Categoria Politica  Noticia Atualizada em 21-06-2009

Apesar de críticas, população vai às urnas no 2º turno Tudo Sobre Zimbábue
Eleitor mostra cédula do 2º turno do pleito no Zimbábue, que traz as fotos dos candidatos Robert Mugabe, atual ditador, e de Tsvangirai, da oposição
Apesar de críticas, população vai às urnas no 2º turno  Tudo Sobre Zimbábue
Foto: AP

da Folha Online

A população do Zimbábue vai às urnas nesta sexta-feira para votar no segundo turno das eleições presidenciais, cujo único candidato é o ditador Robert Mugabe, apesar da ampla condenação da oposição e da comunidade internacional à realização do pleito.

Mugabe, que está há 28 anos no poder, tornou-se o único candidato depois que o líder do partido de oposição Movimento pela Mudança Democrática (MDC, na sigla em inglês), anunciou sua saída da corrida, há seis dias, devido à violência e a intimidação.
Tsvangirai pediu que os zimbabuanos vão às urnas porque suas vidas estão em perigo. "O resultado [da votação] não será reconhecido mundialmente. Não importa o que vocês sejam forçados a fazer, nós sabemos o que está nos corações de vocês. Não arrisquem suas vidas. A vitória do povo pode ser adiada, mas não será contida", disse ele em um comunicado.

O MDC afirmou que membros da União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Patriótica (Zanu-PF) irão forçar a população a votar, principalmente nas áreas rurais, onde Mugabe foi derrotado no primeiro turno, ocorrido em 29 de março. Tsvangirai afirma ter ganhado da votação, mas não obteve os 50% mais um voto para garantir a vitória no primeiro turno.

Mugabe, 84, levou o Zimbábue --que era uma nação próspera-- a uma grave crise econômia e hiperinflação, desemprego em torno de 80%, além de falta de alimentos e de combustíveis.

A votação desta sexta-feira foi amplamente condenada dentro e fora da África.

Ministros de Relações Exteriores da União Africana (UA) discutiram o Zimbábue em um encontro no balneário egípcio de Sharm el Sheikh. "Eu acredito que não iremos aceitar o resultado, mas ainda estamos discutindo", disse um dos ministros à Associated Press.

Um comitê de segurança da Comunidade de Desenvolvimento do Sul da África (SADC, na sigla em inglês) pediu nesta semana que a votação fosse adiada, dizendo que a reeleição de Mugabe pode fazer com que ele perca sua legitimidade como líder do Zimbábue.

Votação

A votação começou às 2h de Brasília e o comparecimento às urnas foi baixo na capital Harare, ao contrário da votação de março, onde a população formou filas para votar.

No subúrbio de Greendale, muitos faziam fila para comprar pão em um shopping center, mas apenas cerca de dez pessoas estavam no posto de votação local. "Preciso conseguir comida primeiro, e depois talvez eu possa ir votar. Eu ouvi dizer que quem não for pode ter problemas", disse o desempregado Tito Kudya, que aguardava na fila para comprar pão.

Um senhor de meia-idade que aguardava um ônibus se recusou a comentar a política. "A língua pode custar seus dentes", disse ele à Reuters, acrescentando que iria votar.

"Eu espero que isso signifique que os problemas irão embora", afirmou ele.

Ditadura

Analistas afirmam que Mugabe manteve a votação para tentar se manter no poder e se fortalecer caso seja forçado a negociar com Tsvangirai.

Mugabe diz que irá dialogar com o MDC, mas que não cederá às pressões.

Um grupo de observadores locais anunciou que seus membros foram intimidados por partidários de governo, e que não atuariam na votação desta sexta-feira.

Autoridades eleitorais do Zimbábue destacaram milhares de policiais para garantir a segurança dos mais de 8.000 postos eleitorais.

A polícia bloqueou várias ruas na região da capital Harare, e as folgas de policiais foram suspensas.

Segundo o MDC, cerca de 90% de seus partidários morreram na violência, que eles atribuem aos seguidores do ZANU-PF.

Mugabe acusa a oposição de ser responsável pela violência.

com Associated Press

Apesar de críticas, população vai às urnas no 2º turno no Zimbábue


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Por:  Crispim José Silva    |      Imprimir