Categoria Politica  Noticia Atualizada em 18-06-2009

Grupo pede demissão de diretor-geral para moralizar Senado
José Sarney durante pronunciamento na terça-feira
Grupo pede demissão de diretor-geral para moralizar Senado
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

MARINA MELLO

Um grupo de senadores sugeriu nesta quarta-feira a demissão imediata do diretor-geral do Senado, Alexandre Gazineo, e de toda a diretoria da Casa. Segundo o grupo, que fechou também uma lista com algumas exigências no intuito de moralizar o Senado, a demissão da direção é essencial por que as denúncias relacionadas aos atos secretos afirmam que tudo teria ocorrido nos últimos 10 ou 15 anos, período em que foi mantida boa parte dos funcionários. A iniciativa do grupo gerou polêmica e bate-boca no Plenário.

Desde que José Sarney (PMDB-AP) assumiu a presidência do Senado, em fevereiro, vieram à tona diversas denúncias, como o pagamento de horas extras no período de recesso parlamentar e a publicação de atos secretos para a contratação de funcionários, entre eles parentes de Sarney. Ontem, o presidente da Casa rebateu as denúncias e afirmou que seu nome nunca foi citado em atos ilegais. Entretanto não apresentou medidas a serem tomadas para apurar as acusações ou punir os culpados.

O grupo de senadores sugere que a indicação do novo diretor-geral seja referendada pelo Plenário do Senado na forma de projeto de resolução. O novo diretor terá que apresentar uma proposta de reforma administrativa, estabelecendo uma meta de redução de pessoal e a suspensão de novas contratações.

Os senadores pedem ainda a eliminação de vantagens acessórias inerentes ao mandato parlamentar e a realização de reunião ordinária mensal do Plenário para estabelecer a pauta de votações do período seguinte.

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que integra o grupo, explica que a idéia é distribuir a lista de sugestões moralizadas entre os senadores para coletar assinaturas e submeter o documento à mesa diretora.

Na visão dele, o próprio presidente Sarney não deverá se opor às mudanças."Hoje há uma ânsia muito grande por isso tudo aqui dentro. Acredito que até o presidente vai querer assinar", disse.

Buarque ressalta que o grupo não vai pedir nada relacionado ao afastamento de Sarney da presidência. "Esse não é o caminho, o melhor caminho é chegar a dizer "presidente, o que temos para recuperar a imagem é isso o que está aqui", essa é a nossa idéia", disse.

Crítico ferrenho de Sarney, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que também integra o grupo, acredita que a solução não está no afastamento do presidente. "Para mim ele ficar ou não é irrelevante. Ele já foi eleito, eu não votei e não votaria nele. Eu disse o que pensava que iria acontecer caso ele fosse eleito. O Senado iria se transformar num grande Maranhão, preciso dizer mais? Se eu avançar daí vai pro campo pessoal", disse.

Também integram o grupo os senadores: Renato Casagrande, Demóstenes Torres (DEM-GO), Sérgio Guerra (PSDB-PE) e Tasso Jereissati (PSDDB-CE), entre outros.

Sugestões geram discussão
As sugestões moralizadoras e de demissão da direção do Senado geraram discussão no Plenário da Casa. Depois que o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) falou sobre a importância de o Senado fazer pazes com a opinião pública, Wellington Salgado (PMDB-RJ) criticou a idéia e saiu em defesa de Sarney.

Na visão de Salgado, os funcionários do Senado não podem pagar pela crise perdendo seus cargos como sugerem alguns senadores. "Se tem culpa, é do Senado. Esta história de colocar um nome mais poderoso que um senador, é mentira. Poderoso é o presidente, que nós o elegemos. Não há decisão que não passe pelo colégio de líderes e pela mesa", disse.

O senador ainda deu a entender que a crise tinha como pano de fundo a insatisfação de alguns com a derrota do senador Tião Viana (PT-AC) para Sarney nas últimas eleições. "Vivemos aqui um teatro, um grande teatro. É uma lua de mel com a derrota, quem perdeu continua vivendo com a derrota", disse.

Jereissati então pediu a palavra para responder que Salgado que é suplente de senador, ou seja, só assumiu o Senado porque o atual ministro das Comunicações, Hélio Costa, deixou o cargo para assumir a pasta.

"Quem nunca disputou eleição, pense três vezes antes de falar em opinião pública. Há muito desconforto entre os senadores. Quem nunca disputou eleição na vida, não está na mesma situação de quem disputou. Minha vida, do senador Suplicy, do senador Cristovam, é relacionada à opinião pública", disse.

Grupo pede demissão de diretor-geral para moralizar Senado.

José Sarney durante pronunciamento na terça-feira.

Fonte: http://noticias.terra.com.br
 
Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir