teríamos hoje nem um computador para ler escrever textos como esse, muito menos Internet para comentá-los. Creio eu que estaríamos em relação à hoje atrasados algumas décadas, quem sabe centenas de anos.

A curiosidade acerca da astronomia já acontecia desde os primórdios da humanidade, temos várias provas disso por todo o mundo como no sítio arqueológico de Stonehenge na Inglaterra onde existem pedras dispostas em circulo até hoje. Acredita-se tratar de um gigantesco instrumento astronômico, um calendário que ajudava os celtas (povo da época) a marcar o percurso do sol ao longo do ano. Há também registros de relógios de sol construídos pelos incas, maias e astecas. Mas foi no século XVI que um notável físico, matemático e astrônomo nascido em Pisa na Itália, chamado Galileu Galilei observava os astros maravilhados, criados por Deus como a Lua, o Sol, as estrelas entre outros. A inspiração deste cientista baseou-se principalmente nos escritos deixados por Nicolau Copérnico e na coragem de Giordano Bruno que morrera queimado na Fogueira da Inquisição por afirmar na época que o Sol era o centro do Universo e não a Terra, como era pregada e defendida pela igreja.

Galileu em 1809 fez pela primeira vez o uso astronômico de uma luneta (que já havia sido inventada como arma de guerra) deixando a ignorância bélica de lado, ele simplesmente apontou este objeto para cima em direção a Lua e o que viu mudou completamente a concepção ensinada erroneamente por Aristóteles 1800 anos antes e adotada como verdade pela igreja.

Ao observar as montanhas e crateras na lua Galileu sentiu-se uma criança com um brinquedo novo e fez questão de mostrá-lo a todos e dessa forma incomodou aos membros do clero (pois se tudo foi criado por Deus logo tudo deveria ser perfeito e não cheio de "buracos" como na lua, dessa forma havia imperfeição na criação divina). Há alguns relatos de que ele teria feito experimentos na Torre de Pisa lançando lá de cima pesos de tamanhos diferentes e provando que os dois chegariam ao mesmo tempo no chão. Mas não parou por aí, e descobriu que no sol havia manchas escuras denominadas manchas solares, é bem verdade que quase ficou cego apontando a luneta para o "astro rei". E num golpe de competência e indignação por conta dos ensinamentos falsos da igreja ao povo leigo e sofredor das imposições clericais, Galileu apontou sua simples luneta para uma "estrela errante" que mudava de posição no céu periodicamente, tratava-se do planeta Vênus (bem visível por nós aqui no hemisfério sul durante o verão ao entardecer como uma estrela de brilho muito forte no crepúsculo e ao amanhecer conhecida como estrela-d’alva) após essa observação de Vênus e suas fases, Galileu tinha certeza que não era o sol e os outros astros que giravam em volta da Terra e sim o contrário.

Galileu Galilei em 1610 aos 46 anos publicou o livro Sidereus Nuncius reafirmando o que Copérnico havia dito, que a Terra não era o centro do Universo e sim o Sol. Esse gênio da astronomia observou também outra estrela errante ao longo do ano e deparou-se com o planeta Júpiter o maior do sistema solar, rodeado por suas quatro Luas e as nomeou de Io, Europa, Ganimedes e Calisto (hoje com telescópios avançados sabemos que existem em Júpiter mais de 60 luas).

De acordo com o clero em 1633, Galileu tornou-se herege, foi contra Deus e deveria ser queimado em praça pública na Fogueira da Inquisição. Por ser estudioso e influente teve uma chance de não morrer, deveria abjurar (renunciar publicamente a uma religião ou crença), Galileu oficialmente negou absolutamente tudo que havia escrito e descoberto, para não acabar na fogueira como Giordano Bruno.

Um homem com o respaldo da matemática, fatos e da prova ocular teve de negar e afirmar que era tudo mentira. Alguns dizem que após negar suas descobertas Galileu balbuciou em francês "E pur, si muove" (E, no entanto ela se move) e nessa frase deixou nas entrelinhas o que sabemos hoje, que a Terra se move e não é o centro do universo tampouco do sistema solar.

Embora a "Santa Inquisição" lhe tivesse poupado a vida, foi obrigado a viver em prisão domiciliar, mas nem por isso parou de fazer suas observações e anotações deixando-nos uma lição da importância da persistência em seus objetivos e acima de tudo estudar e buscar o conhecimento, afinal foram os estudos de Galileu e um pouco de cautela que "salvaram sua pele".

Nosso cientista italiano morreu em sua casa em Florença e só foi enterrado como cristão 95 anos depois de sua morte junto a grandes nomes como Michelangelo, Machiavel e outros grandes nomes italianos. Só em 1992 o Vaticano através do Papa João Paulo II se retratou pedindo desculpas ao tratamento com Galileu, que acabou rindo por último, pois sua obra espalhou-se pela Europa acelerando a revolução científica que de muitas formas tem trazido inúmeros benefícios ao homem moderno tão acostumado a rapidez e conforto proporcionado pela tecnologia.

De acordo com LOPES, 2003 a importância da Astronomia na história das civilizações humanas, sua relação direta com o início e existência da vida na Terra e talvez fora dela e os processos químicos envolvidos, podem ser motivadores para projetos interdisciplinares, contextualizando os conteúdos ensinados.

Dessa forma tenho trabalhado e enfatizado em todas as escolas que leciono a Astronomia através da OBA (Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica), e dessa forma proponho utilizar a OBA como Recurso Pedagógico e Motivação Discente (do aluno).

A meu ver muitos mitos foram e são ensinados aos alunos e pouca verdade é informada. Com o auxílio da OBA muitas crianças têm se fascinado pela astronomia questionando inclusive alguns erros grotescos nos livros didáticos que não davam tanta importância a essa ciência que instiga, encanta e abre caminhos para uma alfabetização científica.

A proposta de utilização da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) como Recurso Pedagógico e Motivação Discente, busca aproximar o aluno desta ciência e apontar-lhe as vantagens no investimento em pesquisas antes destacadas apenas em telejornais, visto os inúmeros benefícios que o simples apontar de uma luneta ao céu a 400 anos atrás abriu-nos as portas à busca do conhecimento e conseqüentemente conduziu-nos a tecnologias inovadoras.

Fonte: O Autor
 
Por:  Carlos Junior Xavier da Cruz    |      Imprimir